segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

quando se opta pelo silêncio se calhar está tudo dito ou então não vale a pena dizer nada.


sábado, 27 de fevereiro de 2016

isso é falta de sono pah!

uma porta que bate. um arrepio que se sente nas costas. uma lágrima no canto do olho. uma palavra que asfixia. um burburinho ao longe de vozes desconhecidas. um quarto escuro... acho que é mais ou menos este o ciclo que se torna círculo que nem sei se é viciante, se vicioso... o arco-íris existe mesmo ou é apenas uma ilusão de óptica? o preto é realmente uma cor ou apenas ausência de luz?  antes do big bang o que havia? e veio de onde? como surgiu? onde é ou foi o Paraíso de Adão e Eva? o que nasceu primeiro, a galinha ou o ovo?... e podíamos continuar qual Aristóteles ou Platão... eu ia mesmo era para Marte! se calhar os ET's nem são verdes nem têm olhos iguais aos das moscas e sejam até mais coloridos que aquela cor-de-burro-quando-foge como se houvesse diferença!

miau!... um ronronar aproxima-se também. aqueles bigodes roçam ao de leve nas minhas maçãs do rosto ao mesmo tempo que a sua testa bate na minha e o seu ronronar aumenta de volume. aninhou-se no meu peito, a minha bichinha. e já se levantou. é hora do banho. e não tarda mais um somatório de sestas.

se calhar eu devia era ir dormir!

domingo, 21 de fevereiro de 2016

52ª Caminhada Trilhos do Mar - Óbidos: vila e muralhas

"pessoal, tenho de me ir embora, é tardíssimo!! amanhã de manhã tenho de me levantar às sete!! vou fazer uma caminhada por Óbidos!
eram 3h37min da madrugada. chegar a casa, deitar e não deitar já o relógio marcava 04h00. o frio congelou-me os pés e não foi fácil adormecer. a última vez que vi as horas, depois de centenas de voltas na cama, já as cinco iam adiantadas. 07h00 o despertador tocou. oh deus! já?!
fiz a mochila com a bucha, água e sumo; tomei o pequeno-almoço, peguei no saco do lixo e fechei a porta atrás de mim. à espera, pensei. falta a máquina!! o sr. L. vai-me cansar os fígados mas azar! depois mando-lhe a conta do hepatologista.
dez para as oito, no ponto de encontro combinado, para a boleia - sou uma moça muito pontual! reunidos os outros organizadores, lá demos início à aventura.
o dia ia clareando num ar simpático, neste mês de fevereiro, na companhia de um vento frio que vinha de todos os lados, parecia-me. 
curioso como achamos que conhecemos um local mas a mudança da perspectiva leva-nos a constatar que estamos longe de saber como ele realmente é. subimos as escadinhas que dão acesso a um moinho e seguimos o caminho oposto; a vegetação já se apoderou de outros trilhos, agora abandonados. várzeas inteiras se estendem até ao horizonte... há mil anos toda aquela zona era água aonde, agora até há carrascos e árvores que marcam posição. e começámos a subir, junto às ameias... bem... que misticismo que se sente ali. talvez porque é inverno. talvez por causa da vegetação abundante. talvez por que é um castelo... mas há ali qualquer coisa! 

