domingo, 28 de agosto de 2016

Snap-chat!

descobri o snapchat!
a J'linha já me tinha falado disto mas confesso que não achei piléria nenhuma! esta tarde, a M., (não a M. do costume, esta M. tem outras letras), então dizia eu, a M. mostrou-me o lado B! do snapchat e foi uma tarde naquilo! que riso! realmente...  é sons! é pós-de-arroz; são prantos desconsolados que brotam dos olhos; as orelhas do veado mexem! o cão tem uma língua enorme que dá uma grande lambidela no ecrã e se ouve. o pato fez de mim uma pata que não lhe ouvi nada - se calhar devia ter dito alguma coisa... - a foto em que tenho os óculos cor de rosa a fazer o símbolo PEACE&LOVE tem uma música muito... anos70?! oh sei lá!... corri o google à procura e nada! mas é muito engraçada, ficamos a cantarolar: "ladies where are you going?... la la la la ..." não consegui descortinar o cantor, uma pena. e enquanto a foto da abelhinha tem o mel a escorrer pelo ecrã a abaixo, as borboletas ziguezagueiam à volta da minha cabeça e por isso deixaram-me com uma dúvida existencial gravíssima: então não é no estômago que elas costumam aparecer?!
tirei outras fotos que não consegui encaixar no layout do instagram em que numa fiquei de queixo à banda parecia que tinha levado uma anestesia troncolar e noutro estou gorda que nem um texugo - o pobre animal também é um incompreendido! aquilo é só pêlo! -  o que até deu jeito por que se alguém se atrever a chamar-me gorda nalguma foto eu vou logo argumentar que é um snap e que essa pessoa não percebe nada de nada! digo eu!
agora vou ali ao insta ver as pics!!

sábado, 27 de agosto de 2016

orgulho sem molduras

mais do que sentir o ego cheio o que me move é o orgulho. a certeza de que faço ou digo ou sinto algo bom todos os dias; algo de que me deva orgulhar. não são precisas molduras, não se tratam de medalhas ou troféus mas as palavras "tenho orgulho em ti" são uma máxima que pretendo alcançar todos os dias independente do lado que venha.

nada se tem sem esforço, sem
sacrifício. até um beijo, um 
sorriso, um carinho! até por que tudo o que é feito com amor tem outro sabor por alguma razão.
a frase "tenho orgulho em ti" é em bom português o reconhecimento da minha luta diária e que vale a pena sorrir quando vejo um dente de leão e soprar por que mãe é mãe; mãe tem sempre razão, e uma das maravilhas da minha infância é a memória da minha rica mãesinha, de cócoras, junto a mim, segurar com muito amor e carinho o frágil dente de leão, na adega meia escura da pouca luz que entra pelo portão grande, mandar-lhe um beijo e soprar suavemente dizendo-me estas palavras:
manda um beijinho filha, é o beijo de um anjo que veio até ti!

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

fim de tarde e um café!


ele há coisas...
pouca coisa há no mundo que nos saiba tão bem à alma quanto uma chávena de café.
e uma chávena de café, ao fim do dia, numa tarde de verão, ainda que de trabalho, assemelha-se muito a um néctar divino, não que, alguma vez, tivesse experimentado mas as palavras néctar já de si prevê algo que é puro, consistente, intenso; e divino reclama o seu além-estar humano e pré-conceita, na minha cabeça, algo excepcionalmente bom, bom não, algo excepcionalmente... extraordinário, inalcançável. é isso!: inalcançável.
adoooooro tardes de verão. estar sentada num lado qualquer, respirar o fim de tarde de um dia quente, não que hoje tenha sido o caso mas isso são pormenores, e beber só pelo prazer de degustar. antes optava muito pelo chá. hoje em dia o café sem açúcar apaixonou-me embora seja um amor meio amargo. um copo de vinho tinto também não conjugava nada mal aqui... presumo. tenho de experimentar. mas o tinto pede companhia... aquela companhia. a companhia certa. eu não percebo nada de vinho. muito menos tinto. de qualquer forma, o vinho é um óptimo desbloqueador de conversa mesmo com a companhia certa. 
pena o som da passagem dos carros, ali na estrada nacional, abafem o piar dos pardais-telhado... a aragem que está é tão suave, quase arrisco a dizer que não é vento, é o correr acelerado dos automóveis que movimenta os arbustos na berma da estrada, os caniços e as silvas na encosta da casa e as árvores do jardim. as flores, abrigadas pelo muro, dão um ar de elegância tanto no esflorar quanto no florescer.


acabou o café; o barulho dos motores não cessa e o sol já se pôs atrás do mar, que não se vê daqui. ao fundo, só temos as nuvens que prometem as primeiras chuvas de outono. vou para dentro.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

reina a paz no mundo do caos!!! - PARTE VI

há meses que eu tinha em casa papel de lustro rosa choque e prateado, um para flores, o outro para os tsurus!
acontece que esta menina planeia, planeia, divaga, pensa, investiga e meter mãos à obra é sempre nas últimas. sim! sexta-feira a noite durou até ás três da manhã de volta dos tsurus e das flores!
vais conseguir acabá-los a tempo? ... não! rimos, cúmplices um do outro, ele abana a cabeça e ri-se dos meus disparates!

