quarta-feira, 28 de julho de 2010

só mais uma desgraçazita!

sou aquele tipo de pessoa que gesticula muito. bato em copos, rasgo papelinhos de todo o género. pego em canetas e vou rabiscando cantos ocultos. se se tratara de um pano de cozinha naquela hora de enxugar a lioça e arrumá-la então pior ainda - enquanto estou à espera da minha vez de pegar ao serviço corro canto a canto do dito pano até que lá o espalho nas mãos para receber a loiça...
sou uma pessoa de alguns azares.
às vezes, enquanto navego na internet, tenho muito o hábito que me ir coçando ou esfregando as mãos, encostar a cara à mão fechada em punho ou qualquer outra coisa do momento. hoje lembrei-me de passar os dedos indicador e polegar da mão direita, para ser mais precisa, pela cana de nariz. que paulitada que eu levei hoje na cana do nariz... até vi estrelas, como se costuma dizer. o meu pai ainda se riu das lágrimas repentinas nos meus olhos mas a verdade é que aquilo doeu como tudo... já não chegava o calor para me apoquentar logo no dia em que não sabia o que tinha feito ao elástico do cabelo como aind apor cima levei com um pirolito no meio da cara. felizmente nem está inchado nem negro nem dói! mas doeu como tudo!!! fogo!!! o português tem sempre razão não é? ;)

terça-feira, 27 de julho de 2010

piiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!


ora bem... ia eu hoje receber os móveis novos para a minha casa nova quando bati no carro de uma senhora que eu pensei que ela já tinha passado pois o tempo que ela levou entre os cinco ou seis metros da distância entre a última vez que olhei até eu entrar no meu carro, ligá-lo, accionar o pisca, colocar o cinto de segurança e virar a direcção para a esquerda para entrar na estrada ela, aparentemente, não teve tempo de passar por mim e bati-lhe porque foquei a minha atenção no carro que ainda vinha lá atrás e nem imaginei sequer que ela ainda poderia estar a passar... felizmente a senhora não levantou stresses e em cinco minutos resolvemos tudo. mas o meu carro... ai o meu carro tem mais uma amolgadela feia... :(
enfim!! é assim o ciclo do dinheiro como tartarugas pré-históricas a alcançar a minha carteira e lebres super-sónicas saídas de lá!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

lenga-lengas a conta-relógio

amo-te. e o tempo, meu amor, o tempo é tão curto...! não é nada daquilo que promete. não há eternidade alguma no tempo!! o tempo, meu amor, ah se o tempo soubesse, meu amor! a vida é tão curta e o tempo não alcança a vida. a vida dura mais que o tempo, meu amor. o tempo... "o tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem e o tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem"... lembras-te disto meu amor? lembras-te desta lenga-lenga perdida nos rodapés do livro de português do quinto ano? meu amor... o tempo é pretensioso. e pretende nada. não é ambicioso. mas eu tenho segredos que o tempo não sabe, que o tempo não conhece. ah meu amor... se tu soubesses o que eu sei como na cantiga do "se tu visses o que eu vi/Do-mi-nó/À porta do tribunal/Do-mi-nó/As cuecas do juiz/Do-mi-nó/Embrulhadas num jornal/Do-mi-nó/Esta rua cheira a sangue/Do-mi-nó/Foi alguém que se matou/Do-mi-nó/Foi a mãe do meu amor/Do-mi-nó/Da janela se atirou/Do... Mi... Nó."
não só saberias quem matou quem e quem embrulhou as cuecas do juíz no jornal como o tempo que o tempo tem...

*o relógio distorcido, dali

quarta-feira, 21 de julho de 2010

as vistas das traseiras do meu prédio...