chegámos ao topo, que vista linda! o castelo, ao lado esquerdo, as ameias espiãs e altivas da vila branca, ao
longe e longe da sua protecção, a igreja do Senhor da Pedra, os campos verdes, aldeias vizinhas, o céu azul...
mais uns quantos registos fotográficos, a equipa dos organizadores sempre divertida, os caminhantes bendispostos, 
fotografia do grupo L.P.O.A.R.C.P e eu! quase um abecedário! 
toca a descer, rumo à estação ferroviária obidense! degrau a degrau, esquecidos no tempo e enlaçados pela flora verdejante da terra húmida das chuvas, lá se avistou a dita que escondia uma menina (pena me ter esquecido dos TB's). e, para desespero do organizador P., mais umas brincadeiras fotográficas com as solipas de comboio, as pedras beirantes das linhas, e continuámos rumo à Igreja de Santo Antão. mais uma cache feita e reunião para a foto de grupo com a minha selfie visto que, andaram com o meu nome em gritos, aos quatro ventos, para tirar a foto!!
e continuámos em inclinação descendente em direcção à vila. a ginjinha já apetecia. a conversa era muita e a boca estava seca e os lábios ásperos do frio! e chegámos! finalmente bebemos a nossa ginjinha com direito a brinde. esqueci-me do souvenir mas outro dia volto lá.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Zorro virou o jogo!

a Ziva...
pois, essa gata, senhora do seu nariz, dona do pedaço!!!
já íamos em outubro de 2013 quando me deparei com uma foto, no facebook, de um gato bebé todo preto, até os olhos dele! foi paixão! a pessoa em causa estava a oferecer toda a ninhada de gatinhos e eram todos muito bonitos. uns seis, se não me engano. falei com o J. que estava um pouco reticente à idéia. mas eu sentia-me sozinha! ele cedeu.
falei com a dona dos gatinhos, que se recusou a guardar qualquer que fosse o gato, via online, por forma que, no dia seguinte, dirigi-me à sua casa. por minutos, não tinha ficado com o gato. dois ou três já estavam dados. faltava um todo laranjinha, dois pretos e brancos e a minha. era a cria mais enfesada da ninhada! nem miar sabia. mal abria os olhos. 
inicialmente, pensámos que era um gato. Zorro! parece-me um bom nome!!, disse ao J. num tom muito assertivo.
chegámos a casa, dei-lhe banho, sequei o melhor que pude com o secador de cabelo - não queria perturbar ainda mais o animal -, e fui buscar o cachecol mais quente e fofo que tinha. uma semana depois... o primeiro ronronar. durou à vontade a sua meia hora! parecia que tinha guardado até, talvez, se sentir em segurança, de novo. chovia que dava dó naquela noite de novembro e ficámos os três enroscados no sofá, debaixo do cobertor.
já íamos em setembro de 2014 quando tivemos cá o homem das máquinas, o R. que, muito divertido, afirmou que era uma gata!! "olha ali as mamas!!!" disse ele, antes de soltar a gargalhada!
e deixámos de ter um gato cá em casa. passámos a ter uma gata. e chamei-lhe: Ziva! sem qualquer hesitação.
fez-se uma gata linda! um pêlo volumoso, preto com algumas mechas castanhas, um olhar amarelo-girassol como referi no outro post e acompanha-me para todo o lado! é ela quem decide se são horas de receber mimos, esteja eu a dormir ainda ou a comer. 
lá vem ela!...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Alecrim, alecrim aos molhos/por causa de ti/choram os meus olhos...