sábado acordei logo em stress. dormi pouco. fui trabalhar e por sorte saí à uma da tarde (a esta hora a M. já tinha recebido o último envelope desta vez subsituí a foto por um tsuru). corri ao chinês para comprar fio elástico e umas contas. umas verdes. outras brancas. almocei. fui fazer as unhas. voltei. não tive tempo para mais nada. escolher a toilette... calçar os sapatos novos. maquilhagem... eu estou pronta!
o ambiente na casa da mãe da M. estava ao rubro. toda a gente animada; o carvão já queimava; a malta chegava aos poucos e eu sem saber o que fazer com os origamis... 
decidi que se podia pendurar aqui e ali e a S. ajudou-me.
mil e uma combinações para devolvermos os noivinhos e saiu tudo ao contrário.
quando a M. chegou achou estranho algumas pessoas ali já que a desculpa dada era a comemoração do aniversário da P. e depois foi um fartote de riso! inventámos uma carta manuscrita como se alguém a tivesse colocado na caixa do correio com os tsurus para pendurar e guardar segredo. e segue uma roda viva convidado a convidado obrigada a escrever para que ela pudesse comparar a letra!
depois... quando finalmente chegou a hora do bolo... a M. foi chamar alguém, não me recordo quem. as luzes apagaram-se. e... acenderam-se. apagaram-se outra vez e no momento que a P. ia colocar os noivinhos no bolo alguém carregou no interruptor. alguém viu... finalmente a M. entrou na cozinha -  eu sabia!!! eu sabiiiaaaa!!!! - e cantámos os parabéns aos casados e à P.
estava tão longe de acertar a minha amiga!...
depois fomos à festa da terra onde havia bailinho!

ufa!! finalmente!... 
o sentimento é ambíguo! por um lado estava desejosa do momento em que veria a reacção dela; por outro, agora... já não há mais nada...
enfim... algum casório próximo entretanto? hihihihihi

reina a paz no mundo do caos!!! - PARTE V

ainda no planeamento de algo que eu ainda não sabia como viria a ser... descobri os tsurus.
tinha de conseguir dar a volta ao papel ainda que na maior parte do tempo tenha eu andado aos papéis com isto dos origamis! mas consegui! hoje já não me lembro outra vez. mas adorei.
chegou o dia do primeiro aniversário de casamento. ainda me passou pela cabeça aparecer lá em casa nessa noite e entregar-lhes os noivinhos com o J.
mas achei que ia ser inconveniente e deixei-os comerem o bolo todo de há um ano atrás!
foto de M.
o tempo estava a passar e eu sem saber como descalçar a bota da sua entrega... até lá fui enviando, semana após semana, uma foto. neste dia resolvi ser mázinha. comprei um postal de aniversário que, por sinal, era a cara dela e enviei assim. tive pena de não ter escrito nada mas à mão estava fora de questão e mesmo à máquina era um risco muito grande... se ela descobre que sou eu pela forma como escrevo? melhor não arriscar! escusado será dizer que ela ficou possuída! A SÉRIO???? É só isto que têm para me dizer???, dizia ela. tinha sido engraçado tirar uma fotografia com o J. e os  noivinhos e enviar dentro do postal mas ainda bem que não o fiz. era algo que, ainda neste fim de semana, ela confessou que esperava que acontecesse; assim como assim sempre a consegui ir surpreendendo!

há uns tempos encontrei a jeitosa da mãe da M. e ficou meio combinado entre nós que realizar-se-ia a festa lá em casa! ora siga nisso!!

reina a paz no mundo do caos!!! - PARTE IV

entretanto ideia de génio!!
a M. queria fazer um trash the dress, muito chique a minha amiga! em bom português trata-se de uma sessão fotográfica em que os noivos aproveitam para um álbum mais íntimo e especial com um dress code único.
porque não... pegar nos noivinhos e levá-los a realizar uma experiência destas? seria memorável, pelo menos para nós!!
e foi uma tarde de domingo memorável!
saímos de Peniche rumo ao jardim do restaurante onde bebemos um cafésinho e falámos com a proprietária; depois, a escadaria da igreja, onde, à esquerda, o cheirinho a pão com chouriço acabado de sair do forno foi irresistível; demos um pulinho à terra de solteirice da M.; a casa do casal onde os noivinhos se mostraram uns equilibristas magníficos! e, por fim, à praia. foi uma colectânea interessante!
o plano consistia em enviar uma foto por mês (pena não me ter lembrado logo após um mês do casamento, seria um ano memorável!) quando, uma das minhas cúmplices, desafia a uma foto por semana. humm... interessante!
primeira carta posta no correio.
envelope creme. o nome dela impresso a computador. a fotografia dos noivinhos! sem nada mais escrito. qualquer palavra denunciar-me-ia, tenho a certeza!
1ª foto dos noivinhos
 - JARDIM DO VALOÁSIS - 

ainda não eram nove da manhã e eu sabia que o envelope estava na bancada de trabalho dela.
"oh não! quem é que se vai casar?"
"então?"
"opah tenho aqui um envelope... aaaaaaahhhh!!!! não vais acreditar! são os meus noivos!!!!"
completamente desentendida, questiono:
"os teus noivos? como?"
"oh! foste tu! eu sei que foste tu!!"
"eu?! não, coração. eu distraí-me a olhar para os balões que lançámos quando olhei já não estavam lá!"
"então foi o J.!!"
"o J.?! no estado em que ele estava?"
"oh! então foram elas aqui na perfumaria! o papel fotográfico é exactamente igual ao que nós temos aqui!!! vou ver a reciclagem!!"

desliguei, morta com o riso. a ver se consigo manter a pose até ao fim!

reina a paz no mundo do caos -PARTE III

uns seis meses antes, mais ou menos, comecei a pesquisar ideias para a realização de uma festa para a devolução dos noivinhos.
  • tipo de festa
  • espaço
  • ambiente
  • convidados
  • data
  • música
  • jogo(s)
  • iluminação
  • ementa
  • (...)

