quarta-feira, 4 de maio de 2011

realidades

"não te arrependes?!"
engoli em seco. senti a garganta fechar-se àquela pergunta vinda sei lá de onde mas que nunca me tinham feito até à data... uma coisa é insistirem connosco com uma idéia, um sonho que já resolvemos deixá-lo guardado atrás das costas, debaixo das melhores recordações da vida, naquele cantinho secreto do nosso coração, outra coisa completamente diferente é fazerem-nos parar, chocarem-nos com a realidade...
corei. senti-me entristecer... não queria responder mas também não sou de fugir à realidade.
arrependo-me. tenho saudades dos meus traços, das minhas cores, das minhas linhas, dos meus desenhos. tenho saudades mais por que agora já não consigo. passaram cinco anos... o tempo passa e nem se dá conta...
aos dezasseis anos apaixonei-me pelas cores... pelas linhas simples e minimalistas a partir de uma casca de pinheiro. quis continuar. não me deixaram (per)seguir o mundo das artes, das cores, dos desafios, dos sonhos, perdi o brilho no azul dos meus olhos. a imaginação. o motivo.
o apoio sempre me foi fiel o da minha mãe que nunca me faltou. hoje em dia... além da falta de imaginação falta-me a ousadia de investir, de investigar, de criar. tenho vontade de rascunhar os pedacinhos de papel à hora da bica. e a falta do cheiro entranhado na pele das minhas mãos, nas pontas dos dedos. o cabelo mal apanhado pela mola do cabelo. o lábio inferior mordido da ansiedade de terminar um projecto novo. o frio na barriga. os olhos cheios de estrelinhas. o coração palpitante. o ego no auge.
tenho aí umas idéias em mente... mas estou receosa, a desdenhar dos meus traços, sem fé do que se possa chamar de génesis nos poros de uma folha de papel cavalinho.