se há época do ano complicada para mim a nível de contenção alimentar é a do natal! ainda para mais porque começa p'raí duas semanas antes: um mon chérie aqui, um ferrero rocher ali, bolo rei ao lanche da manhã/da tarde... à medida que a consoada se aproxima a quantidade também aumenta. tudo serve de desculpa. na noite de 24 para 25 de dezembro chegam cá a casa os pastéis de batata doce (pelos quais passo o ano aguada por eles - não que a senhora não se tivesse já oferecido para mos fazer sempre que eu quisesse!) que se juntam às filhoses de abóbora e, este ano em especial, às de cenoura e às de iogurte. (não pude não fazê-las: as primeiras por que assim que se falou nelas os olhos da minha mãe até brilharam e as de iogurte porque descobri-as sem querer e fiquei tão curiosa que não pude deixar de experimentar!) ah! é verdade, já quase me esquecia! os biscoitos fritos. e esta azáfama culinária só pára lá para bem depois do Dia de Reis! 
todavia... este ano... tive um percalço. 
eu nunca fui aquela pessoa que, em situações de stress, dê em comer tudo quanto aparece à frente. não. a dona Tânia é mais do estilo: não-desce! nem líquido nem sólido. penico qualquer coisa só para não me azucrinarem a réstia de paciência.
mas este ano não. este ano não. o meu nível de cortisol e mais não sei quê, que a malta entendida fala, disparou de uma tal forma que terminava o mês de janeiro e cá em casa os chocolates iam desaparecendo a uma velocidade tal, qual Miguel Oliveira!
consulta marcada na nutricionista. tudo confessado como se o gabinete fosse o confessionário de um padre. ela abriu os olhos, meteu as mãos à cabeça e mandou-me subir à balança (parecia que me tinha atirado aos leões). surpresa das surpresas: um quilo a mais. e é de massa muscular!!! e ainda consegui perder outro de massa gorda!!! valeram-me os treinos exaustivos! obrigado sr. RS! e vai daí que a LR, a nutricionista, me aconselhou a uma de duas coisas ou, na pior das hipóteses, as duas: picolinato de crómio, se não estou em erro, para a redução do desejo do chocolate e chá de alecrim para acalmar a ansiedade. bem, optei pelo chá. 
imagem tirada daqui
e, obrigada LR, pela maravilhosa lembrança poeirenta que desencantaste em mim, quase despertei numa crise de rinite alérgica!
só a palavra alecrim automaticamente me reporta para a música mas o cheiro... ah o cheiro...  e ainda por cima estamos em fevereiro e está um frio dos diabos! amanhã até está de chuva, dizem, e boa parte das minhas tardes de infância eram à volta de um arbusto de alecrim, que pertencia à minha avó materna, uns metros à frente da minha casa; tempo chuvoso, muito trapo vestido, a maior parte péssimas combinações!, um galho aqui, outro ali, ou simplesmente chegava perto e cheirava... e depois caça furtiva aos caracóis! chapinhar nas poças, andar de bicicleta, correr com o(s) cão(es) - tive muitos! e a mãe a chamar!...
ai! o chá!!!

domingo, 14 de fevereiro de 2016

"amigas assim é bom, não é?" (senhora C.)

