quarta-feira, 6 de julho de 2016

125cc a 20km/h

"com o nevoeiro que está esta noite amanhã vai estar um calor abrasador!", mais certo que o azeite à tona da água, era o J. como boletim meteorológico.
o dia amanheceu e o sol veio cheio de força. às dez da manhã já o carro marcava 20°. infelizmente, como manda o ditado velhinho, "foi sol de pouca dura". ainda o almoço não tinha acabado já se tinha instalado um nevoeiro cerrado que conquistava cada vez mais terra. foram ao ar os planos para a praia, pensei mas não me deixei ficar em casa. agarrámos na acelera, uma 125cc e partimos numa voltinha dos tristes.
para quem não sabe, a voltinha dos tristes, refere-se a um determinado percurso, uma voltinha; só para não ficarmos em casa.
casaco vestido, capacete posto, óculos de sol colocados, gasolina na mota, siga!!
fomos à praia do molhe leste. fomos à praia dos super tubos. seguimos caminho à Consolação receber um bocadinho de iodo já que não não havia bimbas ao léu para regalar as vistas e dali fomos comer um gelado a São Bernardino. impressionante... sol em todo o lado menos em terras penichenses!!! caramba, que raio de sorte! as férias a acabarem e nada de bronze neste corpinho danone!
entretanto... já tinha cansado os fígados ao J. para conduzir a mota. há três anos que a temos e só ando a pendura... tanto queixume, depois havia de dar frutos!!
numa zona habitacional e deserta, àquela hora da tarde, ele lá cedeu.
sai! e eu saí. ele chegou-se para trás e eu sentei-me à frente, excitadíssima!
qual criança com um chupa-chupa assim era eu a subir para a mota!! constatei: primeiro ponto: é difícil chegar com os pés ao chão (até descobrir o truque).
segundo ponto: haja sensibilidade na mão (um bocadinho de ganância a mais e parece que estamos prontos a entrar no próximo MotoGP)!
terceiro ponto: alguém dê um xanax ao J.! quanto mais ele ordenava para desacelerar mais eu acelerava e ria-me que nem uma perdida!!
UH UH!!!!  ESTAMOS A 20KM/H!!!
dez minutos depois acabava-se a festa. e eu a pensar que levava a mota para casa..., desafiei-o. nem penses!! claro que era escusado perguntar-lhe o nível de confiança em mim mas não resisti e ele não mentiu. obviamente que numa escala de zero a dez era dez (negativos)!
no entanto, cedeu em irmos até à rotunda e eis que, no entroncamento à nossa esquerda, surge um carro.
Oh, fogo! a gnr!
a mim, os nervos, dão-me para rir, descontroladamente, de forma que, continuei, e a rir que nem uma louca!! quando olho, por que, apesar do riso, nunca fechei os olhos nem os desviei da estrada, vejo o carro da gnr ao meu lado. garanto duas coisas! fiz um esforço do tamanho do mundo para me controlar e se não fosse o-meu-mais-que-tudo tinha continuado a proeza da condução, certamente, com os três indivíduos de bigodaça e de farda a mandar encostar sem ceder, mesmo que os tivesse contagiado com o riso. (quer dizer, um deles devia ser mais novo que nem bigode tinha!)
o senhor guarda dirigiu-se a mim e pediu-me os meus documentos e os da viatura. foram-lhes entregue e eis que, da mala do carro, saca de um livro, quase um bíblia, a verificar, a verificar...
evitei, o mais possível, o contacto visual tal era o meu descontrolo humorístico.
o outro gnr já era homem dos seus cinquenta anos e fumava o seu cigarrinho enquanto admirava a paisagem; o mais novo, também divertido, não abriu boca para dizer nada e eis a pergunta que eu já sabia que ia ser feita e que nós os dois íamos responder de forma contraditória:
então, a menina está a aprender a conduzir?
resposta do J: ... mais ou menos!...
a minha resposta: não, não!!... eu já não pegava era na mota há algum tempo!!
e quase fui traída por uma gargalhada!
foram devolvidos os documentos, desejado boa tarde, e cada veículo seguiu o seu caminho.
chorei a rir da situação caricata; é que só faltou mandarem-me soprar ao balão - coisa que eu não ia conseguir fazer, percebem porquê! ao mesmo tempo o J. dizia " 'tás a ver?! 'tás a ver no que é que me metes??"
o que é que ele procurava no livro?? pensou que eu não tinha idade?? mas já não se pode ter 1,48m de altura?
e regressámos a casa, nos lugares habituais: ele como condutor, eu como pendura (com ataques loucos de gargalhadas incontroláveis!)
P.S.: Sr. Guarda, se por mero acaso, sorte ou azar, der com este registo, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência!

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