não sei se já vos contei. eu não gosto de gatos excepto se forem pretos. todos os outros partilho uma indiferença constante.
ora vai daí, há uns tempos, reparei nas vistas das traseiras do meu prédio tenho um prédio e no rés-do-chão desse prédio, todas as noites, na janela, da cozinha talvez, todas as noites é presença assídua a de um gato preto. ele fica ali. agachado ou na sua posição de espectador atento. vai mexendo a cabeça de um lado para o outro a ver os míudos a brincar, os adolescentes a fumar, a chuva borriceira de verão como na noite passada.
no início achava piada, depois tornou-se um hábito vê-lo ali. não sei nada sobre ele, se mia demais que a conta, se gosta de bolas como todos os gatos, se brinca com as pontas soltas das camisolas ou do cortinado ou do sofá, na verdade nem sei se é gato ou gata. mas é bicho que me fascnou desde o primeiro dia; cheguei, inclusive, a espreitar à janela do quarto se ele lá estaria naquela noite. quando não está é sempre um espanto. curioso como nos habituamos facilmente a algo tão simples como a presença de um animal de estimação que, neste caso, nem é um pertence da família. estendo a roupa, entro para dentro e ele continua ali. tranco a porta, corro os estores que fazem uma barulheira que não se pode e amanhã sei que lá estará de novo. ainda é muito cedo, só quando a noite cai. nunca quis pôr-me à coca dos horários do bichano, a curiosidade gosta de ser espevitada daí ficar sempre uma certeza por alcançar. neste caso será que ele estará na janela logo à noite?

terça-feira, 20 de julho de 2010

carta aberta aos meus amigos das horas difíceis


ando aqui às voltas. hoje não sei o que hei-de escrever para satisfazer esta minha vontade de escrita. escrevo meia dúzia de palavras e depois apago. reescrevo uma vez e outra. torno a apagar. é irritante. há dias que não escrevo uma letra sequer, uma palavra, uma frase. sem contar com "1leitão (uma dose de leitão) /1cola (uma coca-cola)/1b. pressão (vinho branco pressão)..." nada disto conta em termos literários.
e hoje, a estas horas, depois de um dia de cão, da moira de trabalho que fui hoje, aqui estou eu, sentada à chinês como faço desde miuda, em frente à televisão a ver as telenovelas da actualidade e a olhar para o monitor do pc, escrevo duas palavras, uma frase e apago.
lembrei-me agora do meu amigo que é amigo dos suricates e do seu belo texto sobre o romance eterno entre Enlil e Sud e de como aquele amor se tornou numa benção para os poetas de amor de escárnio e maldizer, escritores de prosa, novelas e teatros, e aspirantes, e amantes de letras e palavras aquando do começo de uma nova era e de como anseio pela benção dessa deusa...

*Detalhe do Rapto de Proserpina pelo Deus Plutão, escultura em mármore, autor Bernini

quinta-feira, 15 de julho de 2010

matrioskas

a casa da minha tia tinha sempre aquele cheiro tão familiar que mesmo que lá entrasse de olhos vendados saberia sempre que era a casa dela e do meu tio e da minha prima e mais tarde do meu primo também para deixar de ser do meu tio.
ele trabalhava pelo mundo fora. quando vinha dava um brilho à casa que não se via nos outros dias em que pesava a sua ausência prolongada por causa do trabalho. donde vinha, lembro-me, trazia sempre uma lembrança para a família. coisas dos outros paízes. lembro-me de me apanhar sozinha na sala e brincar com as bonecas russas que nunca me lembrava do nome, sei agora, pela google, chamam-se matrioskas. achava um piadão umas dentro de outras, dentro de outras, a mais pequena nem se distinguiam os olhos. eram ruivas. olhos muito grandes. boca pequena. e tinham um cheiro a madeira intenso... tudo aquilo me fascinava. depois a minha tia entrava dentro da sala e eu arrumava-as umas dentro das outras muito rápido não fosse ela não gostar que eu tivesse mexido sem autrorização. e a facilidade com que se encaixavam...!
a casa dela tinha outras coisas muito engraçadas. os desenhos com a prima de barcos desenhados e bolinhas de papel que saltavam das ondas do mar porque eram peixes grandes. fazíamos bolas maiores e mais pequenas e colávamos à folha cheia de rabiscos de cor. e os dedos também. à quinze anos a cola UHU não perdoava descuidos.
também me recordo das aves. aves raras e bonitas. mas as matrioskas... todas redondas, todas iguais. deliciavam-me. gostava de ir à rússia só para ter as minhas matrioskas porque aquelas nunca hei-de ter...

aliados das bruxas

vejo nas estrelas o brilho dos teus olhos nos meus
e na brisa da noite tomo o sabor dos teus lábios nos meus
e depois quando me deito
o teu corpo cola-se no meu
como os lençóis de verão
no corpo suado
do sexo, da paixão
do amor.
se o céu falasse meu amor
tínhamos sido denunciados mais cedo
às bruxas
mas as bruxas tinham outros aliados
e não era nem o vento nem o tempo era...
... os cogumelos à sombra das grandes àrvores daquele jardim
são inevjosos, meu amor,
os cogumelos que vivem à sombra
das árvores do jardim do nosso amor, da nossa paixão e do sexo, também.

