quarta-feira, 30 de maio de 2018

irmã??

ah... essa coisa chamada internet e essas pessoas loucas a quem chamam idiotas. porque só a internet espalha em modo viral as ideias idiotas dos loucos. há de tudo para toda a gente inclusive dias comemorativos. então dizem por aí que aos trinta e um dias do mês de maio se celebra o dia do irmão e vamos lá ver se com isto não arranjo eu um trinta e um! tenho pessoas na minha vida muito importantes a contar com as que já não fazem parte dela, independente do motivo. algumas precisei excluir e ainda bem que o fiz - a presença delas eram tóxicas só para o ar que eu respiro quanto mais prolongar o convívio. outras por motivos vários foram saindo quase tão rápido como entraram e mais ou menos, não que importe, tiveram a sua quota de importância - umas até deixam saudades outras foi mandá-las p'ró seu destino e que de lá enviassem saudades que é coisa que cá não deixam. há amizades na minha vida completamente inesperadas. uma começou nos guiões de um filme com o DiCaprio e com o próprio a ir a casa de uma portuguesa saloia (assim à minha moda) pedir autorização para a menor participar no filme! - haja imaginação, o resto é conversa. há outra que começou por causa da amiga e das amigas da amiga que não podiam comigo por que o rapazinho se enrabichou por mim - sempre fui uma pinga-amor e em simultâneo uma quebra-corações, nem sei como, não perguntem! talvez a pessoa que um dia me disse que há uns requintes de malvadez em mim saiba mas não me contou. agora que falo dele nunca mais ouvi falar desde que falei eu do meu amor... vá-se lá perceber! depois surgiu uma muito discreta, de poucas falas mas de conversas inesperadas. teorias aparte a máscara só esconde o sorriso de menina malandra porque os olhos não tem como disfarçar. outra há, que em pleno réveillon, que foi um fiasco como muitos para trás já tinham sido e nada podia piorar aquela noite, excepto a cor do cabelo e as piadas que já fizemos depois disso, confirma-se: foi um sucesso! tenho uma loira famosa que faz um sucesso porque o tom parece mesmo natural. é um pouco como eu não fossem os trinta centímetros de diferença de altura uma da outra: gargalhadas altas, conversa fiada, disparates a monte, sorriso doce, prontidão é a palavra de ordem para seguir caminho. p'ra onde? só interessa ter uma mochila às costas com um rímel e um batom! a lista não acaba aqui quando muito começa o meu trinta e um! ou porque disse algum disparate ou porque devia ter dito alguma coisa ou porque não referi alguém! à minha mãe que virou minha melhor amiga há quinze anos, ainda bem que o fez, quase é mais irmã que mãe! e aquela a quem daqui a dias choro a sua falta talvez um dia nos encontremos e recuperamos o tempo que nos foi roubado. de resto, o sentimento pelas minhas amizades é tão puro quanto a água que cai da cabeça no baptismo e tão forte quanto a rebentação das ondas nas rochas. não são de sangue, pois não. mas são!

raivinha de dentes

X. baba-se e coloca as mãos na boca que é uma coisa louca desde os dois meses.
desde os dois meses que lá vem a frase-cliché: " - é dentes!!"


um suspiro...
dois suspiros...
três suspiros...


" - ai que esta criança está com uma raivinha-de-dentes!!! já tem?"
" - não, não tem nenhum ainda."
" - ah mas já devia ter!!"


não respondi
e a senhora continuou:


" - olha menina, no outro dia, a bebé de quatro meses (filha não-sei-de-quem mas obviamente eu tinha que saber quem era), já tem dois dentes! dois!!!"
" - humm..."
" - ai... é muito cedo!!! credo, antigamente as crianças não eram assim" dizia ela em tom de indignação e saltou-me a tampa:
" - oh senhora não é a criança que decide quando vai ou não ter dentes!!!"

segunda-feira, 14 de maio de 2018

piripaque de mãe: o sofá!

a primeira queda do X., o primeiro STOP do meu coração.

quer dizer... pensando bem... foi o meu segundo piripaque! o primeiro ainda o patareco nem trinta dias de vida tinha - tem por (péssimo) hábito engolir o fôlego a meio de um choro contínuo!
mas voltando ao segundo piripaque: finalmente, depois de alguma luta, consegui adormecer o menino. deitei-o com muita calma, muito carinho, muito amor, tapei-o com o mesmo cobertor que me tapava a mim, há trinta anos atrás, e saí, pé-ante-pé, da sala.

cinco minutos depois...

beca-beca, beca-beca...
opah! já?! esta criança faz sonos de passarinho!

e nem dois minutos depois:
PUM! (silêncio) buááááááááááhhhhhhh!!!!

acho que me desloquei à velocidade da luz e ainda mais quando não o vi no sofá e estava enrolado no cobertor com todos os outros que estavam, por sorte, espalhados pelo chão.
não foi grave. foi maior o susto que a queda em si - tive essa consciência no mesmo instante que o peguei ao colo. no entanto, liguei à saude24. são sempre uma grande ajuda, um grande apoio. ainda durante o tempo da chamada já ele ria a bom rir e eu, parva, chorava a bom chorar!
a parte mais caricata da situação foi quando a enfermeira questionou a altura do sofá e eu sabia lá que altura tinha!! solução: pus o puto em pé e vi que ainda não lhe chegava aos ombros!!!

depois liguei à minha rica mãesinha que, para meu espanto, não entrou em pânico mas sim, na voz mais calma e doce do mundo:

oh filha!... foi só o primeiro de muitos sustos ainda! vá, já passou!  

