quinta-feira, 7 de outubro de 2010

gomas! ai eram tão boas!!

ia pah!!! gomas!!! txiii!!! que saudades!
ontem à noite fui ao videoclube, aluguei o streetdance - recomendo. queres gomas?! aquela pergunta nem foi bem interrogativa mas sim mais sugestiva. como quem diz... se tu quiseres eu até te faço companhia. sorri. humm... até que fiquei indecisa, já lá vão dez anos que não como gomas.
a sara adorava gomas. saímos nos intervalos e na hora de almoço só para ir dar uma voltinha ao quarteirão, ver as paredes dos prédios, e voltar para dentro do recinto da escola com sacos transparentes (e denunciantes) mais ou menos cheios consoante as moedas na carteira de uma ou de outra. ela comprava mais que eu. e ela adorava ainda mais que eu também. fizemos amizade no dia da apresentação da escola nova quando eu saí da primária da terrinha mais próxima, a dois quilómetros de casa, para o ciclo, a uns sete quilómetros de casa sensivelmente. uma escola grande com o segundo e terceiro ciclos inseridos. sentei-me atrás dela com uma mesa ainda antes de mim junto à porta do lado direito da sala, perto da parede cor de creme desmaiado. nunca percebi estas cores de burro quando fogem escolhidas para as escolas. nos dias seguintes sentei-me junto dela e foi amizade para o resto da vida. nunca nos largávamos. eu sabia da paixão dela pelo menino alto como o raio, loiro, de olhos castanhos, magrinho, do oitavo ou nono ano. nono acho eu. chamava-se francisco. ela sabia que o meu pai ralhava comigo por tudo e por nada e que a minha mãe nunca me dava razão. tínhamos longas conversas interessantes. ela usava as minhas coisas e eu as dela. e quando eu não tinha uma moeda que fosse para o vício a amiga do coração dava-me uma goma ou duas.
ai eram tão boas!! parece-me que eram melhores naquela época que agora que posso comprar todas quanto quero. lembro-me de um dia ter perdido a cabeça e depois de uma visita de estudo ter comprado um saco cheio de gomas com o dinheiro que sobrara das lembranças para o pai e para a mãe. entretenimento certo até casa - era um verdadeiro sacrifício para mim: não propriamente comê-las mas sim resisti-las. a sara era louca por gomas. naquele tempo chegava a gastar 200$00 (duzentos escudos) em gomas!!! era muito dinheiro em gomas e muitas gomas para comer. eu gostava mesmo era daquelas com açúcar à volta com excepção das amoras e dos melões amargos as escolhas recaíam sempre nos dedos, nas dentaduras, nas lagartas, nas bananas, nos morangos, e numas fitas às cores maiores ou mais pequenas, e... eu sei lá... por minha livre vontade marchavam todas. todas em quantidade e género. antes da chegada do €uro ao nosso país pequenino e lusitano as gomas eram a 5$oo (cinco escudos) cada uma; agora são a 0.05€ (cinco cêntimos)... a carteira fica sem moedas e o volume é metade daquele tempo ou sai mais caro... todavia o sabor mantém-se e as memórias também. as memórias dos dedos peganhentos, a língua às cores, a boca doce, o açúcar por todo o lado e a carteira sem moedas. e depois uma nova caça à moedas perdidas nos assentos do sofá velho da cozinha e algures debaixo dos tapetes das carrinhas de trabalho cheias de pó de todo o género, debaixo dos bancos, entre a manete das mudanças; onde calhava, a bem dizer, excepto no porta-moedas; isto com os pais é sempre de olho vivo  - nunca se sabe - e eu sempre fui muito medricas para esses trabalhos assim. às vezes rendia. outras vezes nem por isso mas valia sempre a pena arriscar. ai eram tão boas!! as gomas...

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