sábado, 29 de outubro de 2016

zumbaween

isto é só news fresquinhas ou, em estrangeiro, ice news assim ao tom do rapper branquela, aquele do ice, ice, baby... tun-tun-tun- tururunn...! 
depois do zumba e às vésperas do pão-por-deus adoptámos o halloween. resultado? zumbaween!

percebe-se porque temos amigas loucas quando as mães delas são iguais! na última aula de zumba, e embora adore dança e música, nunca pensei ser adepta da modalidade ou se calhar porque nunca se proporcionou realmente, então, dizia eu, que na última aula decidimos que era giro irmos mascaradas de qualquer coisa nem que fosse com uns tutus em rosa-choque ou laranja-abóbora e uns collants ou umas leggins pretas da cor da noite e as pinturas logo se vêm!
esqueci-me completamente das pinturas! porém, as meninas estavam todas produzidas e cheias de acessórios! vesti-me num ápice! esborratei tinta branca na cara; escureci os olhos; o lábio superior pintado a negro, o debaixo laranja; desenhei umas linhas verdes de lado, uma aranha ou espécie de no lado oposto; e lá fomos!
ah! falta o pormenor da bandolete com duas abóboras fofas, de ar maquiavélico e mecânicas.
o salão estava escuro maioritariamente escuro, iluminado por pequenas abobrinhas e as luzes do palco, algumas aranhas pretas e que brilham no escuro marcaram presença; umas teias aqui e ali; cenário horripilante completo só começar a zumba com o soundtrack Thriller, do MJ. assim, vim de abobrinhas saltitantes na cabeça com o esqueleto abanicado ao som do chiki e do tiki e do ricky, que o senhor é concorrência directa ao sexo oposto mas ainda nos faz bater o coração. oh se faz! ei yoh!!!

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

horas, a sós.

eu gostava de ter uma mão cheia de sabedoria; o coração cheio só de amor; a mente zen.
olhar para as estrelas e desvendar cada constelação. olhar nos teus olhos e ver o futuro; olhar nos meus e ver o presente, o agora, o aqui, os meus olhos, só.
eu gostava de cheirar o vento, fechar os olhos e viver o momento. comer chocolate. usar escarlate. cheirar uma flor.
gostava de ser brisa europeia porém, estou mais num clima tropical, sou furacão.
eu ia adorar adormecer embalada no ronronar da gata. e acordar sem despertador, no raiar do sol, na madrugada.
falar inglês, latim, mandarim. amar o amore in Italia; correr à parva nos campos de tulipas da Holanda; pintar uma tela junto ao Louvre; escrever um livro junto ao mar português; correr o mundo e voltar aqui, ao meu sofá cheio de cobertores, não que estejas ao pé de mim mas por que uma parte minha já é incompleta sem ti.
tenho medo da trovoada. não gosto do som. não gosto da luz. não gosto do frio.
gosto das rimas soltas, ao acaso, ao passo do bate-bate do coração, no compasso do tique-taque das horas que passam.

domingo, 16 de outubro de 2016

zumba e troca o passo

ai essa coisa louca que é o zumba!

sexta-feira, 14h20. liguei à M. 
(falamos todos os dias e ainda não tínhamos falado naquele dia.)
olha vamos ao zumba! vem também!! é difícil dizer-lhe não, o entusiasmo dela é uma coisa!...
saí do trabalho, atrasadíssima!, ainda tive de ir pôr gasóleo no carro e lá "voei!" até à casa dos pais dela. felizmente, às 20h00, a professora de zumba tinha-nos lá bem a horas cheias de entusiasmo e equipadas a rigor .
aquela família é uma animação! tudo é motivo de risota e por tudo se ri mesmo que não seja na melhor das horas. a M. levou a riqueza das riquezas connosco, a mãe dela e a tia K., quer dizer, eu é que fui com elas!, pelo caminho apanhámos a D.
a aula começou. oh deus! isto é o caos! esquerda ou direita? para a frente ou para trás? vira, vira! abana, abana! aaaarrrrhhhh! é a loucura! mas quem é que inventou a zumba?!
a wikipédia diz que o senhor inventor se chama Beto Pérez, um colombiano que de belo só o six pack porém!, dinamizou um estilo que funde estilos de dança bem mexidos e todos distintos assim como o merengue com o reggaeton; o samba e a salsa; e ainda, a dança do ventre com hip hop; que, num todo, são como um compressor que bombeia ar e energia! para quem precisa de um treino direccionado à parte cardiovascular e se aborrece com a passadeira e o não morre de amores pelo cycling, como eu, a zumba é ouro sobre azul! para além de que eu cresci de bailinho em bailinho das festas de verão! para miúda era uma grande dançarina - só o tango não se apaixonou por mim! gosto mesmo daquilo! 
fascina-me, de qualquer das formas, aquela energia que os instrutores de zumba transpiram! são, se posso comparar, super vulcões, tornados, furacões! é certo que já conhecem cada nota da música mas fogo! é preciso aquela animação toda?! (até já me disseram que há instrutores de zumba que começam a trabalhar às sete da manhã. assim. assim?! com aquela agitação toda?! - jesus!!)
a riqueza das riquezas da M. corria a cada uma de nós, eufórica, a criança, e antes que a K. desse por isso albarroou, ambas no chão! abalroou?! qual quê! a senhora foi uma lady! de braço a rasgar o ar enquanto o outro deslizava  no chão, meia cambalhota, meia reviravolta e voilà! claro que tivemos ali um momento de pânico aligeirado pela chucha e a fralda e os vídeos da tonta da ti'Tânia!
continuámos, descoordenadíssima! houve uma faixa que o passo foi repetido três vezes, à quarta, confiante que acertaria nos passos, a insturora mudou tudo - again! - outra então foi o desastre total: nem um passo. nem um!!! valeu-me as parvoíces com a M., pois está claro!