09h00 o despertador do telemóvel toca. desligo-o. levanto-me, puxo os estores para cima e volto a deitar-me, enroscando-me nos lençóis polares. a gata entra no quarto e resmunga qualquer coisa. salta para a cama e vem-me ronronar aos ouvidos cocegando-me com os seus bigodes grandes e pretos; olha para mim com as pupilas tão dilatadas, quase não deixa espaço para aquele amarelo-girassol do olhar grande que a caracteriza.
dez minutos depois enfrentei o sol, abri a água do duche e foram outros dez minutos à vida. vesti-me. disse à S. que estava um bocadinho atrasada. no caminho a M. ligou-me, avisei-a de um atraso de cinco minutos.
tomámos, finalmente, o pequeno-almoço. uma hora depois resolvemos seguir caminho à vila da Batalha (fomos ver o Mosteiro). um caminho inteiro de parvoíce - há fotos que o provam! - conversas sérias, outras nem tanto, risadas, amuos, muitos clicks da máquina e finalmente chegámos! a S. conhecia um restaurante simpático e ficámos logo por ali. o bacalhau de cebolada abriu-me o apetite de imediato - embora uma total desilusão! (pimentos?! pimentão doce?! num bacalhau de cebolada?! - oh por favor!!) - continuarei aguada até ao próximo! elas foram às espetadas de lulas. a sangria de espumante realmente uma delícia, a S. bebeu água. muito responsável d. S! 
foto retirada daqui
almoço despachado lá vamos nós então (re)desvendar os mistérios do Mosteiro.
antes ainda procurámos uma mangana que desta vez não estava lá (tivemos, até, a confirmação de um muggle determinadíssimo em mostrá-la). entrámos. comprámos os bilhetes. pedimos os audioguias. e eis senão quando... algo de estranho acontece! a senhora da recepção improvisada no canto esquerdo da igreja mostrou-se uma figura muito interessante, por assim dizer. a senhora C. de cabelo castanho escuro, liso, óculos arredondados que lhe reduzem o castanho escuro dos olhos, tem sorriso rasgado com uma voz fina cheia de conversa fiada, gesticula quando fala e abeira-se rapidamente como se fosse segredo cada palavra; o corpo tem um gingar quase infantil. a S. foi ouvir o primeiro ponto de explicação do audioguia, a M. foi com ela e eu, sem contar, fiquei para trás, impossibilitada pelas perguntas sagazes e comentários simpáticos da senhora a quem eu mesma, inevitavelmente, alimentei. dois segundos foram suficientes, não acredito que tenha passado muito mais tempo: de onde somos, há quanto tempo nos dávamos, "amigas assim é bom, não é?"... e sem maiores demoras eis a derradeira pergunta: "será que conhecem um rapaz, na casa dos 40 anos, lá da terra de onde vêm, chama-se N. ..., casado, com filhos, a casa tem uma placa a dizer «vivenda das rosas», tem um amigo com a alcunha de Quicas e a mãe trabalhou muitos anos como enfermeira, no hospital, lá...
Ooops! e agora como é que eu descalço esta bota?!, pensei para mim, não quis ser indelicada com a senhora mas também não sabia quem seria a pessoa em causa. chamei reforços. elas também não faziam a mínima idéia. e depois, o porquê da pergunta: tinham sido namorados nos tempos de escola! ela queria reencontrá-lo. ela deu-lhe com os pés, ele sofreu um mau bocado. e nós ali, em sorrisos e trocas de olhares, sem sabermos o que pensar daquele pedido! eu ainda liguei ao J. mas nem ele desencantou do baú poeirento da sua memória alguma recordação. 
todavia, conseguimos visitar o monumento; vi coisas novas. li. reflecti. ri imenso quando a M. tropeçou num meio buraco do chão centenário. constatei que ainda há cavalheiros pois um visitante logo se prontificou a prestar ajuda embora tivesse a custo de negação esboçado um sorriso troceiro. não era necessário, obrigada. continuámos a visita, uma foto aqui, outra ali, souvenirs, ouvido atento nos audioguias, sobe escadas, desce escadas, capelas imperfeitas e por fim... findou a nossa visita. devolvidos os acessórios, feitos os agradecimentos à senhora e o reforço do pedido da senhora a nós. 

mas quem nos empregou como cupidos? eu já fiz de Vénus no 9ºano mas daí a desenvolver uma busca pelo senhor N.... enfim! a ver vamos.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

a culpa é das estrelas!

a cobardia paga-se cara! as nossas atitudes têm consequências, parte delas nem nos apercebemos, "cada ser é um ser único, especial..." este é um daqueles clichés bonitos para dedicatórias e afins no entanto, como diz a música do Rui Veloso, «toda a alma tem uma face negra» e isso é bom e é mau também. crescemos com regras que começam no bom comportamento, sem birras, com obediências cegas, vestimenta impec!, ter tento na língua e na ponta da mesma as palavras-chaves: "se faz favor", "obrigada", "bom dia", "boa tarde/noite", "desculpa", e quando chegamos à idade dos porquês tornamo-nos fala-baratos curiosos. curioso é, para mim, a metamorfose que sofremos - doces crianças em perfeitos estrupícios.
justificamos isso com a etimologia do nome e depois culpamos as estrelas "ah e tal há aquela cena do ascendente e do descendente do signo que só de si já tem um feitio difícil...", é o karma, o destino, passado-presente-futuro... balelas!
somos não só produto do nosso ADN como do ambiente envolvente e por isso subentende-se as experiências que vão surgindo e as pessoas que vamos conhecendo. nem tudo é positivo, claro! e o maior problema que enfrentamos somos nós mesmos. a nossa dificuldade em dizer NÃO logo de uma vez, pelo contrário, vamos prolongando a situação, alimentando o monstro que só a nós nos destrói, nos prejudica, nos minimiza. 