comprei um caderno onde resolvi anotar todos os
meus pensamentos, pelo sim, pelo não, alguma ideia havia de se aproveitar!
estava indecisa entre organizar um almoço no mesmo restaurante com ementa fixa e x-preço/pax e um pic-nic, tendo este prevalecido por uma questão não só de espaço como económica pois cada um levava algo. é a cara da M. e o esposo há-de alinhar certamente!
comecei a ponderar os espaços: queria algo diferente, fora do comum, especial, podia ser na praia ou no pinhal e... porque não...  a Quinta do Gato Cinzento? preciso de contactos, ver a segurança da área por causa da criançada, fazer lista de material necessário:


  • chapéu de sol (vários); chapéus de papel?! humm...
  • mantas e almofadas
  • mesas
  • comida já feita, pronta a comer
  • copos, guardanapos, talheres, toalhas de papel
  • sacos do lixo
  • velas
  • tendas e brinquedos
  • decoração: TSURUS!
ementa:
  • frutas
  • quiches
  • sandes
  • frango assado?
  • bolos secos
  • gelo 
  • sobremesas
  • ...
perfeito!

consegui o contacto dos senhores que tomam conta do espaço da Quinta do Gato Cinzento, que ainda está à espera de comprador, e eu de ganhar o euromilhões; apresentei-me, contei-lhe o que se passava, questionei-o acerca da possibilidade de ocupar um dia, o dia todo, o espaço. não houve quaisquer obstáculos da parte do senhor.
mas o J. é a minha voz de consciência e alertou-me que talvez o espaço não fosse o melhor, precisamente por causa dos pequeninos, e depois há sempre quem não goste de pic-nics, não é? então mas só vai quem interessa, pronto!!

...

fiquei um bocado chateada, sem saber o que decidir porém... imparável! arranjei aliados. 
primeiro a S.; depois a fotógrafa, a D., que um dia me diz: eu não sou nada boa a guardar segredos, o que é que eu digo?! - PÂNICO!!!
e hoje uma sugestão, amanhã um parecer...

domingo, 21 de agosto de 2016

reina a paz no mundo do caos - PARTE II

roubar os noivinhos! roubar os noivinhos! roubar os noivinhos! os noivinhos estão ali. agora eles [os recém-casados] estão a olhar. roubar os noivinhos. roubar os noivinhos...

... aaaahhhh! tão bonito... 

foto de DTR PRODUÇÕES
na hora de cortar o bolo de casamento, a pedido da noiva, cada convidado segurava um balão com led que seria lançado para o céu. aquele que tinha hélio em bom estado que o fizesse levitar que metade deles ficaram espalhados pela relva, aos saltinhos com a criançada que corria com eles de um lado para o outro. 
o efeito, dos que subiram, foi deslumbrante; o efeito dos outros, pelo chão, deixaram os convidados maravilhados com a ideia dos balões chão-fora ao passo que a noiva ia tendo o milésimo ataque cardíaco quando, umas horas antes, ouve a afilhada a dizer ai a minha madrinha! enquanto eu, salvadora das causas impossíveis e improváveis, começo a levantá-los a todos com as mãos, isto, o vento pega neles e leva-os vais ver! solução mais óbvia!

roubar os noivinhos! roubar os noivinhos! roubar os noivinhos! os noivinhos ainda estão ali.

bolas!! o cordão do balão fugiu-me das mãos! M.... preciso d'outro balão. oh Tânia, fogo! logo tu!!!???? desculpa, pedi tão baixo que foi quase inaudível!

de volta aos noivinhos...
oh!!!! hã!!!!! onde é que estão?!, perguntei ao empregado: mexeu nos noivos!? não, não. oh f*!!
cheguei-me ao pé do J. e disse-lhe que não tinha roubado os noivinhos porque me tinha distraído a olhar para o céu, por causa do raio dos balões. tenho-os eu. estão no carro. e toda eu me senti iluminada naquele instante.
houve quem tivesse visto e exigido fazer parte da devolução mas passado tanto tempo ninguém se resolveu a coisa alguma e passou-se um ano!


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

dedos mindinhos ao alto!!!

DEFINIÇÃO:
Do latim gaulÊs bercĭu «armação de madeira em forma de berço», pelo francÊs berceau «cama de criança»