no fim da aula fomos falar com a instrutora, pedir desculpa de qualquer coisita e, para minha vergonha... só quando olhei bem para ela é que a reconheci - a Rita Catita! - que mimo de recordação! foi a minha protectora guerreira nas praxes da secundária. pior dos piores foi ter encontrado o namorado, ela estar ao lado e eu pouco olhei para ela! a minha distracção e a minha falta de memória, aliadas ao máximo! desculpa Rita! fica aqui a promessa, por escrito e público que adorei a tua aula e irei sempre que possível!

já jantámos muito tarde porque a caminho levámos umas bjecas aos homens que andavam a mãos com mudanças; não fosse a nossa ajuda ainda hoje lá estavam para trás e para a frente!
foi, sem dúvida, uma friday night out excepcional! e a repetir!

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

DIA MUNDIAL DO PROFESSOR

a propósito de ser hoje, designado dia mundial do professor, coincide com o aniversário de uma das melhores e mais importantes professoras que tive.
naquele ano era tudo novo. escola nova e grande. muitos professores. um para cada disciplina. muitas disciplinas. muita gente. muitas funcionárias. muitos miúdos; uns com a mesma idade que a minha, outros mais velhos. uma terra nova.

esta professora tinha um ar acolhedor na cara. agora já não se podia dizer senhora professora como a minha mãe me tinha ensinado. a turma inteira ria-se de mim. agora era fixe era stôra! fixe foi uma palavra que sempre gerou polémica lá em casa, andas na escola é para aprender esses palavreados?!
era assim, baixinha como eu, hoje defino-lhe o sorriso tal qual o de uma menina, simples mas doce. era a DT. DT significa directora de turma. quando havia reuniões era com ela. o meu pai quase não ia.
eu gostava dela. 
é curioso que, passados tantos anos, só agora perceba o valor real daquela senhora! ensinou-nos tanta coisa...

lembro-me de analisarmos um texto com ela, acho
que era a Menina do Mar; fizemos um teatro com O PRINCIPEZINHO; fizémos inter-câmbio com Arganil; estudámos a etimologia e outras coisas assim do género das quais já não me recordo os nomes, peço desculpa, o google não colabora! estudámos gramática - confesso que devia ter estado mais atenta às aulas. 
foram dois anos na disciplina de português e os três seguintes de francês que eu achei um máximo!
ainda no português... recordo-me de um dia em particular. o exercício consistia em escrever palavras que derivavam de uma principal: noite.
levantei o dedo; a stôra aproximou-se de mim e questionei-a:
a palavra noitada existe? 
oh... sim Tânia! quando fores mais velha verás que terás muitas noitadas!!
obviamente, com dez anos, há quase outros vinte atrás, a inocência era maior comparativa à dos dias que correm por forma que olhei para a minha colega inseparável de carteira, encolhi os ombros e escrevi a palavra, satisfeita com o meu raciocínio ainda que não tivesse percebido patavina.
obrigada DT, passados uns anos, descobri o significado da palavra. 
hoje celebra novo aniversário, já é feriado outra vez, ouve um ano que não o foi e a turma toda reuniu-se na sala para lhe dar um ramo de flores, será que se lembra? bem, seja como for, celebre-o porque o merece! é uma professora fantástica, que ensina porque nasceu vocacionada para. queira deus que os miúdos de hoje em dia saibam a stôra que têm!

