sexta-feira, 19 de agosto de 2016

ano lectivo

no meu primeiro dia de aulas na escola grande perdi-me! a escola era enorme e o facto de ter chegado em cima da hora do toque foi o suficiente para perder os nortes à entrada dos alunos.
lembro-me de andar às voltas e não dar com o diabo da porta! todas as outras estavam fechadas e tentei a dos professores; lá a custo a contínua deixou-me entrar.
agora a sala… a sala… a sala… encontrei uma menina no corredor, perguntei-lhe pela sala evt1 ou evt2 – presumi que estivessem juntas – nada; aqui é a biblioteca… estas salas não as tenho… quando voltei para trás, ao descer as escadas lá encontrei o diabo da sala. bati à porta, a medo. desculpe… perdi-me e não encontrava a sala e ninguém sabia onde era a sala… e… - sim, sim, entra e podes sentar-te! era alto, o professor; o cabelo meio loiro, de óculos quadrados; tinha um sorriso simpático!
a esta altura do campeonato já conhecia os livros novos todos: as cores, os cheiros, já tinha assinado e forrado as capas com papel transparente. tinha lápis novos e uma borracha branca e outra vermelha e azul (para as canetas), umas canetas quaisquer de tinta azul, de tinta preta. o dossier era daqueles largos e tinha folhas brancas, de linhas e quadriculadas.
gostava muito desta aula. a sala tinha um cheiro diferente e uma disposição de mesas muito mais direcionada uns para os outros que nas outras salas todas em que as mesas estavam agrupadas duas a duas até ao quadro de ardósia, lembrava-me a escola primária donde vinha. uma escola pequena com uma sala única onde eram dados os primeiros passos do abc e os primeiros no estudo do meio.
fiz amizades para a vida… e inimizades parvas que a mesma vida se encarregou de transformar num dos meus maiores suportes mas aos dez anos é tudo muito intenso, o mundo cabe na palma da mão e a mão é tão pequena para o outro mundo infindável de sentimentos e certezas!...

não tarda arranca o novo ano lectivo. já não há livros novos para folhear mas as recordações, que me acompanham, de doze anos de escola e que são reavivadas ano após ano pela publicidade do material escolar, são muito saborosas.

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