ser ou não ser...


eu quero ser intemporal.
                      incontestável.
                                  apaixonante.
                                            amante.
                                uma guerreira invencível.
                                      um ser indomável.
                    quero ser o vento na sua bestialidade.
                                                      o sol na sua intensidade.
                                         o ar que tu respiras.
                                                             o mar nos teus olhos. e nos meus.
                                 quero respirar os aromas dos campos das papoilas selvagens.
                         escalar montanhas.
                             viver no cume do mundo.
                                     quero ser as linhas dos teus desenhos.
                 as letras que saiem da tua boca.

eu quero ser intemporal.
                     incontestável.
                                   apaixonante.
                   a donzela nas noites de luar.
a cinderela dos contos de fadas.
                 a mulher que te faz suspirar.

o teu pecado. a minha rendição.
eu quero ser intemporal.

há qualquer coisa no mundo...

há qualquer coisa no mundo que nos fascina a todos. eu sou uma eterna criança que não sossega um minuto. falo pelos cotovelos, brinco com as pontas finas dos fios de cabelos das bonecas. escrevo intensamente quanto a paixão que me corre nas veias.
outrora fora uma adolescente apaixonada; o mundo morria ali á minha frente. presenciei grandes catástrofes. coisas de que me rio agora. mas ninguém sabe. e o que ninguém sabe é que todos os dias o céu é azul e as joaninhas têm pintas pretas para se salvarem dos pássaros. das bicadas dos pássaross penas de um pássaro qualquer e voar para longe daqui. e ir para qualquer lado. e depois andar no dorso de um cavalo selvagem e respirar aquele ar do oeste americano como se vêm nos filmes. mas isso sou eu. eu que me imponho no mundo como sou. a donzela, a dama, a madame sem coração. sou produto dos meus genes e do meio em que me enfiei. e depois olho com desdém e gozo desses momentos fúteis e da minha perda de tempo em ver gente a passar ao lado da vida ou será a vida que passa ao lado delas?
amo tudo o que tenho mas não tenho tudo quanto amo nem nunca terei um dia, talvez, mas luto. é isso que faz de mim quem eu sou: a minha luta, a minha garra, a minha guerra. e escrevo. e respiro. e vivo. e amo. e tu?!
há qualquer coisa no mundo!!

saltos altos, muito altos

adoro saltos altos. não sou apologista de quanto mais alto melhor mas gosto de um bom salto alto. fico sempre mais bonita do que quando estou de ténis ou chinelos. a perna molda-se e o corpo ganha outra forma. e como gosto muito de saias e vestidos é a cereja no topo do bolo.
ontem comprei umas sandálias novas. tira grossa à frente, salto alto grosso. tem umas tochas pequeninas incrustadas. uma tira grossa e macia para o peito do pé. são castanhas. uma bagatela. o salto não durou uma hora.
as sandálias não duraram uma hora sem que os saltos tivessem cedido à relação pressão/gravidade entre o meu pé e o tamanho dos mesmos. bem... ontem não arrisquei mais a andar com elas, recorri logo às minhas sandálias rasteirinhas e hoje já foram recambiadas para o sapateiro. não se pode confiar na beleza!

terça-feira, 13 de julho de 2010

revista de decoração

catorze horas e alguns minutos, que já não recordo. estacionei o carro, ao sol, e dirigi-me ao quiosque. a colecção nunca mais acaba mas tenho a certeza que apesar da fortuna valerá a pena. comprei seis livros e trouxe uma revista de decoração de interiores. fui ao café-gelataria, metros à frente, e pedi o costume que normalmente varia entre uma bola de gelado de maçã verde ou de kiwi ou de limão. muito raramente vario. só à noite costuma ser de morango por causa do joão. pedi desta vez uma bola de gelado de kiwi e sentei-me na esplanada a ler o anexo que vinha com a revista da máxima interiores. nunca comprei uma só revista que fosse deste género nem sei se escolhi bem mas enfim! tinha que satisfazer a minha curiosidade. o gelado ia derretendo à imitação da minha distração a ler o que dizem os entendidos no assunto que por acaso até ajudou bastante. no excerto que li, intitulado "100 MANDAMENTOS DEZ PROFISSIONAIS SUGEREM DEZ PASSOS PARA CRIAR UM ESTILO PESSOAL", mostrou-se bastante útil. achei piada combinarem uma cadeira cor-de-laranja com paredes lima mas o que é certo é que até combina.
o vento soprou com mais força e senti a falta do casaco desta manhã. onde teria ficado nem eu sabia. imagino o que pensam as pessoas que vão na rua quando vêm outras sentadas numa mesa de café, na esplanada, a comer gelado e com uma caneta na outra mão, a ler atentamente páginas de revista. curiosamente nem estou a ler, devoro apenas as imagens, e levanto os olhos para ver uma criança que passa à minha frente a correr chamando "- papa!!"; "- attencion petit graçon! (e disse mais qualquer coisa que eu não entendi)". sorri com ternura daquele momento fraterno. imaginei por segundos um dia mais tarde, a mesma situação, com o meu filho. enfim! a vida muda e mudam os pensares!