a culpa é das estrelas, os ventos mudam, estrelas cadentes não caiem, os signos conspiram e os palermas têm nomes mal combinados, e não há substantivos ou verbos que lhes valham.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

carnaval - la catrina


mais um ano, outro carnaval à porta.

em 2014 mascarei-me de caveira mexicana. mas não gostei do resultado. nem do fato. nem da make up. nem de nada que se tenha passado naquela noite que foi um autêntico Carnaval de mau gosto.
o ano passado encontrei o fato ideal para a minha máscara mas houve um imprevisto e não saímos.
este ano seria o ano!

fiz uma pesquisa intensa de make ups - mais simples, mais complexas, com mais ou menos adereços desde o google ao youtube o meu histórico quase só tem dados de pesquisa da caveira mexicana ou sugar skull ou la catrina ou el dia de los muertos...
finalmente acabei por conseguir seleccionar estas duas fotografias em baixo das dez que tinha guardado.
adorei logo o sombreado em torno dos olhos e do nariz da imagem da esquerda e a boca e os pormenores que curvam na testa e sobre as maçãs do rosto quais cornucópias elegantes da foto à direita!
e comecei a estudá-las. a imaginar a fusão entre uma e outra de forma que parecessem o mais óbvio possível. fui ao chinês comprar strass e logo ali foi uma dúvida do tamanho do mundo - escolho strass de várias cores ou com reflexos cerúleos e liláses?! comprei as duas embalagens! até diferenciavam no tamanho! qual era a minha dúvida mesmo?! nada como uma mulher resolvida!

e então foi assim:

deixo aqui o meu agradecimento a todas as ladies que partilharam as suas maquilhagens em blogues e nos tutorias do youtube. espero que agrade o resultado final e se inspirar alguém melhor!

CURIOSIDADES:

a catrina deriva das festas dos mortos pré-colombianas e é, actualmente, um ícone na cultura mexicana que representa a igualdade. as celebrações começam a 31 de outubro e terminam a 02 de novembro, dia dos defuntos por forma a honrá-los.  a personagem em si é uma sátira pois trata-se de uma senhora da alta sociedade usando o seu melhor traje e o seu chapéu.
a morte quando chega, chega para todos, e todos nos tornamos irremediavelmente iguais. 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

ECOS

Estou,
          sou,
                 vou,
                        não!

Fico junto às ondas do mar, 
                                             ar,
                                                  amar!
                                                            Amo!

Amo aquele que é meu amo
e me faz de escrava...
                                  ... crava,
                                                cravo,
                                                           flor!

Flor que brota no meu peito,
num beijo seu!
                        Céu,
                                véu,
                                       noiva,
                                                 noite,
                                                           lua,
                                                                  nua!

(´tou vestida mas...) sinto-me nua
em teus braços,
                         abraço,
                                     amasso,
                                                  aperto,
                                                             perto,
                                                                       junto;
                                                                                 cerca, que me cerca!


Teus braços são a minha
protecção!
Teus braços são a minha
perdição!

20.novembro.2004

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

FERA

És a minha fera,
és o meu leão
Que por mim tanto espera
com um doce coração.

És a minha fera,
és o meu leão,
Que nasceu na primavera
e ficou no coração.

