domingo, 14 de fevereiro de 2016

"amigas assim é bom, não é?" (senhora C.)

09h00 o despertador do telemóvel toca. desligo-o. levanto-me, puxo os estores para cima e volto a deitar-me, enroscando-me nos lençóis polares. a gata entra no quarto e resmunga qualquer coisa. salta para a cama e vem-me ronronar aos ouvidos cocegando-me com os seus bigodes grandes e pretos; olha para mim com as pupilas tão dilatadas, quase não deixa espaço para aquele amarelo-girassol do olhar grande que a caracteriza.
dez minutos depois enfrentei o sol, abri a água do duche e foram outros dez minutos à vida. vesti-me. disse à S. que estava um bocadinho atrasada. no caminho a M. ligou-me, avisei-a de um atraso de cinco minutos.
tomámos, finalmente, o pequeno-almoço. uma hora depois resolvemos seguir caminho à vila da Batalha (fomos ver o Mosteiro). um caminho inteiro de parvoíce - há fotos que o provam! - conversas sérias, outras nem tanto, risadas, amuos, muitos clicks da máquina e finalmente chegámos! a S. conhecia um restaurante simpático e ficámos logo por ali. o bacalhau de cebolada abriu-me o apetite de imediato - embora uma total desilusão! (pimentos?! pimentão doce?! num bacalhau de cebolada?! - oh por favor!!) - continuarei aguada até ao próximo! elas foram às espetadas de lulas. a sangria de espumante realmente uma delícia, a S. bebeu água. muito responsável d. S! 
foto retirada daqui
almoço despachado lá vamos nós então (re)desvendar os mistérios do Mosteiro.
antes ainda procurámos uma mangana que desta vez não estava lá (tivemos, até, a confirmação de um muggle determinadíssimo em mostrá-la). entrámos. comprámos os bilhetes. pedimos os audioguias. e eis senão quando... algo de estranho acontece! a senhora da recepção improvisada no canto esquerdo da igreja mostrou-se uma figura muito interessante, por assim dizer. a senhora C. de cabelo castanho escuro, liso, óculos arredondados que lhe reduzem o castanho escuro dos olhos, tem sorriso rasgado com uma voz fina cheia de conversa fiada, gesticula quando fala e abeira-se rapidamente como se fosse segredo cada palavra; o corpo tem um gingar quase infantil. a S. foi ouvir o primeiro ponto de explicação do audioguia, a M. foi com ela e eu, sem contar, fiquei para trás, impossibilitada pelas perguntas sagazes e comentários simpáticos da senhora a quem eu mesma, inevitavelmente, alimentei. dois segundos foram suficientes, não acredito que tenha passado muito mais tempo: de onde somos, há quanto tempo nos dávamos, "amigas assim é bom, não é?"... e sem maiores demoras eis a derradeira pergunta: "será que conhecem um rapaz, na casa dos 40 anos, lá da terra de onde vêm, chama-se N. ..., casado, com filhos, a casa tem uma placa a dizer «vivenda das rosas», tem um amigo com a alcunha de Quicas e a mãe trabalhou muitos anos como enfermeira, no hospital, lá...
Ooops! e agora como é que eu descalço esta bota?!, pensei para mim, não quis ser indelicada com a senhora mas também não sabia quem seria a pessoa em causa. chamei reforços. elas também não faziam a mínima idéia. e depois, o porquê da pergunta: tinham sido namorados nos tempos de escola! ela queria reencontrá-lo. ela deu-lhe com os pés, ele sofreu um mau bocado. e nós ali, em sorrisos e trocas de olhares, sem sabermos o que pensar daquele pedido! eu ainda liguei ao J. mas nem ele desencantou do baú poeirento da sua memória alguma recordação. 
todavia, conseguimos visitar o monumento; vi coisas novas. li. reflecti. ri imenso quando a M. tropeçou num meio buraco do chão centenário. constatei que ainda há cavalheiros pois um visitante logo se prontificou a prestar ajuda embora tivesse a custo de negação esboçado um sorriso troceiro. não era necessário, obrigada. continuámos a visita, uma foto aqui, outra ali, souvenirs, ouvido atento nos audioguias, sobe escadas, desce escadas, capelas imperfeitas e por fim... findou a nossa visita. devolvidos os acessórios, feitos os agradecimentos à senhora e o reforço do pedido da senhora a nós. 

mas quem nos empregou como cupidos? eu já fiz de Vénus no 9ºano mas daí a desenvolver uma busca pelo senhor N.... enfim! a ver vamos.

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