p.s.: o seu livro do Astérix e o de gramática em frances continuam comigo e em bom estado, peço desculpa o aluguer indevido por tantos anos. o melhor é combinarmos um almoço para proceder à devolução em segurança!

não é uma peregrinação, olha se fosse! ETAPA 2

que horas são? 15h40min... pois... tínhamos chegado a Alcobaça às 10h30min, ao meio-dia estávamos na cama. 
acordei com a M. a querer registar o meu sono de beleza e com três pancadas meiguinhas - nada! - na porta do quarto.
foi o cheiro a mentol que os atraiu - ihihihih!
o creme com que a minha rica mãesinha me esfregou as pernas três vezes das quais só dei por uma, era mentolado e realmente era intenso. mas foi divertido abrir a porta do quarto e ver as reacções do baque do ar que respirávamos! pedimos as mais sinceras desculpas mas que fez quase milagres fez ou eu penso que fez, sei lá!
saímos do quarto para beber qualquer coisa, aos poucos, voltámos ao normal. de regresso ao quarto, uns dormiram, outros tentaram, outras riam! 
o carro de apoio chegou! levou-nos as malas. fomos jantar e seguimos viagem às 22h05min. todos muito pontuais!
apanhei um bom ritmo e consegui manter-me nele ainda uns bons quilómetros até Aljubarrota foi sempre a dar gás!
quando cheguei a São Mamede...
tudo se complicou para mim... a distância entre metade de um grupo para o outro aumentou e tendia a aumentar cada vez mais; sem electricidade no caminho todo, sem lua, as estrelas estavam encobertas pelas nuvens; o pouco se via era um metro à minha volta pela luz que levava na testa. a minha resistência física ia ser posta à prova mas era com o meu psicológico que eu travava uma guerra...
durante todo aquele percurso até chegar à rotunda, além dos receios mais naturais - um bicho que salta da vegetação, a distância a que estávamos uns dos outros, uma lesão - as palavras daquela discussão consumiram-me por completo! não havia como, não consegui de forma nenhuma arranjar um bode expiatório para uma eventual distracção e o cansaço físico ajudou a que a jornada se tornasse hérculea!
o orgulho também não ajudou. lembro-me, a dada altura, contornei uma curva, havia dois tons de alcatrão, olhei em volta, as luzes lá em baixo mostravam Porto de Mós adormecido. soltei um suspiro pesado, devia ter-me deixado quebrar logo ali mas o orgulho falou mais alto e avancei os metros que faltavam até à rotunda.
quando alcancei a rotunda, não quis falar com ninguém, não quis que ninguém falasse para mim. estava exausta daquela batalha interior, estava frustrada do esforço físico - era sempre a subir, sempre a subir e estava tudo escuro, já eram tantos quilómetros percorridos e ainda faltavam quase outros tantos...
da rotunda para cima fui de olhos pregados ao chão. aquela envolvência natural alimentava o monstro alojado na minha cabeça e a pressão estava a dar cabo de mim.
foto de S.S.
chegámos finalmente ao topo! dali a Fátima eram outra meia dúzia km e ali caí num pranto que não foi maior por vergonha. para meu bem e o de todos o meu ânimo veio ao de cima! apesar das dores nos pés e nas pernas segui viagem e lá estava ela, a placa! Fátima!
cheios de mazelas, empenados, com andares estranhos e estoirados não nos impediu de largar um sorriso com a placa dos Trilhos do Mar sobre a de Fátima. 
parte deste percurso fi-lo descalça. a R. que ia no carro de apoio desde a Tornada por causa de umas bolhas de sangue muitos feias em ambos os pés encorajou-se e fez aqueles últimos passos até ao Santuário.
chegámos.
07h25min. 
não se via viva alma. o dia amanhecia aos poucos. foi um dos momentos mais íntimos que tivemos. já não seremos mais companheiros de caminhadas. seremos cúmplices uns dos outros!
e fizeram-se as coisas típicas de quem vai ali: comprar velas. rezar. 
foto de S.S.
eu só queria ir embora. já tinha cumprido o objectivo de lá ir. não senti aquela coisa de que falam do sentimento de quando se chega a Fátima. ia demasiado absorvida pelos pensamentos da viagem toda, não consegui abstrair-me um único momento que fosse.
quando cheguei a casa só me restaram forças para o banho, colocar os pés de molho e apaguei.

p.s.: obrigada pelo almoço sr. Z!

