quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

biclas a levantar pó no asfalto

no domingo aconteceu a primeira ciclada dos Trilhos do Mar. julguei que aquilo era uma coisa à séria e nem me atrevi a inscrever. afinal parece que foi 50-50! talvez para a próxima!
mal sabia eu o que a Ticha tinha na manga... quando cheguei ao pé dela estava o seu mais-que-tudo a ajustar as biclas para fazermos um tipo de exercício diferente. o selim teve de ser ajustado três vezes ou à primeira travessia de lama lá ia a Tânia esfoliar e hidratar a fronha!
fomos em direcção à barragem de São Domingos. quantas mais vezes lá vou, mais gosto daquilo!
na outra semana, na caminhada, não vimos patos nenhuns mas desta vez até lhes perdemos a conta! ao contrário do nível da água que mostra, cada vez mais, a quantidade de margem que beija...
primeira travessia de lama... safo!
segunda travessia de lama... aos esses!
terceira travessia de lama... em grande velocidade que ia dando asneira por causa da corrente que saltava assim que deixava de pedalar!
a manhã estava realmente muito agradável, fria, é certo, mas o que o inverno tem de bom é que em pleno meio-dia conseguimos fazer algum exercício físico sem grande esforço por que o sol não é demasiado quente nem forte.
a barragem tem segredos que a vegetação esconde. e desde o primeiro dia que lá fui, que ando doida para ir até a uma casa, do outro lado da margem, denunciada pelas palmeiras carecas e pelos telhados ainda de pé, orgulhosos do ostentacidade que dão a entender!
andámos, andámos, andámos... ou melhor, pedalámos, pedalámos, pedalámos... e acabámos a piquenicar naquela quinta abandonada, dizem que foi desapropriada, por que a água da barragem sobe até ao monte onde a mesma se encontra... mas em relação ao lanchinho tive direito a banana, bolo e iogurte! uma fofa! bem combinado levava-se um termo de café...

respirava-se um pouco de paz ali; o silêncio, que se sentou no pano connosco, foi até benvindo. interrompido, no entanto, pelo genérico da naftalina no youtube!! (assunto a abordar brevemente)
o relógio apontava onze horas avançadas e nós retomámos o caminho.
nós queríamos mesmo era dar com o caminho para a tal casa mas sem termos procurado no google maps primeiro parecia ser, não sei se desafio, se disparate. subimos, virámos à esquerda, voltámos atrás e depois com o vento na cara e muita fé nos travões demos, finalmente, com uns portões e lá em baixo... a casa!
uau!... 
fiquei sem palavras! é uma quinta! e é enorme! e tem uma vista de morrer de amores!
a suposta entrada, com a água nas costas, subimos uns três ou quatro degraus e lá estava ela, resistente! 
um pouco acima da porta estava um buraco, algo foi tirado da parede, talvez um brasão de família...
devido ao abandono em que se encontra as ombreiras estão vazias de portas que se encontram numa ou noutra divisão, essas são largas e pintadas de um verde que já foi mais alegre e o vento percorre janela a janela como mais lhe apetece.
nalgumas divisões o tecto mostra sinais evidentes de querer ceder ao passo que, em pelo menos duas delas, vê-se que pouco tempo antes do abandono, houve uma preocupação de restauro. o chão, de madeira, sofre uma evolução de destruição gradual: numa divisão, talvez tenha sido um quarto, não o há; noutra, alguns calços foram arrancados; noutra o ranger da madeira velha denuncia os maus tratos do tempo e não só.
tem um sótão que denuncia uma vista invejável para a barragem que não nos atrevemos a constatar devido ao mau estado em que o chão se encontrava.
duas adegas enormes onde numa se fez vinho, noutra se guardou máquinas, quem sabe! uma terceira adega, separada da casa tem três ou quatro divisórias. o jardim já foi um encanto. agora... com o tempo, é esperar que a vegetação tome conta da casa que hoje, é apenas um vislumbre daquilo que um dia foi uma casa senhorial.
mais abaixo, agora no território das águas, há uma construção que, pela sua forma, me suscitava uma curiosidade... mais de perto percebi que há-de ter sido uma casa de animais: pombal, coelheira, galinheiro... agora é dos camarões de água doce!
apesar de tudo fiquei agradavelmente surpreendida por entre o lixo vário que ali se encontra nomeadamente garrafas de vinho, cerveja, sapatos que apesar de vários todos sem par... não vi seringas nem preservativos nem pratas nem demais!
tínhamos de voltar! apesar de querermos ficar ali mais um bocado a contemplar a vista e o silêncio...

 

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