segunda-feira, 18 de julho de 2016

60ª Caminhada Trilhos do Mar: Constância - Castelo Almourol - DIA 2

informação do dia:

" Este trilho circular, inicia-se no parque de campismo de Constância e leva-nos a atravessar o Zêzere em direção à Fonte Santa e à Praia do Ribatejo até encontrar a linha férrea e a estação de Almourol a qual seguiremos até á beira rio onde depois de barco iremos visitar o imponente Castelo. Após a visita e regresso mediante o horário próprio tentaremos regressar de comboio até a estação da Praia do Ribatejo e completar a travessia da ponte do Zêzere de regresso ao campismo de Constância."


06h30... não se ouve vivalma... se calhar ainda está tudo a dormir... fecho os olhos, dou meia
volta e pego no sono, novamente. dali a pouco mais de meia hora sou obrigada a levantar-me por causa do calor e do horário para a caminhada, a concentração é a um quarto para as nove (horas).

arrumada a tenda, tomado o pequeno-almoço, bebido café... o sol amanheceu em altas! por estas horas já denunciava 28ºC! 
dadas as directrizes, atravessámos a ponte com destino a Fonte Santa com muitos eucaliptos e pinheiros como companhia; alguém alertou para cuidados redobrados com as carraças, eu namorei as silvas mas as amoras... estavam secas, não chegaram a amadurecer. seguimos caminho com árvores que fazem cúpulas e ervas secas que transformam qualquer borda num jardim cantado por cigarras; formigas nem vê-las!
chegámos à estação de comboios de Almourol. não está ninguém. ao lado, a escola prática de engenharia, também parece estar ao abandono... ali escondida mas à vista de todos, uma cachesita pronta a ser registada, dois minutos depois chega um comboio nas nossas costas. espera pelo que há de vir pois a linha deixa de ter duas faixas para passar a ter uma. metros mais à frente ainda o castelo não se tinha dado a ver entre as folhagens das árvores já se ouvi o som dos carris. cá está ele. é de mercadorias. e é enorme! olha!... o castelo... é grande. o calor aperta cada vez mais mas estamos a dois passos de alcançar o bendito!
FOTO DE GRUUUPO!! ALGUÉM QUE CHAME A TÂNIA, já começa a ser tradição, espalhar o meu nome no vento!
foto de grupo tirada com o Castelo de Almourol logo ali em cima.
atravessámos o Tejo para subir o tão magestoso e desvendar os segredos que aquelas pedras guardam. há por ali lendas e porquês das construções e o que foram, um dia, há muito, muito tempo atrás... 
voltámos para apanhar o comboio que partia ao meio-dia e dois minutos. 
ah... que fresco! ai está-se tão bem aqui dentro!!!
dois minutos depois... calor à brava, novamente. entrámos na estação de Almourol e saímos na de Praia da Ribeira Grande para prosseguir todo o caminho a pé.
finalmente, já passava bem da hora de almoço, quando chegámos ao parque de campismo de Constância novamente. na minha cabeça, e não só, havia uma imagem e não era ilusão ou miragem o rio zêzere estava mesmo ali ao pé e eu ia meter-me toda dentro dele! que bem que soube!
almoçámos mesmo lá no parque e seguiu-se uma sesta porque não dava mesmo para regressar debaixo deste sol maravilhoso. e seguimos caminho para casa! 
enfim! já está...
de volta a Peniche o que é eu encontro?! nevoeiro cerrado. frio. 20º de temperatura só para o contraste com os maravilhosos 40º de Santarém. assim nem houve espaço a tentações para mergulhos no mar.