curioso esta coisa do berço no sentido figurativo da palavra versus no sentido prático do dia a dia. é a roupa de marca grife; o tratamento sem a palavra você e sim senhora-dona-fulana-tal, o homem pelo apelido ou o menino/a menina; o cumprimento com um beijo umas vezes, dois noutras; as sogras que são tias, as tias que são só amigas da família e as tias da hierarquia genealógica... tem berço.
mas que raio?! querem ver que a maioria de nós nasceu como o menino jesus?! na manjedoura?! num fardo de palha? daí a acreditarmos na vaquinha e no burrinho é... um coice! se bem que com lambidelas de vaca poupava-se dinheiro no halibut e o burro é um animal quente, só para o caso da roupa não chegar já que eu ainda sou do tempo das fraldas de pano no rabinho, preso com alfinetes de ama e o dinheiro escasseava mais vezes que esbanjava se é que esbanjou alguma vez!
eu cresci com o cheiro da terra nas mãos, com a cor da terra no corpo, com o sabor da terra na boca, com a marca das levas nos joelhos e onde calhava, dependia de como me atirava ao chão para brincar com as pedras e os caniços. 
não soube, nunca, o que era caxemira e trocava a flanela pela chuva molha-parvos nas tardes de inverno, a apanhar carochas enquanto a mãe acendia a lareira e o pai andava de volta de qualquer coisa, que aquele ali, nunca pára a não ser para dormir; eu nem isso! que desde miúda sou sonâmbula!
mas sempre houve grandes guerras à "hora do comer" por causa do modo como os tratava. nunca consegui tratá-los por você ou na terceira pessoa do singular; tratava toda a gente assim: tios, vizinhos, avós, desconhecidos... os pais, não. nunca fez sentido nenhum para mim! pois se são as pessoas mais próximas da minha vida por que carga d'água hei-de eu tratá-los da mesma forma que trato todos os outros?!
um dia descobri que, segundo algumas directrizes, era uma pessoa mal educada, mal formada. oi?! desculpe!?
não se tratam as pessoas pelo nome. 
foi, de facto, uma falha gravíssima da minha parte. no meu ponto de vista, o sufixo dona envelhecia tanto aquela senhora que espalha juventude e alegria que ainda acrescentar senhora-dona... deus do céu! - parece que havia quem ficasse muito chocado com esta minha maneira de ser... pedi desculpas. engoli o sapo. e o que começou em tom de brincadeira transformou-se em regra. é estranho. não foi por mal. o mau feitio ainda não abomina a educação. mas senhora-dona-(...) credo!, é cá uma coisa!...
eu respeito ainda que estranhe esta distância que se impõe tão naturalmente... na verdade, eu sou só a Tânia. a Tânia, que aos nove anos, acreditava piamente que era descendente do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques! porque eu sou Tânia Henriques! fazia todo o sentido! ainda hei-de investigar! who knows?!
era a loucura! passava a ter lições de etiqueta; pavonear-me com um molho de livros na cabeça para corrigir a postura; obedecer às regras rígidas do mise-en-place e, na onda, aprender os cânticos para a missa do galo. ter aulas de um português snob-chic e em pompa e circunstância pompoar, ai desculpem!, enaltecer, o apelido paterno, aquele que sucede ao da mãe e que assegura a continuidade da geração. falar devagar e de beiça arreganhada para mostrar a cramalheira mas nunca rir! sorrir de biquinho apenas. dress-code em black-tie ou informal elegante com os le coq sportif calçados e o símbolo do ralph lauren do lado do coração, lenço de seda ao pescoço ou os óculos de sol e o chapéu de abas largas? oh vida de gente gran-fina a quanto obrigas!
ah mas esperem lá! ganho um brasão de família, não é?!
e os disparates?! bem... com sorte são eliminados; na pior das hipóteses serão futuros skectches para stand up comedy!

très chic, hã?!


berços!...




ano lectivo

no meu primeiro dia de aulas na escola grande perdi-me! a escola era enorme e o facto de ter chegado em cima da hora do toque foi o suficiente para perder os nortes à entrada dos alunos.
lembro-me de andar às voltas e não dar com o diabo da porta! todas as outras estavam fechadas e tentei a dos professores; lá a custo a contínua deixou-me entrar.
agora a sala… a sala… a sala… encontrei uma menina no corredor, perguntei-lhe pela sala evt1 ou evt2 – presumi que estivessem juntas – nada; aqui é a biblioteca… estas salas não as tenho… quando voltei para trás, ao descer as escadas lá encontrei o diabo da sala. bati à porta, a medo. desculpe… perdi-me e não encontrava a sala e ninguém sabia onde era a sala… e… - sim, sim, entra e podes sentar-te! era alto, o professor; o cabelo meio loiro, de óculos quadrados; tinha um sorriso simpático!
a esta altura do campeonato já conhecia os livros novos todos: as cores, os cheiros, já tinha assinado e forrado as capas com papel transparente. tinha lápis novos e uma borracha branca e outra vermelha e azul (para as canetas), umas canetas quaisquer de tinta azul, de tinta preta. o dossier era daqueles largos e tinha folhas brancas, de linhas e quadriculadas.
gostava muito desta aula. a sala tinha um cheiro diferente e uma disposição de mesas muito mais direcionada uns para os outros que nas outras salas todas em que as mesas estavam agrupadas duas a duas até ao quadro de ardósia, lembrava-me a escola primária donde vinha. uma escola pequena com uma sala única onde eram dados os primeiros passos do abc e os primeiros no estudo do meio.
fiz amizades para a vida… e inimizades parvas que a mesma vida se encarregou de transformar num dos meus maiores suportes mas aos dez anos é tudo muito intenso, o mundo cabe na palma da mão e a mão é tão pequena para o outro mundo infindável de sentimentos e certezas!...

não tarda arranca o novo ano lectivo. já não há livros novos para folhear mas as recordações, que me acompanham, de doze anos de escola e que são reavivadas ano após ano pela publicidade do material escolar, são muito saborosas.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

DIA DO GATO PRETO

por vocês a vossa gata morre de fome!
como assim?! há ração!
oh!... a gata não come desde que vocês sairam no sábado de manhã!
oh meu deus, não posso crer!!
apesar de subirmos com a tralha do campismo a braços, escadas acima, mal podíamos aguentar mais tempo para rodar a chave na porta para agarrar na bichinha! mal nos ouviu e desatou num miado inquisidor e saudoso!
claro que a minha veia feminina caiu numa lamechice doida. o que valeu é que a gata também cedeu senão saímos as duas despenteadas e ela assanhada e eu arranhada mas não, nada disso. foi uma lamechice ronronada! 
e exagero ou não a gata estava bem mais leve quando a peguei ao colo... 