segunda-feira, 12 de julho de 2010

segunda-feira

tiiiiiii-tiiiiiiiiiiiiiii-tiiiiiiiiiiiiiiii...
o som começa longe, baixo e torna-se cada vez mais presente, mais forte, mais irritante!
abro um olho. cerro o outro. " - sete e meia... ai que horror!! dói-me o corpo todo... mais meia hora. azar!". abro um olho e marco o despertador. volto para a esquerda. para a direita e ferro a dormir outra vez. o fim de semana foi cheio de emoções e trabalho, agora com o verão à porta não é fácil descansar; ontem à noite custou-me tanto adormecer por causa das dores nas pernas...
oito horas e seis minutos. resolvi levantar-me antes que adormecesse novamente. lavei a cara uma vez. outra vez e como não há duas sem três lá chapinhei mais um pouco. tomei o pequeno-almoço com a rádio comercial - nem sei do que falaram esta manhã - um olho fechado, outro aberto. dores no corpo todo. " - o que é que visto o que é que não visto...?" peguei na minha saia favorita, uma t-shirt preta, os sapatos e peguei na mala que pesa uma tonelada! fui a pé para o trabalho na esperança de já estar cheia de energia quando enfiasse a chave na fechadura do consultório.
o dia foi longo. embora a manhã até tenha corrido bem e depressa a minha sesta não foi descurada. a tarde foi calma mas o cansaço do fim-de-semana com a agitação de um dia de trabalho de dez/onze horas em pé já reclamavam descanso.
vinte e uma horas. cheguei finalmente a casa. jantei. comi um pastel de nata maravilhoso e pus água a aquecer. pu-la numa máquina que faz bolinhas e vibrações e mergulhei os meus pésinhos. estive nisto quase uma hora e outra meia de molho sem bolinhas nem vibrações. vi a reportagem da tvi sobre os casamentos de homens que já foram padres que outro dia terei todo o gosto em deixar aqui a minha opinião. já vi mails. já vi o facebook. já joguei no mafia wars. e estou à espera do meu pai. " - será que ainda vem?" quero deitar-me. estou desejosa de ir dormir e só acordar amanhã de manhã como nova. enfim! mais um dia. mais um dia de muitos dias que já lá vão e que hão-de vir mas esta semana, em especial, deve ser a mais custosa de passar e levar ao extremo do cansaço. (semana que vem vou de férias)

Magenta Decoração - Autocolantes Decorativos em Vinil

Magenta Decoração - Autocolantes Decorativos em Vinil

sábado, 10 de julho de 2010

fada do lar

sou uma fada do lar ou melhor uma fadinha. o diminutivo merece o seu lugar não só pelas fadas serem todas elas pequenas, pequeninas, mínusculas, quase vistas a microscópio ou nem tanto, mas enfim, como também porque sou uma novata nestas aventuras domésticas.. não é que não o saiba fazer porque sei mas por se dever à motivação que me leva a fazer esta coisa de pegar na vassoura e fazer um pó descomunal e por conseguinte limpá-lo, juntar o detergente à àgua e fazer espuma com o pano ao retrocer, uma fantástica aventura química e aromática. por isto me transformei numa fadinha do lar.
de facto, no final, é compensador todo o esforço. não é que a casa brilhe que nem um brinco de pérola como na história encantada da gata borralheira ou da cinderela (nem sei qual é a diferença) ou como no excesso publicitário de um produto, que vi há uns tempos, julgo da sonasol que o chão ficara limpo de tal forma e brilhante que se adivinhava a lingerie da senhora, supostamente, reflectida no chão mas o que é certo é que fica um ambiente muito mais acolhedor. realmente os mosaicos brilham!...
e assim me torno eu uma fadinha do lar. eu que sempre preferi trabalhar com o meu pai que ajudar a minha mãe na cozinha nem que fosse só a pôr a loiça na máquina de lavar. não... sempre que me demorava mais que o habiutal na cozinha devia-se sempre a golusices - bolos. não é que não soubesse que este dia eventualmente chegaria mais cedo ou mais tarde mas esgueirei-me sempre que possível e surpreende-me ou melhor, eu tenho a proeza de me surpreender a mim mesma, a motivação que me move nestes sábados em que me levanto de manhã, tomo o pequeno-almoço, arregaço as mangas e ponho-me ao trabalho. um dia destes cozinho também.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