domingo, 17 de julho de 2016

60ª Caminhada Trilhos do Mar: Constância - Castelo Almourol - DIA 1

cebola, alho e salsa picados... bacalhau desfiado. grão lavado. ovos cozidos. azeitonas temperadas com alho e azeite... tudo despachado em tupperware. copos de plástico e guardanapos. talheres... ah!! azeite e vinagre! iogurtes, sumos, bolachas; águas e minis. tudo despachado. o J. acorda e orienta o resto que falta.
às oito horas da manhã o termómetro marcava vinte graus celsius!
às nove saímos de Peniche ao som dos red hot chilli peppers rumo a Constância, distrito de Santarém. reunimos-nos com os Trilhos do Mar e a primeira paragem foi na estação de serviço de Rio Maior, combinado não tinha corrido tão bem; ao mesmo tempo chegam os RC e os OA. água nos pára-brisas, cafésinho para abrir a pestana.
segunda paragem: supermercado a caminho dos Riachos (para comprar aquilo que os esquecidos deixaram para a última hora; no meu caso: protector solar).

"Punhete era o antigo nome de Constância. Foi no século passado que o nome mudou e segundo a lenda, em homenagem a um grande amor ali vivido.
(...) das lutas liberais aconteceu o amor entre dois jovens de duas importantes famílias da vila,(...) proibido, já que as famílias pertenciam a campos políticos opostos -  uns eram Miguelistas e outros Liberais. 
Diz-se que apesar da oposição das famílias os jovens casaram e foram felizes. Anos mais tarde a Rainha D. Maria passou pela vila e esteve hospedada na casa do casal e (...) contaram à rainha a sua história de amor.
A rainha terá ficado comovida e disse:
- Devido à constância do vosso amor e à beleza desta terra, que é tão bonita e tem um nome tão feio, a partir de agora ela passará a chamar-se Constância."

chegámos, finalmente, a Constância. a vila é muito pacata, muito tradicional, muito bonita, à primeira vista. chamam-lhe carinhosamente a VILA POEMA e, de facto, numa esquina encontramos O'neill, numa travessa Camões. 
montámos a barraca no parque de campismo e começou logo de forma crítica: trouxemos a bomba; as almofadas novas, de encher; os sacos de cama mas não o colchão.
há muitas árvores à volta, o que é óptimo sinal de sombra e frescura; bikini vestido, toalha na mão, ora vamos lá ver a temperatura do rio!
a corrente era relativamente forte; uma arca vazia e um par de chinelos anunciavam a chegada de algumas pessoas que desciam de caiaque o Zêzere que beijava o Tejo, mais abaixo.

oh vida boa! CREDO!!! os seixos estão hot, hot, hot! OH MEU DEUS! a água está fria que dói! os tornozelos e os joelhos até ficam dormentes tal o choque térmico. vamos para a toalha... que está a escaldar! vamos à água que está tão fria que poucos são os corajosos que mergulham.
o almoço foi piquenique!
e o resto da tarde foi passada num metro: toalha -beira do rio - toalha - beira do rio - (protector solar) - toalha - (água) - (...)
à noite fomos jantar à Taverna da Leopoldina.
muito genuíno, o espaço "tem paredes com duzentos anos...", disse a empregada cheio de orgulho no peito, e é tudo encantador: as loiças são de barro, os jarros de vinho caseiro, branco ou tinto, que é servido em pequenos púcaros de inox. para entradas tivemos azeitonas e pão e bolinhas de queijo creme com salsa e o menu também tinha o seu quê de excelência, por exemplo, ninho da leopoldina (alheira com ovos de coderniz) ou cação com molho verde, que foi a minha segunda escolha e não foi boa; na verdade, tirando a grelhada mista, todos os outros pratos para prova eram grandes maravilhas, só isso. 
dessert. havia duas com nomes muito apelativos pela sua originalidade: pudim do tacho e sopa da pedra. roubei uma colherinha do pudim da vizinha do lado enquanto encarei, estupefacta, a empregada por causa da minha sobremesa. era tão pouca que não era maior que uma colher de sopa. sério?! consistia em fruta e pão e sultanas como se fosse pudim mas não era bem o caso. era delicioso, sim, mas pouco. e esse foi o problema que tivemos, ainda antes da sobremesa, quando a senhora nos questionou se o peixe estava bom. bom estava, era pouco, a posta do meu prato não era do tamanho da minha palma da mão... já não bebi café.
seguimos para o Centro de Ciência Viva. 22h45 e ainda se vê o sol a prolongar o entardecer; ainda estão 30ºc.
identificámos a constelação da Ursa Maior e da Menor, da qual só se viam duas estrelas; conhecemos o bule, o cisne, o escorpião, a borboleta ou o H de Hércules, a nuvem de estrelas; depois a cassiopeia; aprendi a descobrir a estrela polar e ouvi falar, pela primeira vez, do triângulo de verão. vimos pormenores da lua; o planeta Marte, Saturno com os seus anéis e Júpiter com as quatro luas maiores...
a repetir e descobrir o centro de dia porque há muita coisa a descobrir!
voltámos ao parque para prolongar a conversa fiada e despertar gargalhadas! a S. levou três garrafinhas de tinto, lá de cima, de Coimbra, da adega de um amigo. eu fui buscar ao carro as bolachas de chocolate. 
e tudo se passou. até sustos! então não é que me assustei com o cabelo da criança no colo da mãe?! no barulho das luzes não distingui que a criança dormitava. 
são duas da manhã e o telemóvel denuncia 28ºc. vamos dormir, há muito que andar amanhã!