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Ser mãe, segundo primeiro dia da mãe



eu não sei o que é ser mãe. 

DIA DA MÃE 2017
não sei manter a calma. 
não sei chorar só com motivo. 
não sei rir apenas com justificação. 

não. eu choro porque não tenho calma; porque a alma se revolta num grito estridente de uma birra inesperada. 
eu choro porque palras ma-ma-ma-ma-(...) e quase parece que dizes ma-mã e... ah!, afinal não! 
e choro ainda porque, ainda ontem, eras tão pequenininho e choravas tanto e por tudo e por nada por que o mundo é gigante e tu, tão indefeso, nada te salvaguardará como o peito da tua mãe - ainda recordo as tardes em que só sossegavas em posição fetal e coordenavas a tua respiração com o tum-tum-tum acelerado, assustado, do meu coração. 
então choro porque agora já tens sete meses. e o tempo passa rápido demais e ainda há tanto para aprender e o que já passou afinal não foi nada... 

rio de ti. rio contigo. rio de mim. 
seis meses e descobri que os bebés, pelo menos os rapazes, têm bigode! e penungem de pintelhos ao passo que o pêlo das costas foi-se com o tempo. 
as gargalhadas são inesperadas. 
rio com e da expressão alegre no teu despertar.
rio de mim que me alegro do teu cocó e de quantos fizeste por dia - que grande festa cá em casa!

***
DIA DA MÃE 2018

é preciso tempo para o tempo fazer o seu trabalho - a ignorância tem o seu lado negro de ironia! - dar mama; dar banho;  vestir; dar a primeira colher de sopa e de papa; ver a primeira careta; assistir ao primeiro espirro, e a primeira tosse e eis... a primeira queda. 
depois choro eu. e tu ris. e eu rio de mim mesma, que figura, que exemplo, sim senhora!! 

ser mãe é mais que parir, é um facto. 
não sei como fazer as coisas mas sei uma coisa: é um amor que se alimenta de colo; que cresce numa lágrima que cai; que aumenta a par de um gu-gu da-da; que se afirma num sorriso; que sossega no cheirinho bom do meu bebé...
... que ensina a ser gente a gente que pensa ser alguém! afinal... só aprendemos a ser filhos quando somos pais e pais quando somos avós. até lá, ser mãe, é ser uma versão melhor de mim! ou assim espero por que assim o sinto.

terça-feira, 1 de maio de 2018

celebra-te

o meu pai sempre foi bom numa coisa: destruir expectativas. e havia uma em particular que ele não se cansava de nega-la: "os amigos não existem, mete isso na tua cabeça!! agora cá amigos...?! p'ra ti é tudo amigos!!! isso não existe!!!" eu tinha dez anos e é claro que a palavra amigos era quase tão repetida quanto o número de meninos aasim considerados. com o tempo, o velho, veio a revelar alguma razão que por teimosia minha eu não aceitava nem por nada. percebi, então, que nem sempre somos tão indispensáveis para os outros como pensamos assim como vimos a ver que também, nem sempre, estamos à altura das expectativas que têm a nosso respeito. com o mesmo tempo aceitei que amizade é uma palavra muito forte; implica dedicação, trabalho, amor, responsabilidade. porém, reciprocidade, não é algo que marque presença, embora o senso comum assuma que sim. e é neste contexto que sim, é verdade, o velho tem a sua razão; porque já falhámos, já nos falharam somos lobo e cordeiro na mesma carne. no que o velho diz e que não põe nem uma vírgula é aí que eu entro com a palavra e ganho o meu lugar ao sol: ninguém veio a este mundo para estar só seja de que modo for, onde for, quando for. é preciso gente. gente que não estorve. gente que faça rir. gente que mostre à gente como o mundo é visto de forma diferente daquela que a gente vê. e que revele que o verbo que melhor se pode praticar é celebrar. não há como rir ou chorar, trabalhar ou vadiar, gostar ou desdenhar sem a acção do verbo que move tudo: celebração. hoje a ordem do dia foi celebra-te! e entre umas garrafas de vinho branco e tinto e um petisco aqui e ali, o sol juntou-se à festa e as gargalhadas foram audíveis até ali, à beira do mar. celebrou-se. isto é o que resume tudo na nossa vida e é, por isso, o mais importante. obrigada Su!