domingo, 7 de agosto de 2016

carta aberta a mim mesma

confirma-se. o que é feito com amor tem outro
sabor. sim, sim, metaforicamente falando. isto é errado! não ter a capacidade para, automaticamente, captar a entoação de cada palavra escrita que, em suma, é a entoação a responsável pela transmissão de uma mensagem. será que a falha está no escritor?


***

se o meu pestanejar tivesse o impacto que têm as asas das borboletas, do outro lado do mundo, era o bastante para as folhagens das árvores centenárias, que me rodeiam, darem um ar da sua graça.
passou um último carro... até ao próximo! no silêncio que se segue, neste intervalo, consigo ouvir o grilar atrás da folhagem logo após os muros da Casa. depois sobrepõe-se o som da passagem cruzada de outros dois carros a 50km/h com o acelerar de um terceiro, na curva ali atrás. ao longe, a festa de Ferrel é uma das anfitriãs dos bailaricos saloios e Peniche recebe um número generoso de visitantes: esta noite os barcos saem para o mar iluminados, decorados e acompanhados pelos santos que, esta noite, abandonam os altares. entre todos eles encontram-se a padroeira dos pescadores, a Nossa Senhora da Boa Viagem e o padroeiro da terra, São Pedro Telmo.
o zumbido das linhas telefónicas e eléctricas é uma constante. o que daria eu, para vivenciar, por um dia, o tempo sem carros, apenas com os burros e os bois e com vestes tão diferentes das que conheço agora?! divagações... quem não as tem?
a Casa do Castelo, não a considero minha, estimo-a como tal. na verdade, sinto-me uma sortuda por usufruir deste espaço, desta História, da lenda. devia aplicar-me no francês, dominar o inglês e quiçà descobrir o italiano?
dois homens descem a rua de calçada junto à igreja da costela da baleia que deu à costa, em tempos idos. um cão rafeirito acompanha-os. a Casa tem wi-fi mas está-se bem é cá fora, sem tecnologia, nesta, que é rara, noite de verão sem frio, sem vento, só com a lua, hoje em quarto crescente.
o hibísco floresceu.. vem dar cor ao muro pintado de fresco.
o dragoeiro desprendeu uma folha seca para chamar a atenção. tirá-la-ei do chão calcetado antes de me ir embora, só para que fique tudo bonito e limpo.
os hóspedes não chegam; foram todos para as festas.

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