pouca coisa há no mundo que nos saiba tão bem à alma quanto uma chávena de
café.
e uma chávena de café, ao fim do dia, numa tarde de verão, ainda que de
trabalho, assemelha-se muito a um néctar divino, não que, alguma vez, tivesse
experimentado mas as palavras néctar já de si prevê algo que é puro, consistente,
intenso; e divino reclama o seu além-estar humano e pré-conceita, na minha cabeça, algo excepcionalmente bom, bom não, algo
excepcionalmente... extraordinário, inalcançável. é isso!: inalcançável.
adoooooro tardes de verão. estar sentada num lado qualquer, respirar o fim de tarde de um dia quente, não
que hoje tenha sido o caso mas isso são pormenores, e beber só pelo prazer de
degustar. antes optava muito pelo chá. hoje em dia o café sem açúcar apaixonou-me embora seja um amor meio amargo. um copo de vinho tinto também não conjugava
nada mal aqui... presumo. tenho de experimentar. mas o tinto pede companhia...
aquela companhia. a companhia certa. eu não percebo nada de vinho. muito menos
tinto. de qualquer forma, o vinho é um óptimo desbloqueador de conversa mesmo com a companhia
certa.
pena o som da passagem dos carros, ali na estrada nacional, abafem o piar dos pardais-telhado... a aragem que está é tão suave, quase arrisco a dizer
que não é vento, é o correr acelerado dos automóveis que movimenta os arbustos na
berma da estrada, os caniços e as silvas na encosta da casa e as árvores do
jardim. as flores, abrigadas pelo muro, dão um ar de elegância tanto no esflorar quanto no florescer.
acabou o café; o
barulho dos motores não cessa e o sol já se pôs atrás do mar, que não se vê
daqui. ao fundo, só temos as nuvens que prometem as primeiras chuvas de outono. vou para dentro.
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