domingo, 15 de maio de 2016

57ª Caminhada Trilhos do Mar: Da Costa d'África à Quinta da Moita Longa

água. lanche... vou à praça e compro umas bolachinhas integrais da Rita, iogurtes, kit primeiros socorros, máquina fotográfica, bateria e cartão de memória, está tudo!

pequeno-almoço: papas de aveia com canela, bagas de goji, framboesas e meio quadrado de chocolate preto 70% com vestígios de framboesas também; chá de rooibos.
o dia estava meio indeciso, ora sol ora umas nuvens acinzentadas, mas vá que não choveu e o sol ainda nos presenteou uns momentos simpáticos apesar do vento.
cheguei à Lourinhã... bolas!! não trouxe a máquina. como é que é possível?! tudo ao lado umas coisas das outras!!! caramba!!!
valeu-me que a A. tinha uma máquina e emprestou-ma já que a bateria do meu telemóvel estava a meio e não queria arriscar a esgotá-la...
umas fotos aqui, outras ali, a menina D., líder do grupo dinâmico pela iniciativa da Liga Um Dia Pela Vida, lá nos emoldurou a mim, à R. e à L. é sempre gratificante fazer o bem por pequena que seja acção e, às vezes, ou melhor, em raras vezes, um pouco de vaidade não fica mal. muito fotogénicas, as três.
foto de DMC
tinha pensado num determinado percurso. conheço minimamente a zona, morei ali perto uns simpáticos dezanove anos, quatro deles fiz a escola primária... tinha alguma idéia do que poderia ser e não foi. 
saímos do jardim da N. S. dos Anjos em direcção ao percurso pedestre do outro lado do rio em direcção ao Vale Geões. desconhecia a estrada de terra batida atrás da escola agrícola e, uma vez mais, foi uma pena ver aquela instituição assim: abandonada. (houve um dia que lhe  fiz uma incursão e fotografei uns quantos metros quadrados; uma pena...), passámos pela escola secundária e depois pela instituição dos bombeiros voluntários. cortámos à esquerda num percurso totalmente tapado pelas ervas molhadas do orvalho da noite ou de algum borriceiro que pudesse ter passado antes de nós; também havia alguma lama, algum charco aqui e ali. 
e constato que no meio de todo aquele verde vivo que a natureza nos oferece de mão beijada nós oferecemos à vida as melhores cores possíveis: amarelo, laranja, rosa, castanho, azul... cada uma dos cento e cinquenta caminheiros de hoje. o muito ou o pouco é tão relativo. um sorriso é apenas um jogo de movimentos entre músculos faciais ou não. uma piscadela de olho é muito mais que um cisco que entrou ou não. um dia pela vida deve sê-lo todos os dias...
mas regressando à nossa caminhada... dizia eu que a natureza nos oferece toda uma vitalidade surpreendente: no contraste do verde, as flores campestres começam a mostrar o expoente máximo da sua cor: as roxas fazem corar as papoilas, as amarelas competem com o sol, as brancas irradiam singeleza; as árvores estão vaidosas com as flores que darão frutos, entre as caneiras ouvem-se as águas a arrastar a areia com elas e as rãs coaxam, escondidas.
os campos agrícolas estão bonitos de se ver, replectos de cultura: trigo, batatas, couves, hortaliças, vinha... uma bananeira também promete a chegada de bananas, se são doces é que já não posso dizer... há quantos anos eu não passava aqui...
os lavadouros do Toxofal de Baixo estão secos e o caminho que o guia escolheu até ao Toxofal de Cima é tal e qual um caminho de cabras. com alguma pena minha não passámos em frente à minha escola primária, tão recatada...
encontrámos a estrada de alcatrão e seguimos rumo à Quinta da Moita Longa.
olha... a casa da professora Margarida... muito recatada, a casa, a professora também o há-de ser, julgo - não sei. pequenina, creme, de riscas castanhas. ainda tem os mesmo vasos de cimento com cactos no muro...
fizemos uma paragem no largo da aldeia entre ruínas daquilo que havera sido uma pequena quinta e uma casa de habitação, a maioria das casas estão abandonadas - crianças da aldeia que se tornaram adultos da cidade - e de frente ao fontanário, uma bela casa senhorial. lembro-me dela desde sempre, não conheço os donos, o meu pai decerto que sim. a malta comeu, bebeu e seguiu. 

a relva é tão verde... 
e que serão aqueles aros de tijolo no muro?! 
a quinta é enorme...
o caminho ainda é longe...
há muitas árvores.


já não encontrei a quinta como a conhecia ou como a recordava. o branco era mais branco e a relva mais verde... agora tem muitas mesclas amareladas pelo meio... descobri a cascata e apercebi-me que a igreja ou capela dos azulejos azuis data de 1696! ainda tem uma outra igreja mas não a fotografei, por acaso. estão ambas fechadas. a quinta mantém a sua magnitude e, soube, há umas semanas, que um dos herdeiros publicou um livro sobre a mesma, Quinto Império, Testemunhos de uma História Verídica. estou fascinada com a magia de um hipotético tesouro entre a construção... respira-se História e Tempo enquanto se está ali. um dos herdeiros passou por nós. não me conheceu. uma porta, aberta, de madeira, bem azul, convidava-nos a entrar... ninguém ousou.

conheci a quinta num dia em que a senhora professora resolveu levar-nos lá, não me recordo a que propósito; fui tomando consciência da sua arquitectura quando ia com o meu pai lá, de vez em quando.
fizemos o mesmo caminho de regresso até à estrada de alcatrão até tomarmos caminho por outro de cabras. neste via-se o Casal Santo! um casalito que não tem mais de uma dúzia de casas, actualmente. ali quase nasci. cresci. brinquei. tornei-me mulher. curioso como o orgulho pelas nossas origens se torna perceptível a partir de certa idade. 

muito subimos nós nesta fase da caminhada... e quando chegámos ao topo... muito voltámos a descer!!! descobri umas quantas urbanizaçoes paradas no tempo, quantas há que não chegaram ao fim da sua construção?!, não as sabia ali... já quase na recta-final, quando olho para o meu lado esquerdo dou de caras com um pónei! um pónei?! que amor de animal, preguiçoso que estava, rebolava-se para um lado e para o outro e assim ficou, deitado entre as ervas.
chegámos. beijinhos, beijinhos... e casa para almoçar e dormir uma sesta! 

1 comentário:

  1. Não adormeci a ler.............."tá óptimo" Bjns Américo

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