pardal-telhado

as delícias do caminho para casa à hora de almoço...
tempo ameno. sol envergonhado. aragem fresca. as folhas jovens das árvores verdes do beijo da primavera. um pio fininho. parei. olhei para trás. sorri. entre a vegetação rasteira do canteiro mal amado lá estava o pequenino encolhido na penungem acastanhada. não resisti. e ele também não. peguei-o com a mão, devagarinho, com carinho, com amor. e ele deixou-se ficar aninhado na covinha da minha mão. levei-o para casa. pu-lo na varanda com uma tampinha com água. desfiz uma tosta e deixei-lhe ali ao lado caso ele tivesse fome. não comeu. não sei se bebeu. mas era um verdadeiro encanto ouvir o seu piar ontem à noite lá por casa...
esta manhã, quando me aproximei da janela da varanda ouvi-o. e sorri. vesti-me, tomei o meu pequeno-almoço e fui respirar o ar da manhã. peguei nele com carinho, fiz-lhe uma festa na cabeça. ele bateu as asas e impulsionei-lhe o voo. que lindo voo para um juvenil. uma aterragem de elogiar num galho de uma árvore logo ali em frente, depois da vedação da escola. sorri. enchi os pulmões de ar fresco. assobiei ao gaio que me espiava. e entrei dentro de casa.


quinta-feira, 8 de julho de 2010

fins de tarde de sol e aragens quentes

eram sempre tardes de sol. fins de tarde de sol quente e aragens amenas. sempre. saímos da escola primária juntas e íamos de conversa bem agitada no caminho até casa. primeiro a dela. depois a minha, um quilómetro mais á frente. tinha dias que detestava fazer aquele caminho. sempre sozinha. mas com ela... com a companhia dela... e o que nós erámos... as amigas inseparáveis. amissíssimas. primas. gostos iguais até no chocolate para o leite. as nossas mães com os mesmos nomes. era perfeito uma amizade assim. mantivemo-la intacta durante anos... durante belos doze anos. um dia teve uma ruptura e nunca mais será como dantes. porque já não há a inocência das crianças nos adultos; não se perdoam gestos de mau carácter. mas eu lembro-me muita vez dessas tardes: eu tinha que subir uma ladeira e como havia sempre tema de conversa fazías-me companhia até ao cume. depois sentávamo-nos no chão e conversávamos muito mais. e depois íamos a correr para casa desenfreadas, aflitas de levar um sermão por causa do atraso. naquele tempo não havia telemóveis. recordo-me muitas vezes dos sonhos que tínhamos juntas, os filhos, os namorados... aquela ladeira sabe toda a nossa vida durante doze anos... tenho saudades desse tempo. aliás acho que sou a típica saudosista lusitana... gostava de ter a tua amizade outra vez. falávamos sem reservas. e corria sempre tudo tão bem uma à outra com o apoio incondicional e recíproco.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

tesouros de meninos entre caricas

" - ah!! encontrei um tesouro!"
" - encontraste?"
" - encontrei!! agora mesmo! aqui no chão entre caricas velhas, amareladas e... ferrugentas (dizia enquanto esfrengava os dedos para dissolver a cor acastanhada) ..."
" - o que é? mostra!! quero ver."
" - não. é segredo. é um tesouro. deve ser guardado!"
" - mas... se eu não o vir não saberei o que é e como podes tu ter a certeza que é um tesouro. por acaso já alguma tiveste um?"
" - humm... há que acreditar! eu sei que é. mas este é meu. não mostro a ninguém, não quero que ninguém fique com ele. este é meu."
" - mas... mas... mas..."
" - mas nada! este é meu! só meu. um dia talvez seja teu."
" - promessas..." (deixou soltar a dúvida e o beiço)