quinta-feira, 14 de julho de 2016

8° moto papper amp - "aos papéis com o concelho!"

eu nunca fiz um peddy papper. e dentro da lógica também nunca tinha feito um moto papper. surgiu a oportunidade e não podia deixar escapar ver como é e o que se faz. 
antes de mais nada, primeira regra: bombordo significa esquerda; estibordo quer dizer direita; segunda regra: ler tudo muito bem.
almoçámos na associação de motociclismo de Peniche a bela da sardinhada e à hora marcada, mais coisa, menos coisa, deu-se início à actividade lúdica. 
o primeiro jogo consistia, ainda dentro das instalações, em passar uma porca por um fio sem lhe tocar, caso contrário, buzinava!! eram três tentativas ou um minuto e meio de tempo para executar. foram-nos entregues as regras e duas senhas. 
15h13 no nosso relógio, 15h19 no relógio do júri, já partimos atrasados.
e que comece a aventura!! a primeira questão mandava virar a bombordo a dobrar; meia horita depois, entregámos as senhas em troca de duas águas... saímos da cidade rumo à praia do consolo onde o antónimo era maior em busca daqueles que chovem mas o jogo do pote furado que tinha de transportar água de um lado para o outro compensou. foi o primeiro de três. no segundo tínhamos de colocar umas cabeleiras cheias de caracóis, uns óculos muito kitsch e calçar uns pés de pato; o terceiro consistia em dar a volta ao lago nestas figuras ao mesmo tempo que puxávamos um iate com a fotografia del presidente (sem meter água)!
passaram-se duas horas e meia a realizar o bendito jogo literalmente aos papéis pelo concelho... os trocadilhos tentaram-nos trocar as voltas e algumas das charadas conseguiram-nos saltar com a ratoeira. mas todas as trinta e uma perguntas elevaram as minhas expectativas ao máximo ou então a minha excitação excedeu todos os limites. a última foi, para mim, a cereja no topo do bolo. mandava-nos tirar uma fotografia que não fosse original pois isso tiraria pontuação! lá nos
dirigimos ao Baleal e eu, não nós, eu procurava o ambiente ideal, o J. queria despachar a coisa com uma foto simples, nós e a mota com a ilha ao fundo. o quê?! nem pensar! passa por nós um surfista estrangeiro mas o J. não me deixou dar um nó cego à língua no meu inglês rebuscado. humm... duas velhinhas estavam na palheta no banco de jardim com os chorões aos pés e o mar ali ao pé. podia, pensei, podia... é melhor não!... na nossa direcção vinha uma camone.
please!...
hi! we're playing  a moto papper and the last question ask us to take an original picture. do you...  ela interrompe-me!
yes, yes! of course!!
que máximo!!! adorei a nossa foto, ter conseguido falar inglês e participado no moto papper! com o entusiasmo esqueci-me das apresentações mas falei-lhe que encontraria a foto connosco no facebook da amp.
chegámos primeiro que todos mas ficámos em quinto. quero lá saber! a experiência foi rica a todos os níveis e para o ano, se houver, conto de repetir!