é um mimo bicha-feia! ela é ronrons, é turras, é miados, é dentadinhas-de-amor... 
nunca fui amante de gatos. sempre gostei mais de cães, aliás, eu cresci com cães de várias idades, até. sempre disse que não queria ter gatos mas... se algum dia... fosse para ter que fosse preto.
e dou a mão à palmatória, o braço a torcer e o que mais houver que sirva de reconhecimento à cegueira que tinha. 
não, os gatos não são egoístas, são donos do seu nariz.
não, os gatos não são mal educados, têm personalidade.
não, os gatos não são insensíveis, muito pelo contrário, são demasiado susceptíveis ao que os rodeia.
são meios loucos, os gatos, sim. inclusive, todos os gatos têm uma crazy hour em que nada pára com eles e é tão engraçado ver a Ziva de orelhas para trás, os olhos muito abertos, o corpo mais esguio, a uma velocidade estonteante, interrompida pelos obstáculos que as garras não conseguem contornar e encontrão daqui, encontrão dali faz-me uma revisão ao perímetro da casa minucioso ou... se calhar é mais furioso, por causa da velocidade!! 
continuo, ainda hoje, sem uma explicação a respeito da cor da minha felina se calhar para quebrar o maldito mito do azar, se calhar porque têm um quê de encanto, se calhar... há muitas superstições que deveriam ser esquecidas no tempo mas que ainda vão prevalecendo de qualquer forma quero deixar aqui, por escrito, que a adopção foi a melhor atitude que podia ter tomado e que esta gata preta me enche o coração de amor e traquinice!

fim de semana prolongado - PARTE II

domingo de manhã foi madrugada violenta de encarar mesmo sem sol que só deu o ar da sua graça já depois de almoço. 
o convívio foi do mais saudável possível na presença das saladas em todas as refeições que fizemos com a carne que o Q. grelhou, no entanto, não era a mesma coisa sem um toque perfumado do martini com ou sem a atrevida tónica ou a fervorosa cerveja. as espetadinhas de plástico deram um ar muito chic às azeitonas verdes mergulhadas no copo ora meio cheio ora meio vazio, e no presunto pousado em quadrados de melão.
14horas: café, gelado, piscina; piscina, escorrega, relva, sol, piscina, escorrega, relva, sol!
zumba!
zumba?! nem pensar! amanhã não me mexo!
mas lá fui, olha... amanhã logo se via! e ainda bem que fui! 
a zumba já não é algo muito fácil de fazer, é necessária muita coordenação, e nós (eu e a coordenação) nem por isso somos compatíveis; imaginem na água! mas deu para rir (mais) um bocado e eliminar umas quantas calorias ou não!
a noite foi mais curta fosse por que motivo fosse e a verdade é que assim que aterrei no colchão só acordava nas vezes que o J. me empurrava para o outro lado - vá-se lá saber porquê!

segunda-feira foi dia de gastar os últimos cartuchos. 
o almoço foi redon com umas tiras de marmelada em queijo fresco - os saloios também têm gostos refinados! 
em suma, este fim de semana resume-se a conversas cruzadas e a piadas desdenhadas e as gargalhadas fluíram; e, apesar do desgaste físico, a alma veio revigorada!
tivemos de sair até às 17horas o que foi uma chatice porque a água da piscina estava maravilhosa, o sol um must e a lanzeira com vontade de vigorar mas enfim!, o que é bom acaba depressa, não é?

a repetir, se faz favor!

terça-feira, 16 de agosto de 2016

fim de semana prolongado - PARTE I

este fim de semana prolongado prometia descanso com direito a bronze.
já passava uma hora da hora marcada mas só estávamos dez minutos atrasados e, por conseguinte, saímos de casa de uns amigos mais uma meia hora depois para parar dez minutos depois para beber café que pela demora os grãos foram colhidos e moídos na hora.
rezei para que não faltasse nada ao mesmo tempo que temia que fosse necessário levar alguma coisa indispensável até as manas chegarem é que eu fiquei resumida a um espaço mínimo no banco de trás acompanhada da geleira, do fogareiro, do frigorífico e da mala com as roupas, dos sacos com alguma mercearia e ainda tínhamos de ir às compras!
seguimos rumo a São Pedro de Moel para um acampamento e tanto!
parámos no supermercado na Marinha Grande:
  • pimentos
  • queijo e fiambre
  • mostarda
  • carne (entremeadas, febras, espetadas, pianos)
  • bacalhau
  • vinho tinto
  • enchidos
  • (...)

quando, finalmente, arrumávamos as compras no carro, fosse de que forma fosse, dei pela falta do bacalhau que não estava em lado nenhum e eu tinha-o colocado dentro do carrinho. querem ver que eu fui pôr o bacalhau no carrinho errado?! e caímos os três numa gargalhada em pleno parque de estacionamento. 

três voltas ao parque lá desencantámos uma área generosa à nossa bagunça. e começou a aventura: duas voltas ao terreno e a tenda foi aberta com a porta para o lado errado; desenterra estacas, vira tenda, enterra estacas. puxa daqui, puxa dali, a P. quando vier orienta isto que ela é que percebe do assunto (palavras do Q.), a falta que faz uma mulher na vida de um homem!
finalmente sentámos e almoçámos o belo do piano; os rapazes decidiram passar o resto da tarde no café - ia começar a nova época do futebol, sporting e benfica na mesma tarde - aqui a menina também fez a sua escolha. piscina, óbvio!

não era a tarde mais quente deste verão no entanto, a água estava uma delícia!
entretanto terminei o meu serão de piscina, tomei banho, pintei as unhas, vesti-me e nada delas chegarem e os rapazes entretidos com o futebol. a noite estava fria. elas chegaram! até que enfim! às vezes é tão difícil ser a única mulher no meio de dois homens...
tralhas arrumadas, jantar na mesa, toca de pôr a conversa em dia pela noite fora! os rapazes cederam ao cansaço ainda nem devia ser uma da manhã e eu, a D. e a P. perdemo-nos nas horas entre shius violentos e prolongados nos intervalos das quatro vezes que o guarda nocturno nos chamou a atenção do barulho por causa das nossas gargalhadas inevitáveis não só pela conversa mas sobretudo devido ao licor de tangerina, caseiro, que o meu pai se aventurou a fazer. claro que deu em disparates depois. 
a D, irmã da P. foi-se deitar e não demorou que resolvêssemos ir dar uma volta pelo parque de campismo; interessante, no mínimo, apesar do nevoeiro e da madrugada fria, que estava, fomos comendo gomas de mirtilo  e levantando um pára-brisas aqui, outro ali; uma espreguiçadeira colocada na esquina oposta do bungalow; um estendal fora de sítio; chapéus de sol abertos; umas molas de roupa na corda mesmo ao lado das peças estendidas... enfim! pequenos males sem maldade. aterrámos à porta da tenda, deitadas na típica manta de campismo, aquela grossa, cheia de traços amarelos, vermelhos, azuis, pretos... e divagámos na maior dúvida existencial daquela noite: porque é que chove em todo o lado menos em cima de nós? porque somos anjos e as nossas asas protegem-nos do orvalho da noite. 
cai-me um pingo no meio da testa.
olha... as minhas asas foram no caraças! gargalhada a monte! e só tivemos tempo de puxar a manta para dentro da tenda e adormecer até ao outro dia de manhã.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Algarve, saudades que não deixas.

