terça-feira, 18 de maio de 2010

entradas: coentrada de porco assado no espeto

se há entradas deliciosas, e coisa que eu gosto são as entradas, mais do que o prato principal ou até mesmo das sobremesas, são as entradas, sem dúvidas nenhumas!
para quem não sabe faço seviços de catering. este fim-de-semana estive super ocupada: no sábado fui servir no jantar de gala dos finalistas da ESTM; no domingo a uma associação de sócios privados. um grupo bastante simpático, setenta pessoas septagenárias mais ou menos. tudo doutores, reformados, a maioria, bem-dispostos. o almoço: porco no espeto. como já é usual desta ementa, antes de se servir o porco, há as belas das entradas, bem dispostas na mesa, intocadas, a pares com talheres e guardanapos, de maneira que nada lhes falte. uma das minhas preferidas: coentrada da febra do porco. serve-se preferencialmente fria mas eu gosto mais dela quente; os sabores, os tempêros, as cores parecem mas activas, despertam-me melhor os sentidos; assim que posso é dos primeiros pecados a ser cometido. ora venho eu com a travessa na mão para a colocar na mesa quando me vejo parada no meio do caminho porque me chamaram a atenção já nem sei para quê e depois, à minha volta, de polegar e indicador juntos lá iam roubando tirinhas de carne e perguntando que era aquilo até que, houve um senhor, paciente do meu caminho até à mesa, esperou que eu pousasse a travessa para provar dizendo maravilhas da entrada. tirou. provou. gostou. lembrou-se. lembrou-se de perguntar que coisas verdes eram aquelas por cima da carne. ora não se está mesmo a ver que são coentros?! então de onde pensam que surgiu o nome coentrada?! dos coentros, como lógico. claro que eu não disse isto ao senhor, muito educadamente identifiquei-lhe as ervas aromáticas e, muito alarmado, " - coentros?! mas eu não posso comer coentros!!" e depois teve uma idéia brilhante: " - será que me pode ir buscar um bocadinho desta carne sem os coentros?" ao que respondi, pasmada a olhar para aquela figura de polo verde-seco e óculos-escuros-de-sol, à aviador, de bigode farfalhudo, a pele morena e enrugada pelos anos, " - isto é coenntrada senhor, por causa dos coentros..." na esperança que ele percebesse mas ficou apático, sem reacção, a olhar para mim, especado. virou costas, voltou-se para a mesa e eu encolhi os ombros. de repente, do nada, ele saiu a correr dizendo que ia falar com o senhor que estava a assar o porco. quando me viu disse em tom de vitória que o tal senhor, "muito simático, por sinal", lhe arranjava a carne a seu pedido, se eu fazia a gentileza de lá ir buscá-la. expliquei ao senhor que se tratava de um buffet, teria de ser ele próprio a tratar disso. ao que ele nem uma nem duas.
e enquanto o senhor ficou satisfeitíssimo com a sua carne de porco assado no espeto, sem coentros, eu fquei morta de riso, por dentro, daquela situação que não lembra a ninguém.

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