SÃO PEDRO JÁ NÃO PRECISAMOS DE TI! - parte I

eu estava doida para que chegasse dia 22!! ou não!!
a M. falou comigo depois de ter falado com a S.A. sobre um novo encontro para a ramboia. lá ficou decidido o dia 22  de junho para nos encontrarmos. eu tinha planeado uma semana intensiva de limpezas e depois... tesos do Ribatejo!!!! mas se calhar uma pausa não era mal pensado...
pensei que podíamos visitar o museu da fortaleza ou conhecer o farol, andar de caiaque?? se não... podemos sempre ir para a praia; tudo boas hipóteses para perto e bom caminho de casa e sem custos avultados.
disse-lhes que tratava de tudo. é importante saber se alguém tem medo de alturas ou algum problema com a água. nada. boa!!! o
passo seguinte foi interrogar o google pelos 'conects' do farol e do centro de canoagem do oeste, Atouguia da Baleia. 
como é tradição, nada foi fácil nem à primeira. dos contactos telefónicos ao farol não houve resposta e só me lembrava da anedota do preto (o pretopega no telefone e pergunta: quem é o preto mai bonito?? e do outro lado ouve-se: tu... tu.... tu...); do centro de canoagem havia a esperança remota de se realizar a prática mas sem certezas. 
as meninas perguntaram pelo dress code.

Dress Code:
Bikini/triquini/fato de banho/(...)
Saias/calções ou roupa confortável 
Ténis ou chinelos/havaianas para as chiques
Roupa e calçado suplente 
Protector solar
Chapéu/boné
Toalha de praia
Bateria no telemóvel (rede não. Vai faltar)
Boa disposição 
Almoço
Lanche.

p.s.: 
valor: quaisquer vinte €uros levam troco para casa.

a S.A. questionou-me acerca de são Pedro, por causa do tempo, com um tempo maravilhoso na segunda e na terça-feira, amanhã estará igual ou melhor!! (pensava eu!!!)

13horas e as meninas estavam reunidas. a M. trouxe uma amiga: a D. (eu já a conhecia do casamento da M. mas não tínhamos tido mais contacto desde esse dia. foi a fotógrafa. vamos ver se ela se porta bem.)
chegámos ao pinhal; estacionámos a viatura e agarrámos nas trouxas que tinham a bucha e a pinga.

ementa:

  • ovos verdes
  • salada de atum
  • salada mista 
  • salada de fruta
  • rolinhos de salmão fumado e sementes de sésamo 
  • sangria tinta
  • água.

como de costume, muitas calinadas foram ditas, alguns disparates pelo meio e... o eco da voz da M. (muita gargalhada foi solta naquele momento). 
tentei a todo o custo contar-vos primeiro que a elas mas não foi fácil com a espionagem intensiva que sofri.
vamos para Peniche, Cabo Carvoeiro, expliquei. sempre em frente S. não tem como enganar. podes estacionar. 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