chegam os primeiros dias de calor a sério e  as primeiras idas à praia e, inevitavelmente, recordo-me sempre de umas férias passadas em Portimão, Algarve, com os tios e primos. 
eu não devia ter mais que onze anos. a prima M. não devia ter mais que os treze; temos pouca diferença de idades. o primo D., era tão pequenino ainda, ainda usava chucha. era um menino lindo... quase sempre de caracóis loiros e desalinhados; uns grandes olhos azuis...
logo no segundo dia apareceu-lhe, à prima, a bendita ou a maldita, nestas idades, é sempre uma inconveniente, a menstruação. como é que fazemos, como é que não fazemos?! lá fomos as duas ao mini-mercado, junto do hotel. neste corredor não, neste corredor também não... encontrámos; meio envergonhadas lá pegámos na embalagem dos tampões e fomos até à caixa; pagámos e saímos a correr - até parece que se tratava de um furto!
era a primeira vez que a M. ia usar aquilo e eu nem a podia ajudar que aquilo ainda não me tinha vindo.
na manhã seguinte, os tios saíram, foram não sei para onde. ficámos os três em casa. a M. enfiou-se na casa de banho; o D. dormia na sala; eu fiquei responsável pelo guisado; eu! que nem sabia cozer batatas!!
estava tudo a correr bem até que... TÂNIA! TÂNIAAA!!!! perdi os chinelos e fui a correr à porta da casa de banho. VAI CHAMAR ALGUÉM! alguém!?! QUEM?!! não conheço ninguém! mas o que é que se passa? NÃO CONSIGO TIRAR ISTO!!! 
o apartamento era no décimo andar e eu saí disparada escadas abaixo, não que não houvesse elevador mas se por um lado esperá-lo era uma eternidade por outro tinha esperança de encontrar uma empregada de limpeza que me pudesse ajudar.
dez andares. eu desci dez andares. NADA! NINGUÉM! não vi vivalma! 
recepção do hotel: NINGUÉM! MAS QUE HOTREL NÃO TEM NINGUÉM NA RECEPÇÃO!!????
OK! (decisão de última hora) vou ao minimercado, a senhora há-de puder ajudar...
entrei de rompante na loja e respirei de alívio quando vi que era a mesma cara. abeirei-me dela, tentando falar o mais baixo mas audível possível:

olá... bom dia... lembra-se de mim? estive cá ontem com a minha prima, alta, morena, de óculos... comprámos uma caixa de tampões...
ah sim! e então?
preciso da sua ajuda. é que ela está aflita na casa de banho porque não consegue tirar aquilo...

momento crítico de toda a minha vida. imaginem o cenário: Algarve. plena época balnear. um calor descomunal àquela hora (meio-dia e meia hora). sozinha. vermelha que nem um tomate mais da vergonha que do calor e a senhora resolve carregar num botão a que se seguiu um som de altifalante e... o momento - o microfone! (WTF?!) - chamou o senhor-não-sei-das-quantas e disse: eu vou ali com esta menina porque a prima está com um problema com o tampão!
desculpe?! o que é que disse?! o que é que acabou de fazer!? isto aconteceu mesmo!? um minimercado inteiro acabou de saber de TUDO!!!! que vergonha...
corremos até ao hotel e subimos pelas escadas até ao décimo andar. 
é aqui! e então, estava a prima, com a cabeça a espreitar para o corredor, aos gritos por mim. quando lhe respondi, ela diz-me: já não é preciso.
O QUÊ?! EU PASSEI A MAIOR VERGONHA DA MINHA VIDA!!!!!!, (pensei).
a senhora voltou ao trabalho no minimercado. o primo D. acordou. o guisado queimou. os tios chegaram. ela não foi mais para a piscina. eu não voltei a entrar no minimercado o resto da semana e após muitos anos quando aquilo apareceu não me atrevi a experimentar não fosse a ementa sair pior que o soneto, tal o trauma com que fiquei! se calhar o problema era serem com o aplicador; ainda hoje não atino com aquilo!!!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Até um dia, se ele existir.

hoje recebi a notícia de que faleceu o sr. João.
o sr. João tinha sido meu vizinho, no tempo em que vivi na Lourinhã, e era um velhinho muito amoroso, na altura vivia com a esposa, falecida o ano passado, actualmente estava num lar.
era um senhor realmente amoroso; de olhar inocente, um sorriso de menino; tinha um carinho na voz que se sentia no toque da mão trémula, a que não se apoiava na bengala. deixei o meu número de telemóvel com eles para qualquer coisa, a qualquer hora, na despedida para vir morar com o J.
disse há uns tempos atrás, à minha mãe, que gostava e havia de ir vê-lo; ela já lá tinha ido e ele tinha perguntado por mim... não cheguei a ir. não fui a tempo...
não vou a tempo de muita coisa!
a minha avó está na mesma situação... e eu ainda não fui vê-la. também nunca tive uma ligação sequer, uma daquelas que quase vêm no cordão umbilical. pouco me lembro do tempo em que era miúda e do que me lembro não é nem bom nem bonito nem nada que valha a pena... recordo que apenas uma noite dormi lá em casa. os meus pais quiseram ir ver a tourada, a Santarém (?!), e eu fiquei com ela. o meu pai trouxe-me uma boneca de trapos e lá para casa veio uma miniatura de um touro com umas varas espetadas. já não a tenho, do touro nem vê-lo.



