segunda-feira, 22 de outubro de 2018

bronquiolite... outra vez!

"este pequeno está a preparar-se para ficar cá!"

caiu-me o mundo! desta vez, que não ia a contar, hão-de trocar-lhe a medicação, pensava, a mínima janela de oportunidade revelou-se um pórtico que abalou o meu mundo.
o meu bebecas, só este ano, já vai na terceira ou quarta bronquiolite e parece ser um túnel sem retorno nem resolução. é muito assustadora, a realidade de ficar à noite, no hospital, com um bebé, por causa dele e não por nossa, e em boa verdade digo por mais clichê que possa ser, dava tudo para trocar de lugar.

espirrou? não me importava de ficar com gripe!
tossiu? eu podia aguentar uma tosse de enfiada e perder as refeições de três dias.
mal respira? eu sobrevivo!

agora... quando é ele ... e nada deste mundo permite que eu possa substitui-lo é uma sensação de incapacidade, de impotência... monstruosa!! dói muito.

chorei ali, naquele segundo, em reflexo as palavras da médica. não consegui controlar o impacto que aquilo teve em mim. dói de uma violência tal que parecia ter rebentado outra bomba nuclear. a pobre da médica pediu desculpa, não foi intencional. nem me importei com isso. só queria que o meu bebé não passasse por nada disto! eu só queria não estar ali. o que menos me importava naquele momento era a intenção das palavras dela! eu não queria nada daquilo para o meu bebé!
limpei as lágrimas. perguntei se podia ficar com ele e estranhamente consolou-me as palavras da médica-chefe: "- deve!" sorri. um sorriso amarelo e levantei-me. peguei no meu filho ao colo.
fiquei ali. a noite toda ao lado dele num cadeirão com ar confortável para uma leitura extensa de quatrocentas páginas nunca para uma sesta de meia hora que fosse mas que interessava isso agora??

o menino adormeceu perto da meia noite.
há uma fez-se nova aplicação de medicação.
às cinco acordou com fome e reclamou de não ser a quantidade habitual!
adormeceu.
acordou umas três horas depois quase como se nada fosse e aguardamos o dia todo para saber se mudávamos para o internamento, se íamos para casa.
viemos para casa onde o cheiro, as cores, as coisas são nossas. onde há amor, não que haja razão de queixa seja de quem for - médicos, enfermeiras, auxiliares, todos exemplo de humanidade e compaixão no profissionalismo da função que desempenham. o médico perguntou de onde vinhamos e a chefe andou com ele, preso pela t-shirt, nos corredores a incentivar os primeiros passos dele por ele mesmo; a enfermeira brincou com a contagem em cada bomba de ventilan e atrovent, teve palavras doces com o meu menino; a auxiliar brincou com as bolas de natal penduradas do tecto, pegou-lhe ao colo para que ele mesmo tocasse nelas, deu-lhe um carrinho de brincar, fez-lhe uma papa; mas em casa é onde realmente pertencemos.
no entanto, obrigada à(s) equipa(s) do centro hospitalar do oeste das Caldas da Rainha que esteve/estiveram a trabalhar entre o período das dezanove horas do dia vinte de outubro e as dezasseis horas do dia vinte e um. para mim, mãe, significou muito!

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