domingo, 19 de junho de 2016

dory, tangerina e maçã verde

é domingo. está sol. é dia de praia! um pára-vento resolve esta aragem mais rebelde... porém, antes de almoço, uma partida. 
o J. deixou ficar umas coisas em casa dos LP e lá tivemos de nos encontrar com eles. tinham planeado ir à AdegaMãe, Torres Vedras, a uma prova de vinhos. muito chata se adivinhava a tarde.
adoro quintas mesmo novas como esta; todas suportam nos seus alicerces o seu quê de história, o seu passado, o seu futuro.
provei um branco. gostei. estou longe de saber definir um vinho mas pelo menos o palato aprovou. o L. ansiava por nos mostrar a adega e contagiou-me e para issonão tivemos de esperar muito. a moça, Bianca, muito simpática, de sorriso acolhedor, abriu-nos a porta.

"OS HOMENS SÃO O QUE AS MÃES FAZEM DELES", Emerson Ralph Waldo. esta é a frase que nos cumprimenta quando descemos as escadas para a adega. e depois, dory. 
dory é uma embarcação usada para a pesca do bacalhau; dory foi o nome dado à primeira monocasta da AdegaMãe em homenagem à labuta marítima isto porque, ao que sei, AdegaMãe e Bacalhau Riberalves pertencem ao mesmo patronato que tem, também, os cafés Novo Dia.
o ambiente transforma-se. os depósitos são enormes, mínimo de 25 000 litros e os maiores de 50 000. a entrada dos vinicultores tem uma balança basculante e junto ao local da descarga um laboratório de campanha. passámos pela sala das provas onde a vista se deliciou com o armazenamento. maioritariamente as pipas são de carvalho francês; há algumas de carvalho americano também e amadurecem tanto vinho tinto como branco. cinco minutos depois e tinha-as ali à mão, tão perto de mim. continuámos, agora, junto dos depósitos. caramba! não pareciam tão magestosos, só enormes. 
subimos as escadas e vuemos ter à sala das provas. nunca tinha visto como era. as mesas assemelham-se às de uma escola com a partivularidade de um objecto electronico em cima da mesa que apresenta as caracteristicas do vinho. debaixo do tampo,  o pormenor que me divertiu: a cuspideira. entrámos noutra sala. 
era o hall de entrada que se antecipava à sala de refeições. tem um sofá,  uma mesa de centro com três livros de lombadas grossas. a sala é qualquer coisa! aquele candeeiro de tecto quaserurou o encanto à vinha que se estendia nos campos ao nosso lado esquerdo e que se perdia de vista também. a decoração  é minimalista com uma elegância inquestionável. aqui e ali um garrafão de vidro exibe, não o vinho mas a cortiça, que já o beijou. em torno de si, troços de vide envernizado envaidecem-se na cor forte embora clara que ganhou após aplicação do verniz.
regressámos. provei o tinto. Dory. gostei muito. tem um sabor doce. uma cor forte. uma textura suave. cheira bem.
a recepção tem muito boa apresentação com os produtos essenciais sem confundir a vista e agumas curiosidades giras como acessórios para as rolhas de cortiça, por exemplo, animando aquilo que é um objecto inanimado. a senhora que nos atendeu pareceu-me deixar escapar encanto entre as vírgulas da sua sabedoria. é jovem. magra. as madeixas loiras percorrem-lhe todo o comprimento do cabelo. de sorriso discreto e delicado. a voz é média-baixa e suave. chama-se B.
entretanto houve quem comprasse algum vinho, eu vim apreciar o sossego daquela quinta onde o único som que se ouve é o do vento. a vindima este ano estará atrasada. o J. não comprou vinho.
dali seguimos até Sta Cruz para matar saudades do belo do gelado do italiano. senhor, com alguma idade, mantém os olhos jovens e o sorriso amável. à esposa, a idade não lhe roubou encantos.
fiz uma piada com ele. é tradição, quando alguém se engana e, por conseguinte, induz o outro em erro, dizer-se que "se me engana tem de casar comigo" a propósito de confirmar o troco que, sem querer, à P. parece ter havido ali uns trocos trocados. demos um aperto de mão, afável,  enquanto nos ríamos.
tangerina e maçã verde, que escolha maravilhosa!!

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