terça-feira, 7 de junho de 2016

alvoradas ao meio-dia

ainda não se tinha decidido o almoço já o J. me tinha comunicado que íamos jantar fora. Ok... éramos para ir ao sushi mas o serviço, que tende a piorar, estava mais que demorado e optámos por ir ao tradicional.
jantámos muito bem, conversámos sobre muitas coisas e os disparates foram surgindo com as borbulhas do vinho verde. a melhor parte foi, sem dúvida, a sobremesa: bolo de brigadeiro com topping de chocolate na companhia de um corado morango.
dali seguimos na companhia de um casal simpático para o bar uns metros mais à frente. entre as entregas de alma desencontradas das notas musicais que saem das vozes desafinadas as minis foram surgindo. está tudo igual desde a última vez que saí e não sei o que me perturba: se a rotina se o comodismo porque estar igual nem sempre é sinónimo de bom, de positivo. no peito aloja-se um  sentimento não tanto familiar mas mais padrasto. acabámos a noite em conversa com um amigo de longa data, que está emigrado à porta de um bar muito simpático onde a clientela é maioritariamente homossexual. Vêem-se coisas muito... peculiares mas tão genuínas que não é possível que haja incómodo.
desliguei o carro à porta de casa numa conversa profunda sobre educação, moral e cultura no sentido sofisticado do tema de conversa. de facto, percebi que não tenho fígados para certos comportamentos/atitudes  e, estou na dúvida, que tipo de persona serei. covarde ou inteligente?! manter um raio mínimo possível de pessoas e locais e ambientes de afastamento que diz de mim?! falhou-me a voz. soltou-se uma lágrima. rímel e base intactos! ele afligiu-se e não, não era o álcool a falar mais alto mas sim o pico alto da honestidade. ri-me da figura ridícula que fazia naquele momento.

nunca vi o nascer do sol e era moça para te acordar um dia e desafiar-te a irmos a algum lado para vê-lo surgir das nuvens. 'bora ver?...


e liguei o carro. fomos até à marginal sul. 
05h30m... os barcos partiam no lusco fusco da alvorada para a faina. dali vimos o nascer do sol entre as palmeiras da amp. o céu ganhou cores mais alegres qual tela escura com rasgos de pincel, a amarelo. depois uns laranjas. cores púrpuras pintalgavam aqui e ali entre as nuvens que se iam dissipando... e as gaivotas, curiosas, ora uma, ora outra, pousavam em cima do sinal de derrocada eminente... o J. adormeceu. já nasceu o sol! olha... 
a alvorada tem um ne-sais-quoi de muito especial. parece-se com a descrição de alquimia. tenho pena que me custe tanto a levantar cedo porque é realmente um momento... o momento!
olha que lindo... o sol enquadrado entre as palmeiras... mas... mas que raio?! 
o sol nunca mais sobe?! oh! a sério?! qual era a probabilidade de o confundir com um candeeiro de rua!!?? Gargalhadas a monte.
fomos tomar o pequeno-almoço numa das mais antigas pastelarias; ainda mantém os tons de uma vida, um verde menta com uma abóbada em vitrais azuis e laranjas e amarelos... o J. atacou uma bola de berlim mas eu... desde que descobri que aquilo possui umas seiscentas kcal... resisti até em olhar!!! optei pelo meu tradicional galão directo, escuro e uma bolinha (acabada de sair do forno) com manteiga!... quase combate as calorias da bola de berlim ou não! e o sono chegou de rompante... e fomos para casa dormir!!!
a gata estava doida com a troca do horário!! corria desenfreadamente casa fora enquanto resmungava em miês! adormecemos já passava das oito e meia.
quando acordei tomei um banho merecido. a água quente relaxou-me o corpo; a fria foi uma benção para as pernas depois dos saltos das sandálias maravilhosas!  
depois de almoço foi só estender o corpo na toalha, na praia. qual mar caraibenho em comparação à praia de Peniche de Cima! a transparência  da água denunciava cada grão de areia abaixo dela, a meio palmo de altura; um azul claro que deliciava o olhar.... só junto da ilha do Baleal escureceu.
barraca montada fui directa a água! fresquinha!!! mas salgada como se quer. há la água benta que purifique tanto quanto a de um oceano inteiro?! não há.

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