p.s.: quando comecei a escrever pensei que ia conseguir acabar o texto de alguma forma mais animada mas já estou aqui com o pisca-pisca do cursor há um quarto de hora e nem calinada nem disparate sai... sobre a morte nunca há muito a dizer, não é?

p.s.: até um dia, se ele existir!

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

filosofias a limpo

o google diz por aí que a estética vem do grego
aisthetiké que significa "aquele que nota, que percebe." e nesse sentido é tratada como uma filosofia de arte ou, em leigo, o estudo do belo nas suas diversas manifestações.
grega fico eu cada vez que me olho ao espelho ou sinto um desgraçado de um folículo inconveniente a perfurar a pele! oh deus!
há todo um mundo difícil de enfrentar quando se entra num  gabinete de estética! ele é a cera quente que só falta vê-la a borbulhar como o caldeirão da bruxa - em ponto mais pequeno mas igualmente aterrador; as pinças não são mais simpáticas que, além de frias (quentes também não fariam grande diferença, é verdade), por cada pêlo puxado é uma veia que rebenta de dor! depois, inventaram a depilação a linha!, chamam-lhe threading! a palavra é chique mas não dói menos por isso, quase de certeza. quase porque eu não me atrevo àquilo! resumidamente é feito com fio a 100% e é torcido e enrolado com as duas mãos inserindo a sua extremidade na boca provocando pressão ao deslizar. mas há lá coisa mais bizarra?! 
sim. há. fotodepilação e depilação a laser. uma máquina que desata a lançar flashes e em que tanto a cliente como a esteticista têm uns óculos de protecção em nada parecidos ao do Phelps!; para o pandan só falta a touca de latex. o flash queima o pêlo tipo frango no churrasco, neste caso, mais frangas e galinhas do campo! perceberam a ideia?
hoje foi dia de esteticista. dia não!! cruzes, credo! hora. e saí de lá convencida que a marcação teve muito mais que sessenta minutos e três mil e seiscentos segundos e podia continuar mas acho que consegui transmitir a ideia e não sei quem é mais louca se ela que é, se eu que vou!
então o que é hoje, querida? (favor ler em tom português do Brasil): num simpático resmungo sorridente: buço e sobrancelhas! e foi sofrer até ao fim! felizmente o resultado compensa! 

pensar que esta odisseia começou há... vinte e dois anos depois de uma ida ao circo e ter desejado ter umas pernas luzentes como as malabaristas das cordas e que, para isso, usei a lâmina da minha mãe que apesar dos interrogatórios e frente às evidências (os pêlos loiros na lâmina) neguei tudo até onde pude!

obrigada C, és uma artista. estou grega mas linda e maravilhosa! até daqui a muito tempo!!!

terça-feira, 9 de agosto de 2016

acenar e sorrir

dona Tânia!! que espalha charme e terror quando
passa! charme na rua, quando desfila; terror quando pega no carro! seja benvinda!!!
aquela citação despontou-me uma gargalhada alta, impossível de conter, em pleno talho, cheio de clientes. sr. T, sempre muito brincalhão. comprei as alheiras e saí do talho.
aquelas palavras divertiram-me e ecoaram por algum tempo na minha cabeça... na verdade, foram néctar divino para o meu ego. 
já no outro dia apercebi-me do arrufo, no outro talho, ao pé de casa. 
juro que não dou asas à imaginação e também não alimento as situações; aceno e sorrio!
a M. disse-me, por estes dias, que eu sou uma mulher sexy, sem querer ou sem saber. 
o sorriso sempre aberto, os olhos muito grandes e azuis dão um certo encanto ao meu metro e meio e o rímel nas pestanas, o perfume que o meu pescoço esguio emana, suave por causa dos narizes mais sensíveis, a maquilhagem nula  ou quase de segunda a sexta feira; forte numa long saturday's night... deve ser isto que chama a atenção.
há uns tempos acusaram-me uns requintes de malvadez. ri-me para o ecrã do telemóvel e continuei a trabalhar. a que raio de propósito alguém se lembrou daquilo?! mas gosto da combinação: requintes de malvadez...
há uns meses atrás o ex gostou de me ver após tantos anos. (éramos uns miúdos...)
aqui e ali capto os olhares mas nunca me apercebo de alguma atitude avant garde
assim como nunca sonhei com véus e grinaldas também nunca me achei nem a primeira nem a última bolacha do pacote e assim sendo, sem levar à letra, note-se, sou uma maria-vai-com-as-outras. a minha "onda" é mais guirlandas e luzes de natal; gosto de berloques e bugigangas, vaidades é o que é! 
e antes que diga algum disparate maior, até amanhã!

domingo, 7 de agosto de 2016

carta aberta a mim mesma

confirma-se. o que é feito com amor tem outro
sabor. sim, sim, metaforicamente falando. isto é errado! não ter a capacidade para, automaticamente, captar a entoação de cada palavra escrita que, em suma, é a entoação a responsável pela transmissão de uma mensagem. será que a falha está no escritor?