os meninos seguiram caminho calados. um com as mãos nos bolsos jubiloso da sua preciosidade guardada na mão dentro do bolso dos calções que lhe tapavam as canelas; o outro de beiço caído olhava para as margens do rio naquele fim de tarde particularmente diferente. de mãos nos bolsos e pés pontapeando as pedras toscas do caminho de chão.
viram de repente uma luz que passou por eles e a grande velocidade. entreolharam-se aparvalhados; sorriram. e desataram a correr.

"- o que será?"
" - não sei. nem faço idéia!"
" - vamos! corre mais depressa. quero que estejas comigo quando apanhar o meu tesouro!"

o amigo acelarou o passo, passou por ele e desafiou-o:

" -  então só isso?! anda despacha-te!! este é todo teu!!"

e piscou-lhe o olho no seu quê de malandrice!
correram a margem toda do rio que brilhava naqueles tons que o menino nunca tinha visto: o roxo, o dourado, o laranja, o verde-água, o azul... boiando à superfície como aqueles flores que ele não sabia o nome. chegaram a um monte de arbustes. tiveram que parar. vinha um logo atrás do outro e o choque foi praticamente inevitável. na distração e na euforia da correria acabaram por cair e rolar até à borda da água. os mosquitos levantaram voo assustados com tamanha algazarra mas as luzinhas estavam perto deles. uma pousou na pona arredondada do nariz do menino que não tinha tesouro nenhum. fascinado. sentia-se extasiado com tal coisa. nunca lhe tinha acontecido.

" - é uma fada?!" perguntou baixinho...
" - tão pequenina assim?... acho que não... mas eu nunca vi nenhuma antes..."

sussurou o outro não fosse o tom da voz assustar embora não tenha servido de muito por que logo naquele instante o menino não conteve as cócegas e espirrou com tamanha força que desataram a rir. não puderam conter tamanha risota.

" - voou."
" - oh... pois foi!
sabes uma coisa? esta sabes: eu não sei que tesouro é esse que tens guardado desde o ínico da tarde aí no teu bolso mas para mim, e isto tu não sabes, para mim isto é que é um tesouro!"

o outro não conteve as lágrimas. os olhos luzentes, amendoados, doces como o mel sorriram-lhe quando lhe mostrou as mãos e o forro do bolso:

" - então... mas não tens nada aí!..."
" - queres maior tesouro que a tua amizade?"

pechisbeque

fogo!!
eu sei que não posso usar bijuteria barata seja onde for porque mais dia menos dia acabo sempre por ganhar aquelas malditas borbulhinhas que me deixam doida de tanta comichão que me provocam mas... o ouro está caro e a prata também não anda nos seus melhores dias. como não há quem ofereça...
ora eu não resisti a comprar uma data de pulseiras que mesmo simples fazem um efeito estrondoso no meu braço. no meu braço fino e sem graça. comprei as pulseiras e a senhora da loja até me fez um desconto. e eu fiquei toda contente. um euro conta muito nos dias de hoje!!! são muito semelhantes às da foto ao lado mas mais giras porque são minhas, óbvio. logo naquela noite usei-as com um vestido comprido até aos pés decotado no peito e com as costas à mostra - especatcular. cheguei a casa e fui dormir. no dia seguinte, excepto nas horas de trabalho andei com elas para trás e para a frente, agitando-as com o braço para ouvir o seu chincalhar. e até aqui tudo bem. mas hoje de manhã acordei com uma coceira insuportável e tenho o antebraço todo cheia daquelas borbulhinhas. no desespero tive a infeliz idéia de passar uma compressa embebida em H2O e... perdi o bronze na zona onde passei a compressa. isto só comigo! um mal nunca vem só e é bem verdade já não chega o tempo estar nesta indecisão ora faz sol ou não quanto mais ainda tenho esta alergia parva no braço mais a coceira e a falta do bronze. ah!! e ainda tive que ouvir o patrão a gozar comigo que tinha um bronze falso!!! pois fica aqui o meu contra-argumento: não é bronze falso é o efeito da água oxigenada que tingiu a pele naquela zona, sim?!

