sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

estações

MONET - mulher com parasol 1886
percorro um caminho de terra batida entre árvores que deixam cair as folhas porque chegou o outono. o ar respira-se até diferente... 
ao fundo ouve-se uma gargalhada. uma menina de cabelos soltos e encaracolados, tem um laço vermelho no cabelo, as bochechas rosadas; a gargalhada ecoa entre a folhagem seca que levanta à minha passagem, à passagem do vento que começa a levantar-se... o sol ao fim da tarde é tão bonito, tão mais familiar que o do Estio, ainda que, pouca coisa supere um pôr do sol na praia, em maré baixa, quando a imensidão do mar acalma e beija-nos os pés como se fôssemos dignos de ser venerados...
sinto um arrepio... está frio. já é inverno. o sol é dourado mas as noites são mais frias ou então sou só eu que estou sozinha em mim. tão difícil lidar com a ausência do teu riso, tão difícil lidar comigo quando estou contigo esperando a surpresa que nunca chega. 
como uma rosa que perde o seu esplendor numa jarra, aos poucos... e torna-se a natureza morta, como dizem os grandes pintores!
a menina deixou o baloiço, foi para dentro de casa. deixou a boneca para trás.
deixamos tanto para trás por que queremos alcançar tanto num futuro que nunca está presente.
já chove. 
não há nada mais bonito que um céu estrelado em janeiro. as estrelas têm mais brilho ou se calhar são só os meus olhos encharcados... 
estará realmente frio ou será apenas a minha pele seca que reage à lágrima que beija a minha mão como uma benção? 
não tarda a primavera traz consigo a melodia do bater de asas das borboletas e dança das andorinhas...

Sem comentários:

Enviar um comentário