E em plena Savana,
tu em plena caça
enquanto que eu
estava que nem uma brasa!



este tesourinho pertence ao primeiro dos seis cadernos. abri-o ao acaso e dei logo com ele.
não sei qual será a reação ao lê-lo. eu já chorei, já perdi o fôlego, já fiquei sem voz de tanto rir acho até que acabei de definir os meus abdominais!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

desenhar também é escrever...

ontem à tarde fui à cave! que confusão! caixas do lado esquerdo, caixas do lado direito, lá pelo meio encontra-se a tenda e os sacos de cama ansiosos que cheguem junho e depois... quem  sabe... julho! e depois... só deus dirá! ao fundo, por baixo da janela mitra, um metro-quadrado vazio! - que espanto! de um lado e do outro o armário de pano azul - típico de armações com letras que se encaixam umas nas outras, é só mesmo seguir à risca o folheto de instruções e voilá! um armário montado na perfeição!
consegui chegar ao armário! credo! uma cave tão pequena e parece que ali desabou o mundo! aliás, eu gosto de classificar a minha cave, neste momento, como a doce queda do carmo e da trindade - tivessem feito sabe-se lá o quê!! para não entrar já em stress... (já existem planos a serem engendrados na minha cabeça à revelia/escondidas do J.)
mas não nos dispersemos. fui verificar o que havia para o carnaval naquele armário que está ali só para as fardas e afins!
descobri uma saia grande e branca com rendas, um top com decote à barca, umas mamas de plástico, uma batina, uns óculos cujas luzes psicadélicas ainda funcionam - só a armação não sobreviveu às palhaçadas (quando se trata de defender a camisola que se veste não há muita gente como eu!) e um nariz à palhaço com luzes intermitentes também. as penas de um índio, o chapéu de palhaço, uma espingarda, um boné de marinheiro... afinal ainda existe qualquer coisa para a última hora; chicotes não mas algemas também se arranjam! descobri as rosas azuis que usei à uns seis ou sete anos na farda de marinheira e apenas um boião de tinta branca - as outras foram à vida... ah! e encontrei as pestanas excepcionais que o J. me tinha comprado. são qualquer coisa do outro mundo!!!!
no fundo do armário encontrei algo que não esperava. curioso... esta semana tinha-me lembrado daquilo e sem esperar... estava nas minhas mãos. aquela caixa de sapatos, não uma mas sim, exactamente aquela pacientemente forrada a papel de embrulho clássico, conciso, discreto. abri. ah! seis. um, dois, três, quatro, cinco, seis... perdi-me no tempo. de repente estava em 2002! e depois regressei ao futuro. novo dejá-vù e estou de volta a 2004, 2006... estranho!... (pensei) tinha a certeza de que tinha deixado um caderno incompleto... mas não está aqui... será que o terminei?! será que não? se não, onde estará? 
aos onze anos escrevia palavras soltas que rimassem fosse como fosse - o Camões sabia o que fazia e eu queria ser como ele! aos treze anos um amigo espicaçou-me a imaginação com a hipótese, de um dia, um dos livros que estavam em cima da secretária da repórter da TVI (ou SIC?!), no domingo à noite, sugeridos pelo senhor professor MRS - actual presidente da república - um deles, fosse uma sugestão de leitura sua! um livro meu, imagine-se! aos quinze anos achava que podia ser escritora! e quando conhecia O poeta as palavras eram demais para conter dentro de mim! qualquer canto de papel rasgado servia para tomar nota da frase que acabara de me ocorrer ou a margem de uma página de geometria descritiva ou a parte detrás da capa de um dos manuais... oh! houvesse papel que desse para levar comigo para casa, para o meu quarto, no bolso de trás das calças de ganga estava óptimo!
passaram-se treze anos. perdi a mão nas folhas A4 lisas. as linhas já não fluem. os corpos já não surgem. nem as lágrimas em grande plano ou qualquer outra coisa. 
porém... bem ou mal... foram precisos treze anos de nada para, de um momento para o outro, voltar a ter vontade de escrever, só porque sim. gostava de voltar a desenhar. adoro a cor. mas não está a ser tão natural quanto a fluência das letras... deveria escrever sobre isso? desenhar também é escrever...