terça-feira, 6 de julho de 2010

escadote, balde da tinta e trinchas

escadote. balde da tinta. trincha. pincéis. trapos, redilhas. cor... a cor? humm... quero aquela. nem mais nem menos. e os metros... quantos são exactamente? a minha mãe tem uma tinta linda no apartamento dela. eu quero aquela. é um rosa tão suave que passa despercebido na maior parte das vezes. é assim que eu gosto. um toque feminino sem as excêntricidades histéricas de algumas mulheres. fui ao sótão ver a referência na lata da tinta. a lata não é aquela. também o que é que passou pela cabeça do pintor pôr aquela tinta noutra lata de outra cor que obviamente tem outra referência?! bem, tirei uma amostra da tinta. levei-a à loja. falei com o moço novo que lá estava e calculou-me trinta a sete metros quadrados de área; quinze litros daria perfeitamente. fiquei de decidir.
no dia seguinte voltei à loja. mas... coisa estranha... se a rapariga que me atendeu não tivesse pincelado uma tira de papel à minha frente da embalagem de plástico que trouxe jamais acreditaria nela ao comparar a amostra com a tinta. a tinta era rosa. a amostra saiu bege. fiquei com o coração aos pulos de aflição. não sou aquele tipo de mulher que até o nome de cada tecido sabe diferenciar. ah! além desse dilema ainda fiquei curiosa mas não comentei o porquê do erro nas contas pois ela fez o cálculo da área da minha sala em quarenta e cinco metros quadrados e afirmou que dez litros chegavam bem. o que é certo é que ainda sobrou... mas matemáticas aparte...
... lá consegui resolver o problema: escolhi outro tom de rosa do catálogo. no sábado pintámos o tecto de branco e as paredes com a tinta finalmente escolhida. ficou tão acolhedora a minha sala... no domingo de manhã ainda gostei mais... e no próximo fim-de-semana, para meu alívio confesso, ainda vou gostar mais!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

raparigas novas falam de tricôt; as velhas de futebol

isto já não é nada como dantes. anda tudo trocado. o guarda-redes que remata, o defesa que ataca, o ponta-de-lança que fica no meio campo... bolas de futebol disparadas de máquinas humanas semelhantes às do ténis; balizas que se mexem; guarda-redes que estão a mais...
pontos e linhas, malhas, renda, tricôt, ponto de cruz. eu cá não percebo nada disto. em miúda ainda cheguei a fazer "ponto-ninho" e passo a explicar que se trata de ponto de cruz mas muitíssimo mal feito; na parte detrás do pano o que se vê é uma salganhada de linhas cruzadas que eu acredito que até uma pulga se perde ali. mas ainda assim lembro-me de colegas minhas em tempos de escola que mostravam as suas habilidades nas malas feitas, nas bolsas de telemóvel e na eventual hipótese de bikini para o verão. lembro-me que queriam em branco. de futebol não sou melhor. sei o que é fora de jogo mas nunca sei quando são os penalties nem o tempo de compensação nem nunca apanho a tempo as faltas nem percebo quando se dão ou não cartões vermelhos excepto... se eu mandasse dava cartões vermelhos à maioria dos árbitros e impunha uma nova modalidade: futebol anárquico! muito mais interessante... depois disto viria o boxe e o pugilismo... sem regras... mais vale brincar à cabra-cega! ai que saudades da cabra-cega! todavia as velhotas estão no auge! discutem futebol como uma certeza absoluta que é digno de presenciar.

diz uma:
"- o guarda-redes é muito bom!"
responde a outra:
"- ah!! o cristiano ronaldo é muito bom jogador mas na selecção não faz nada de jeito!";
a primeira ainda continua:
" - ...e depois ainda expulsaram aquele rapazinho... logo ao início...";
a segunda contrapõe:
"- o mal da gente foi o árbitro! o árbitro é que fez as coisas mal feitas!"
a primeira:
"- eu gosto muito dos pontapés daquele menino... do... ai como é que se chama?!... humm... o cardozo!"

e assim sucessivamente; muito engraçado de ouvir. no entanto, seria de esperar, que as rapariguinhas novas que abrem as guelas aos quatro-ventos soubessem mais de futebol que as tão calmas velhotas que pressupomos à partida serem uma enciclopédia ambulante de linhas e pontos e entrepontos... que disso eu não percebo nada mas eu não percebo nada de tanta coisa... quanto a mim, meu rico figo!! ele sim! um homem! um excelente jogador! um líder! enfim..!