CABO DA ROCA, a ponta mais ocidental da Europa Continental

fomos passear. eu e o meu-mais-que-tudo.
destino: Cabo da Roca.
hora de partida: assim que a preguiça permita.
seguimos pela estrada nacional atravessando a pacata terra de Ribamar da Lourinhã, até à praia de Santa Rita; Santa Cruz estava como Peniche: um nevoeiro descomunal. a Ericeira ainda nós presenteou um pouco de sol mas nada por aí além.
como já saímos de casa tarde e a más horas já passava um bocado da uma da tarde quando fomos almoçar. o J. conhece um restaurante muito pacato, muito castiço. O RETIRO DO SALOIO. é um espaço pequeno com cores quentes a gritar a tardes quentes de verão, aquela cor amarelo torrado; à entrada somos recebidos pela simpatia do smile do livro dos elogios de um lado e do outro um quadro em ardósia ocupa a parede toda com a ementa escrita à mão. a sala é dividida por uma estrutura de sulipas que suporta uns espanta-espíritos com pássaros e, junto desta, uma armação que já foi ou deu-me a entender já ter sido a cabeceira de ferro ornamentada de uma cama. na parede acima do balcão está um xaile branco, pendurado num cabide com os dias da semana em francês oh oui c'est chic! na parede à minha frente há rodas de carroças e umas naturezas mortas expostas; atrás de mim, todo um conjunto de galináceos em ferro e no tecto, os candeeiros são de ferro com motivos naturais que contrastam com as luminárias de vidro colorido dando um ar muito chill out. fomos muito bem recebidos. o almoço foi jardineira de vitela. a sobremesa panacotta de frutos vermelhos.
empatorrados mas chegámos, finalmente.
estava uma ventania e tanto, algum sol e o nevoeiro! ah! e turistas, montes deles!! nenhum português! até foi estranho... olhei ambiciosa para o farol mas hoje é quinta-feira se fosse quarta... e não vi ninguém a quem pudesse fazer o choradinho para visitá-lo por dentro... apesar de tudo nunca será uma viagem em vão. o que o nevoeiro permitiu ver compensa e além disse descobri que se trata de um PEACE BLOSSOM, ou seja, é um lugar que quer pela sua localização geográfica quer pelo seu significado abstrato é escolhido com o intuito de apelar à Paz entre os homens. o fundador desta iniciativa foi Sei Chinmoy que dedicou toda a sua vida à Paz pelo mundo alegando

"A PAZ NÃO SIGNIFICA AUSÊNCIA DE GUERRA.
A PAZ SIGNIFICA A PRESENÇA DE HARMONIA, AMOR, SATISFAÇÃO E UNIÃO."

desafiei o J. a virar à direita num entroncamento que nós direccionada para o convento dos capuchos e o santuário da peninha. descemos a serra de Sintra numa estrada de alcatrão um tanto estreita mas... as histórias que ela conta são de há muitos anos atrás. estacionárias numa clareira e andamos uns quinhentos metros, sempre a subir, para sermos compensados com uma vista maravilhosa. parecia que tinha ali à mão a citadina Cascais com o mar beijoqueiro. quatro ou cinco navios cargueiros estavam de partida ou de chegada. e o nevoeiro não deixava ver mais nada. o santuário está um pouco abandonado embora sejam visíveis os avisos de vigilância e os marcos de reserva micro ecológica. só uma janela embaciada e poeirenta me satisfez a curiosidade do interior -  as três salas que vi são despojadas de mobiliário, o piso é tijoleira, as paredes tem um metro de altura de azulejo português azul e amarelo, algum já começou a ceder mas não há destroços no chão e, estão a um canto, três cadeiras, brancas, de plástico, arrumadas. mais abaixo, resiste às intempéries do tempo uma construção que me pareceu ser a casa dos animais. e qual não é o meu espanto, quando lá dentro, a arquitectura denuncia uma igreja (há uma cruz numa das abóbadas) que foi violada e abandonada, que veio a servir de palheiro, e já foi adorada... há uma lenda por trás, obviamente.
voltámos para o carro, divertidos e cansados; a viagem prometia ser mais maçadora mas nada que um café e música não ajudasse a provocar umas gargalhadas parvas.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

