segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

tennis

os meus ténis são azuis, de marca - columbia, confortáveis, foram caros. estão a estragar-se. alguma coisa prendeu no meu téni direito e não tarda nada tenho que olhar bem para o fundo da minha carteira para ver se há lá alguns trocos para outros quer sejam de marca ou não - ligo pouco a essas coisas! e esta meditação deu nalguma coisa. no quê? ora bem... coisa boa só podia ser! eu gosto tanto destes ténis quanto uns que tive em garota bué da loucos. coloridos. mesmo muito coloridos. o meu pai comprou-mos numa feira qualquer daquelas de muita gritaria, muitas barracas, e outras sem pano pendurado, com a mercadoria disposta em cima de um pano qualquer que estava à mão. naquele amontoado de pares perdidos, sim perdidos, parece estranho haver pares ausentes mas era mesmo assim, quem vai ou já foi à feira sabe bem do que falo mesmo que nunca tenha comprado nada, quem nunca foi aquilo funciona mais ou menos assim: está o cigano a fumar, a cigana a berrar o preço baixo no megafone, o ciganito a correr, a ciganita a dormir, e o/a recém-nascido/a a chorar. no meio daquela confusãosita há um pano estendido no chão onde é espalhada a mercadoria, que neste caso em particular, tratava-se de ténis. "ai v'zinho! compra qu'é bom!! na encontras produto melhor e com este preço... ai!!..." segue-se a pergunta do "quanto custa?" e toca a menina tania a experimentar aquele e o outro par, ora o esquerdo, depois o direito (por que é só para experimentar não vale a pena procurar o do pé que já está descalço). gostei de uns, dos tais que eram coloridos, e o pai perguntou-me como é que eu me sentia. já não me lembro do preço mas deve ter sido convicente o bastante por que mal ouviu-me dizer que até estavam justos. o cigano, que ouviu e muito bem, "ai... qu'isso depois alargaaaa!" alargada era o tom de voz dele! naquela época uma bagatela era quinhentos merréis; com mil paus já se encontravam os ténisinhos jeitosos portanto o mais certo deve ter sido esse o preço. bem... os ténis até eram engraçados, rijos, lembro-me que eram duros mas muito engraçados. fartava-me de rir por causa deles. eram de atacadores brancos, do lado de fora azuis, à frente vermelhos, atrás aamrelos, e por dentro verdes. "oh menina!!!, gritava às sete e pouco da manhã uma velha codrilheira à beira do portão velho de ferro, de tinta lascada, tens os ténis trocados!" ao que eu, com a resposta pronta na ponta da língua, "não tenho, não!! são mesmo assim oh!..." e rodava os pés para se verem as cores todas  ao mesmo tempo. e foi a minha aventura até os meus pés reclamarem o espaço apertado. mas o que eu gostava daqueles ténis da feira... na google não encontrei nada igual só os coloridos da nike - que eu não sei quem os calçará, talvez o mesmo tipo de pessoa que eu era aos sete ou oito anos de idade... não sei o que é que a minha mãe terá feito, provavelmente, tê-los-á deitado fora. bem, o que é certo, é que eu gostei deles, e muito, e que já não me lembrava deles não fosse o meu namorado me ter feito reparo ao preço que gastei pelos ténis de marca, que estão agora estragados.

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