quinta-feira, 8 de julho de 2010

fins de tarde de sol e aragens quentes

eram sempre tardes de sol. fins de tarde de sol quente e aragens amenas. sempre. saímos da escola primária juntas e íamos de conversa bem agitada no caminho até casa. primeiro a dela. depois a minha, um quilómetro mais á frente. tinha dias que detestava fazer aquele caminho. sempre sozinha. mas com ela... com a companhia dela... e o que nós erámos... as amigas inseparáveis. amissíssimas. primas. gostos iguais até no chocolate para o leite. as nossas mães com os mesmos nomes. era perfeito uma amizade assim. mantivemo-la intacta durante anos... durante belos doze anos. um dia teve uma ruptura e nunca mais será como dantes. porque já não há a inocência das crianças nos adultos; não se perdoam gestos de mau carácter. mas eu lembro-me muita vez dessas tardes: eu tinha que subir uma ladeira e como havia sempre tema de conversa fazías-me companhia até ao cume. depois sentávamo-nos no chão e conversávamos muito mais. e depois íamos a correr para casa desenfreadas, aflitas de levar um sermão por causa do atraso. naquele tempo não havia telemóveis. recordo-me muitas vezes dos sonhos que tínhamos juntas, os filhos, os namorados... aquela ladeira sabe toda a nossa vida durante doze anos... tenho saudades desse tempo. aliás acho que sou a típica saudosista lusitana... gostava de ter a tua amizade outra vez. falávamos sem reservas. e corria sempre tudo tão bem uma à outra com o apoio incondicional e recíproco.

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