segunda-feira, 23 de maio de 2016

cultura em modo rambóia - PARTE VII

vamos aos Jerónimos!
uau!... senti-me... esmagada! tão pequena, tão insignificante perante uma arquitectura tão forte! os claustros, o jardim... aquele  estilo tão nacional (manuelino) é de ter orgulho em ser português.
senti-me verdadeiramente esmagada e absorvida por todo um misticismo que está tão ao nosso alcance que é difícil ser-se distraído ou querer abstrair. sei que me repeti mas é difícil não o fazer.
brincámos ao esconde-esconde e eu-sou-a-mais-gira, nas colunas, as nossas risadas ecoaram nos claustros.
entrámos no refeitório onde tinha em exposição alguns dos monumentos mais notáveis; os azulejos são de um encanto e típicos: amarelo e azul com motivos da vida religiosa do Novo e do Velho Testamento; há aquilo que eu penso ter sido uma lareira e um lavatório...? 
a caminho da Sala do Capítulo estão os restos mortais, trasladados em 1985, de Fernando Pessoa, Aquele poeta (para mim). com um portal majestoso e três séculos de diferença do seu interior, o principal objectivo era a reunião dos monges, após a missa, aos domingos.  entrámos. no meio, o túmulo de Alexandre Herculano e, em torno de si, uma exposição sobre a vida e obra do historiador/romancista embora sem o baldaquino pareça apenas... simples - não tenho outra palavra para descrever. na mesma exposição existe uma planta da sala com a descrição do que contém: portanto, a meio, a arca tumular de Alexandre Herculano, nos quatro cantos da sala estão os restos mortais de Almeida Garrett, Vasco da Gama, Luís Vaz de Camões e o Infante D. Henrique se bem que, tinha a idéia que eram os de Teófilo de Braga... saímos. 
à nossa esquerda surgiu uma entrada. disse-lhes que subissem para lhes tirar uma foto qual menina à janela! e assim foi. a M. com os seus cabelos loiros, esplendorosa como sempre!, o sorriso discreto da S., a alegria no rosto da S.A., tentei que nada me escapasse. juntei-me a elas, não sem antes, deixar de espreitar pela fechadura da imponente porta de madeira e fechadura grande e preta - ah! é a igreja! 
muita risota, algumas selfies, disparates a monte - é a regra número um! as escadas davam para o coro-alto. 
aqui os monges dispendiam de sete horas de oração fosse em canto, reza ou recitando. a S. contou que aquela disposição de cadeiras (Cadeiral) era a zona onde isso acontecia quer fosse de pé ou sentados, apoiados nas misericórdias, umas peças salientes colocadas por baixo do assento de cada uma. acima velam alguns apóstolos e santos. perdi-me nuns pormenores do candelabro e fiquei a observar o Cristo Crucificado, construído em madeira, oferta do Infante D. Luís em 1551. saímos.
à nossa frente, um espaço com varandins, cheios de gárgulas... uma porta aberta permitia o acesso a outra exposição, agora cronológica desde o princípio da nossa história em paralelo com o resto do Mundo até aos nossos dias; vigilantes estavam alguns dos nossos reis com o mínimo de dados biográficos.
como uma senhora resolveu mandar-nos sair porque o Mosteiro ia fechar, resignadas, descemos. agradecemos e entrámos na igreja. 
... nem sei por onde começar! é uma repetição mas a verdade é que o sentimento é sempre o mesmo: de fascínio e esmagador ao mesmo tempo! passado o pano vermelho da entrada, ao nosso lado direito a pia baptismal, do lado esquerdo a capela do senhor deitado. o brilho da talha dourada é apaixonante ... uma voz surge atrás
de mim, falando baixo quase um segredo. quer tirar uma foto diferente? claro! nem disfarcei o entusiasmo! olhe aqui, nesta coluna. uma mão. há pelo menos três mãos. eu ainda só encontrei duas. a outra está ali mais à frente. questionei a razão daquelas mãos estarem ali, não se sabe bem... há quem diga que o escultor quis deixar a marca do seu trabalho, uma assinatura. no google encontrei a designação: "mãos de Deus" e eram parte de um ritual de iniciação dos jovens navegadores que consistia na sua procura e em tocá-las.
pedi para ir até ao altar mas como não ficávamos para a missa o acesso foi negado. estivemos as quatro a observar as colunas atentamente aqui e ali e até onde a vista alcançava. são quase seis e meia da tarde... é hora do terço, disse uma delas... dez minutos depois concordámos em ficar para a missa. eu nunca tinha rezado o terço. e achei que a cerimónia deveria ser mais tocante que as habituais, na nossa terra. as velhinhas, maioria de luto, rezavam e nós fomos acompanhando com maior ou menor dificuldade. 
19h05 o senhor padre entrou na igreja com uma estola vermelho-escarlate que além de reforçar o poder que possui é também símbolo do tempo litúrgico. a missa foi... diferente. o senhor padre iniciou a cerimónia com uma transcrição em gregoriano, que não soube interpretar... o ambiente era pesado... a pouca iluminação da igreja parecia querer reforçar o peso da nossa consciência, que no fundo, é por isso que lá vamos, na esperança de...  bem, não vamos entrar por este tema.
todavia, esperava algo mais intenso, com outro encanto. o carrilhão não foi usado... e era também uma missa de sétimo dia... e nas missas já não se dá beijinhos!!!
no fim da missa procurámos o sr. R. não só para
nos despedir-nos como também nos desculpar-nos pela travessia da corda sem a sua autorização, é certo que o tínhamos procurado mas ele tinha-se ausentado. ele sorrio. um sorriso que não sei se foi inesperado, se tímido mas pelo menos verdadeiro foi. ainda nos mostrou a beleza de um vitral. eu já o tinha admirado mas ver uma coisa pelos olhos de outra pessoa tem o seu quê de especial. o senhor ainda nos contou que ali fizera todos os sacramentos inclusive o baptismo dos dois filhos.
e eis senão quando... o entusiasmo da M. ataca! podemos tirar uma foto consigo?! ela (eu) tem um blogue!! penso que ele ainda hesitou mas quatro mulheres a olhar para ele é muita pressão. não me rio!... fico sempre assim nas fotos. eu acho que ficou muito bem, sr. R. e, além disso, não resistiu a rir do nome do blogue! ainda bem. 
foto de M.

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