quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

oh mundo, mundo

eu gostava que o mundo fosse diferente.
eu gostava de ser uma pessoa diferente.
talvez noutro mundo... menos mouro.
eu gostava de ser mais calma. mais paciente. mais confiante. mais assertiva.
meste mundo d'agora é difícil manter o sorriso até quando não é nada connosco por que se passa demasiada coisa à nossa volta que não causa comichão no umbigo mas começa a criar arrepios ao fundo da espinha.
é muita indiferença. é muita maldade. não há segundas oportunidades.
há ingenuidade que se confunde com burrice. e às melhores intenções da senhora do lado alguém lança uma palavra maldosa, um olhar reprovador; instala-se o medo, o desdém ao que era para ser um desabafo.
num mundo melhor o mundo era mais água e menos benção; mais chocolate, mais vinho, mais galhofa que ecoa na gargalhada efusiva de um copo a mais, perdidas as horas desde que nos juntámos.
mas num mundo diferente eu também seria uma pessoa diferente, inevitavelmente.
talvez eu continuasse a não gostar de mim por completo sem com isso pôr em causa o meu amado amor próprio, que tenho sim, essa flor que se sopra ao vento e se pede que em todas as noites os céus brilhem por estrelas cadentes ou fogos de artifício que não sei se beijam a lua ou os meus olhos.
mas enfim, num mundo diferente talvez eu não tivesse o que tenho hoje, consciência. e por isso eu gosto de mim - às vezes ingénua, às vezes burra, às vezes difícil, às vezes bela...

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