***

se o meu pestanejar tivesse o impacto que têm as asas das borboletas, do outro lado do mundo, era o bastante para as folhagens das árvores centenárias, que me rodeiam, darem um ar da sua graça.
passou um último carro... até ao próximo! no silêncio que se segue, neste intervalo, consigo ouvir o grilar atrás da folhagem logo após os muros da Casa. depois sobrepõe-se o som da passagem cruzada de outros dois carros a 50km/h com o acelerar de um terceiro, na curva ali atrás. ao longe, a festa de Ferrel é uma das anfitriãs dos bailaricos saloios e Peniche recebe um número generoso de visitantes: esta noite os barcos saem para o mar iluminados, decorados e acompanhados pelos santos que, esta noite, abandonam os altares. entre todos eles encontram-se a padroeira dos pescadores, a Nossa Senhora da Boa Viagem e o padroeiro da terra, São Pedro Telmo.
o zumbido das linhas telefónicas e eléctricas é uma constante. o que daria eu, para vivenciar, por um dia, o tempo sem carros, apenas com os burros e os bois e com vestes tão diferentes das que conheço agora?! divagações... quem não as tem?
a Casa do Castelo, não a considero minha, estimo-a como tal. na verdade, sinto-me uma sortuda por usufruir deste espaço, desta História, da lenda. devia aplicar-me no francês, dominar o inglês e quiçà descobrir o italiano?
dois homens descem a rua de calçada junto à igreja da costela da baleia que deu à costa, em tempos idos. um cão rafeirito acompanha-os. a Casa tem wi-fi mas está-se bem é cá fora, sem tecnologia, nesta, que é rara, noite de verão sem frio, sem vento, só com a lua, hoje em quarto crescente.
o hibísco floresceu.. vem dar cor ao muro pintado de fresco.
o dragoeiro desprendeu uma folha seca para chamar a atenção. tirá-la-ei do chão calcetado antes de me ir embora, só para que fique tudo bonito e limpo.
os hóspedes não chegam; foram todos para as festas.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

churrascada acaba em ajuntamento de lelos

depois da churrascada, na semana passada, em casa dos octana, a matar saudades daqueles que vieram das ilhas, este domingo ficou para um dia inteirinho de praia, na foz de arelho. quem vai, quem é que não vai; a R. comenta que, nesta semana que ia entrar e que agora já passou, ia fazer um ano de aniversário de casamento. mulher que é mulher cai num ooooohhhh! lamechas. a P. ofereceu-se para fazer um bolo e, entre olhos, combinámos comprar uns noivinhos já que o bolo dela, no próprio dia do casamento, nem os noivos, nem o pasteleiro se lembraram de colocar os noivinhos!! não percebo como.
neste dia, ou melhor, nesta tarde, muito se comeu! era queijo da ilha; os amendoins da P. e o pão de queijo e o folhado de morcela com maçã; e salada de fruta alcoólica que era suposto ser sangria. saladas mistas; pão; batatas fritas; carne grelhada no carvão! conversa aqui; conversa ali até à uma da manhã foi um pulinho.

na segunda-feira logo comecei a odisseia em prol de uns noivos dignos deles! e, em toda a Lourinhã, só podia haver um sítio digno de tal tarefa: Lovely Cakes & Partys! é um mimo de loja que tem um mundo crescente lá dentro desde balões a formas até noivinhos, de todo o género! e lá estavam eles... na prateleira branca... no meio de uma meia-dúzia de outros tantos noivinhos, elegantes e amorosos... estes eram OS noivinhos da R. e do C.

neste domingo, o encontro era suposto ter sido logo às seis da manhã, mas os mais corajosos só chegaram por volta das nove e meia e não fomos nós. mas chegámos logo a seguir!
ao meio-dia o grupo estava composto. ou melhor... o ajuntamento de lelos estava no auge: era pára-ventos colocados que, além do óbvio (travar a passagem do vento), delimitavam um discreto perímetro qual condomínio privado e quase tínhamos mais chapéus de sol que cabeças. as toalhas espalhavam-se e as geleiras, azuis, acumulavam-se.
o bolo da P. estava lindo e fofo! os noivos um arraso! e ali, no meio da praia, em cima de toalhas de praia e todos de biquini lá conseguimos acender a vela com o isqueiro da D. e com o J. a desenrascar um abrigo nas nossas costas, contra o mesmo vento, com a sua toalha de praia, oferecemos um bolo para todos juntos, em que só um dos casais tinha ido, de facto, ao dito casamento, mas todos juntos, comemorarmos! 
agora, além de lindo e fofo, o bolo, era também delicioso. metade foi à vida naquele instante. deixámos a outra metade para o lanche. 
atacámos a bucha que foi todo um manjar à base de croquetes e rissóis e pastéis; quiche de farinheira; o belo do folhado, entretanto categorizado tradicional, de morcela e maçã, queijo fresco, azeitonas, beterraba; salada algarvia; e doces e amendoins... sumos mais ou menos naturais; cerveja e vinho tinto... oh! foi o dia todo nisto.
andámos de caiaque até à outra margem da foz; uns caminharam para fugir à histeria do rapazinho matulão que conseguiu sobrepor a sua voz aos avecs que estavam metros mais à frente a chapinhar na água. quase dormi na praia não fosse os zelosos apelos da D. para me refugiar na sombra ou besuntar-me de protector solar.
ainda se jogou ao UNO. 
e depois levantámos acampamento rumo à poncha que só o C. sabe fazer. o J. já lambia os beiços.
e eis que... ONDE É QUE ESTÃO OS MEUS NOIVOS!!????? gritou a R., da cozinha. até à sala foram dois passos com o dedo apontado na minha direcção e na da P. parece que ninguém os tem. mas que desapareceram... desapareceram.



p.s.: R. não sou eu quem os tem! fui eu que os comprei que raio de ideia a tua pensar que logo eu, os iria roubar.