125cc a 20km/h

"com o nevoeiro que está esta noite amanhã vai estar um calor abrasador!", mais certo que o azeite à tona da água, era o J. como boletim meteorológico.
o dia amanheceu e o sol veio cheio de força. às dez da manhã já o carro marcava 20°. infelizmente, como manda o ditado velhinho, "foi sol de pouca dura". ainda o almoço não tinha acabado já se tinha instalado um nevoeiro cerrado que conquistava cada vez mais terra. foram ao ar os planos para a praia, pensei mas não me deixei ficar em casa. agarrámos na acelera, uma 125cc e partimos numa voltinha dos tristes.
para quem não sabe, a voltinha dos tristes, refere-se a um determinado percurso, uma voltinha; só para não ficarmos em casa.
casaco vestido, capacete posto, óculos de sol colocados, gasolina na mota, siga!!
fomos à praia do molhe leste. fomos à praia dos super tubos. seguimos caminho à Consolação receber um bocadinho de iodo já que não não havia bimbas ao léu para regalar as vistas e dali fomos comer um gelado a São Bernardino. impressionante... sol em todo o lado menos em terras penichenses!!! caramba, que raio de sorte! as férias a acabarem e nada de bronze neste corpinho danone!
entretanto... já tinha cansado os fígados ao J. para conduzir a mota. há três anos que a temos e só ando a pendura... tanto queixume, depois havia de dar frutos!!
numa zona habitacional e deserta, àquela hora da tarde, ele lá cedeu.
sai! e eu saí. ele chegou-se para trás e eu sentei-me à frente, excitadíssima!
qual criança com um chupa-chupa assim era eu a subir para a mota!! constatei: primeiro ponto: é difícil chegar com os pés ao chão (até descobrir o truque).
segundo ponto: haja sensibilidade na mão (um bocadinho de ganância a mais e parece que estamos prontos a entrar no próximo MotoGP)!
terceiro ponto: alguém dê um xanax ao J.! quanto mais ele ordenava para desacelerar mais eu acelerava e ria-me que nem uma perdida!!
UH UH!!!!  ESTAMOS A 20KM/H!!!
dez minutos depois acabava-se a festa. e eu a pensar que levava a mota para casa..., desafiei-o. nem penses!! claro que era escusado perguntar-lhe o nível de confiança em mim mas não resisti e ele não mentiu. obviamente que numa escala de zero a dez era dez (negativos)!
no entanto, cedeu em irmos até à rotunda e eis que, no entroncamento à nossa esquerda, surge um carro.
Oh, fogo! a gnr!
a mim, os nervos, dão-me para rir, descontroladamente, de forma que, continuei, e a rir que nem uma louca!! quando olho, por que, apesar do riso, nunca fechei os olhos nem os desviei da estrada, vejo o carro da gnr ao meu lado. garanto duas coisas! fiz um esforço do tamanho do mundo para me controlar e se não fosse o-meu-mais-que-tudo tinha continuado a proeza da condução, certamente, com os três indivíduos de bigodaça e de farda a mandar encostar sem ceder, mesmo que os tivesse contagiado com o riso. (quer dizer, um deles devia ser mais novo que nem bigode tinha!)
o senhor guarda dirigiu-se a mim e pediu-me os meus documentos e os da viatura. foram-lhes entregue e eis que, da mala do carro, saca de um livro, quase um bíblia, a verificar, a verificar...
evitei, o mais possível, o contacto visual tal era o meu descontrolo humorístico.
o outro gnr já era homem dos seus cinquenta anos e fumava o seu cigarrinho enquanto admirava a paisagem; o mais novo, também divertido, não abriu boca para dizer nada e eis a pergunta que eu já sabia que ia ser feita e que nós os dois íamos responder de forma contraditória:
então, a menina está a aprender a conduzir?
resposta do J: ... mais ou menos!...
a minha resposta: não, não!!... eu já não pegava era na mota há algum tempo!!
e quase fui traída por uma gargalhada!
foram devolvidos os documentos, desejado boa tarde, e cada veículo seguiu o seu caminho.
chorei a rir da situação caricata; é que só faltou mandarem-me soprar ao balão - coisa que eu não ia conseguir fazer, percebem porquê! ao mesmo tempo o J. dizia " 'tás a ver?! 'tás a ver no que é que me metes??"
o que é que ele procurava no livro?? pensou que eu não tinha idade?? mas já não se pode ter 1,48m de altura?
e regressámos a casa, nos lugares habituais: ele como condutor, eu como pendura (com ataques loucos de gargalhadas incontroláveis!)
P.S.: Sr. Guarda, se por mero acaso, sorte ou azar, der com este registo, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência!