sábado, 30 de outubro de 2010

para dar sorte

não há nada de mais fascinante no ser humano que a sua genuinidade, digo eu. eu que digo as coisas sem pensar da forma mais espontânea que pode espantar. digo as coisas na minha mais pura inocêncica, em tom de brincadeira e desafio quer seja alguém da minha idade ou mais velho, meu colega de trabalho ou meu superior. "por que a maldade está nos olhos das pessoas" digo o que quer que seja sem segundas ou terceiras intenções. depois, claro está, a menina tânia vê-se em situações, no mínimo, embaraçosas e troca as mãos pelos pés, cora automáticamente e fica sem palavras - haja uma vez!
sou também uma pessoa dada a doces. não a todos. a todos não que eu cá não gosto de mousse de manga, só de chocolate, mas se o bolo de bolacha até nem tiver muito creme por dentro também dou uma dentada que me delicia profundamente. ora depois de dito não se volta atrás e eis que alguém, que não devia dar tamanha importância a um pormenor minimamente vulgar, eis que alguém proporcionou-me, hoje, a meio do meu serviço laboral, uma situação na qual me senti enrubescer de tal ordem que o sentimento mais forte foi de um embaraço tão grande, tão grande que nem soube dizer nada de jeito, apenas e só, sorri levando na mão o pratinho de porcelana branca com uma bela fatia de bolo de bolacha que a mãe do bebé afonso, a quem pertencia a festa de baptizado, gentilmente me trouxe. "ouvi dizer..." disse-me ela e eu sorri corada que nem um tomate maduro. a senhora foi de uma gentileza tal que não pude resistir à tal fatia de bolo, além do que, para granfina, mostrou que "(não) é o hábito que faz o monge"; ali a senhora não era a bela da média/alta sociedade e eu não era a empregada de mesa/responsável pelo serviço. éramos apenas duas moças, duas senhoras, duas raparigas, duas pessoas com sentido de humor. e é bom saber que não são apenas os trapos que contam. é claro, foi um pagode à minha conta, coisa que não me importei já que as pessoas mostraram o seu lado mais barroco, chamemo-lhe assim. eu continuo sempre a mesma. também tenho as minhas fatiotas e a minha caixinha de maquilhagem que me tornam numa grã-fina por uma vez ou outra e a minha roupa/farda que me tornam na melhor serviçal onde tudo corre como deve correr e não falta nada em lado nenhum. o bolo de bolacha era o bolo do baptizado, extremamente bonito, delicado, decorado com gosto e ternura de quem ama os seus. comi um pouco. "para dar sorte", dizia-me sempre a minha mãe que me incitava a arranjar mais um espacinho na minha barriga para um pedacito do bolo comemorativo, era eu ainda uma miúda. à saída agradeci, uma vez mais, e desejei sorte e felicidades ao bebé e aos pais.

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