quinta-feira, 7 de julho de 2016

CABO DA ROCA, a ponta mais ocidental da Europa Continental

fomos passear. eu e o meu-mais-que-tudo.
destino: Cabo da Roca.
hora de partida: assim que a preguiça permita.
seguimos pela estrada nacional atravessando a pacata terra de Ribamar da Lourinhã, até à praia de Santa Rita; Santa Cruz estava como Peniche: um nevoeiro descomunal. a Ericeira ainda nós presenteou um pouco de sol mas nada por aí além.
como já saímos de casa tarde e a más horas já passava um bocado da uma da tarde quando fomos almoçar. o J. conhece um restaurante muito pacato, muito castiço. O RETIRO DO SALOIO. é um espaço pequeno com cores quentes a gritar a tardes quentes de verão, aquela cor amarelo torrado; à entrada somos recebidos pela simpatia do smile do livro dos elogios de um lado e do outro um quadro em ardósia ocupa a parede toda com a ementa escrita à mão. a sala é dividida por uma estrutura de sulipas que suporta uns espanta-espíritos com pássaros e, junto desta, uma armação que já foi ou deu-me a entender já ter sido a cabeceira de ferro ornamentada de uma cama. na parede acima do balcão está um xaile branco, pendurado num cabide com os dias da semana em francês oh oui c'est chic! na parede à minha frente há rodas de carroças e umas naturezas mortas expostas; atrás de mim, todo um conjunto de galináceos em ferro e no tecto, os candeeiros são de ferro com motivos naturais que contrastam com as luminárias de vidro colorido dando um ar muito chill out. fomos muito bem recebidos. o almoço foi jardineira de vitela. a sobremesa panacotta de frutos vermelhos.
empatorrados mas chegámos, finalmente.
estava uma ventania e tanto, algum sol e o nevoeiro! ah! e turistas, montes deles!! nenhum português! até foi estranho... olhei ambiciosa para o farol mas hoje é quinta-feira se fosse quarta... e não vi ninguém a quem pudesse fazer o choradinho para visitá-lo por dentro... apesar de tudo nunca será uma viagem em vão. o que o nevoeiro permitiu ver compensa e além disse descobri que se trata de um PEACE BLOSSOM, ou seja, é um lugar que quer pela sua localização geográfica quer pelo seu significado abstrato é escolhido com o intuito de apelar à Paz entre os homens. o fundador desta iniciativa foi Sei Chinmoy que dedicou toda a sua vida à Paz pelo mundo alegando

"A PAZ NÃO SIGNIFICA AUSÊNCIA DE GUERRA.
A PAZ SIGNIFICA A PRESENÇA DE HARMONIA, AMOR, SATISFAÇÃO E UNIÃO."

desafiei o J. a virar à direita num entroncamento que nós direccionada para o convento dos capuchos e o santuário da peninha. descemos a serra de Sintra numa estrada de alcatrão um tanto estreita mas... as histórias que ela conta são de há muitos anos atrás. estacionárias numa clareira e andamos uns quinhentos metros, sempre a subir, para sermos compensados com uma vista maravilhosa. parecia que tinha ali à mão a citadina Cascais com o mar beijoqueiro. quatro ou cinco navios cargueiros estavam de partida ou de chegada. e o nevoeiro não deixava ver mais nada. o santuário está um pouco abandonado embora sejam visíveis os avisos de vigilância e os marcos de reserva micro ecológica. só uma janela embaciada e poeirenta me satisfez a curiosidade do interior -  as três salas que vi são despojadas de mobiliário, o piso é tijoleira, as paredes tem um metro de altura de azulejo português azul e amarelo, algum já começou a ceder mas não há destroços no chão e, estão a um canto, três cadeiras, brancas, de plástico, arrumadas. mais abaixo, resiste às intempéries do tempo uma construção que me pareceu ser a casa dos animais. e qual não é o meu espanto, quando lá dentro, a arquitectura denuncia uma igreja (há uma cruz numa das abóbadas) que foi violada e abandonada, que veio a servir de palheiro, e já foi adorada... há uma lenda por trás, obviamente.
voltámos para o carro, divertidos e cansados; a viagem prometia ser mais maçadora mas nada que um café e música não ajudasse a provocar umas gargalhadas parvas.

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