não é uma peregrinação, olha se fosse! ETAPA 1

ainda com as emoções todas à flor da pele é difícil definir por onde começar a contar  esta aventura.
sabia que não ia ser fácil mas não estava nem de perto consciente da dificuldade que enfrentaria. era como um blind date, do que eu entendo que seja um, já que nunca tive nenhum.


uns meses antes:
"M! queres passar um aniversário diferente?! tenho a sugestão perfeita para ti: vamos a Fátima a pé!"

dormi uma hora e acordei cheia de fome como se não comesse há séculos. não é bom sinal, disse à minha mãe, a rir. sentia os nervos a apoderarem-se de mim: um nó na garganta, um mau estar na barriga, um peso nos ombros...
eu, a M. e a minha rica mãesinha chegámos juntas e atrasadas dez minutos ao ponto de encontro. beijinhos, beijinhos, apresentações, fotos, foto de grupo.
claro que não estive sempre mergulhada nesta ansiedade houve momentos que outros sentimentos se sobrepuseram, por exemplo, o pânico - que também não é melhor - quando entreguei o bolo escondido num saco de desporto e disse olhos-nos-olhos ao senhor do carro de apoio: esta é A mala, 'tá bem, respondeu-me ele, A mala, frisei, tá bem, tá bem!!; ele larga a mala e a caixa que lá está dentro vira-se de lado! o meu coração parou!... rir ou chorar?!... 'Raios partam, não chegava já na primeira curva que ela fez o bolo ter deslizado sobre o próprio creme agora quase se virou do avesso!!! Bem... migalhas também são pão ou bolo!!' - praguejei para dentro - não podia dar nas vistas para a M. não se aperceber; bem, não havia de ser nada, coloquei-a, lá à frente, no banco do pendura, com muito amor e carinho, e lá ficou, até ao fim.
"- opah, really?! vamos parar outra vez?!", resmungona a minha amiga, como sempre!
"- pa-ra-béns... a vo-cê, nes-ta da-ta que-ri-da..."
oh foi giro! e é que até a mim me apanhou de surpresa que nem tive tempo de colocar as velas! 


os nervos deram-me para um pouco de tudo: tremores, risos parvos, cólicas, barriga inchada, enjoos, falta de ar e soluços! e ainda fui picada por um bicho qualquer! valeu-me o fenistil, mesmo fora da data de validade!
partimos da Atouguia da Baleia rumo a Alcobaça para cumprir a primeira etapa e eu ainda nem tinha acabado de subir a Serra d'El Rei já sentia os calcanhares roçados. primeira paragem: uns sacaram das minis, eu dos compeed.
a noite estava maravilhosa. sem frio, sem aragem, sem lua. só as estrelas. o companheirismo revelou-se logo de imediato entre todos.

ia com muito receio por ser a primeira vez mas se fosse só isso a dada altura do percurso, ter-me-ia passado. houve uma discussão feia que tive ao almoço com o meu pai em que, entre outras coisas, foram salientados, no tom certo, os perigos da aventura para a qual arrastava a minha mãe. por respeito aquele que não agiu em conformidade comigo,pus um término a tempo dela ouvir as barbaridades que ouvi. claro que, no meu inconsciente, faziam eco quilómetro após quilómetro mas não havia de ser nada, não acontece só aos outros mas também não haveria de acontecer logo a nós, estas eram as palavras que repetia para mim quilómetro após quilómetro. mas o receio, o medo e a própria ansiedade da novidade consumiram-me quilómetro atrás de quilómetro.


quando chegou finalmente o alvorada, já nós desafiávamos a subida de Alfeizerão. Como custou, Deus do céu! a paisagem é um deleite mas não o bastante para atrever a parar para a fotografia.
depois dessa subida uma descida esperava-nos e boa parte dela fiz mais de olhos fechados que atenta aos passos que dava. os meus pés arrastavam-se, já nem sentia as pernas.
apanhámos um atalho de caminho de cabras para fugir às famosas curvas na entrada de Alcobaça. e, a maioria, estava convencidíssima de que no fim, estaria o hostel tomaríamos banho e íamos dormir. 
no fim da estrada de cascalho, outra de alcatrão se apresentou. 
só tive vontade de chorar, confesso. dois quilómetros, eram o bastante, para finalizar a primeira etapa. 
o senhor. M, um senhor muito sensato, já não lhe permiti continuar com o 'tá quase porque não estava e até a ele estava a ser difícil de aguentar a odisseia.

Hostel Rossio Alcobaça. finalmente chegámos! os quartos são no segundo andar. WTF?????
sim, bem sei, bendita senhora, é para o nosso merecido descanso mas depois de tudo o que andámos?