sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

à porta, 2019

perdi-me de mim a meio caminho do meu percurso.
sabutei-me.
de cada vez que cheguei a uma encruzilhada o rumo que tomei não foi escolhido por mim. deixei-me levar como se fosse uma folha ao vento quando o que eu queria era ser semente. depois, como se fosse estéril, não me deixei agarrar pela terra molhada e segui levada sem rumo.
sabutei a única pessoa que devia ter salvaguardado: eu mesma. dois mil e dezoito tem sido um ano violentíssimo para mim e nem é bissexto!
vi nascer uma pessoa diferente de mim.
vi nascer alguém de mim.
vi nascer uma mãe em mim.
de repente sinto que envelheci... e nada sei!, perdi o trabalho e descobri o reconhecimento; arranjei outro. conheci novas pessoas que não sei ainda o que elas deixaram em mim, não sei o que deixei nelas também. assumi o que não quero.
aceitei que há coisas que não sei. resolvi tomar um rumo. as consequências vêm do que se sente e eu só quero sentir amor. só quero sentir o calor da minha gargalhada. ouvir o eco da minha voz. receber de volta o meu abraço. retribuir o reflexo que o espelho me oferece. gostar de quem merece.
aguardo que a sabedoria traga com o tempo paciência.
anseio que o medo me abandone de uma vez.
choro as lágrimas que me agoniam ao fundo da garganta contra a almofada, na hora do banho.
os braços estão de mangas arregaçadas, estão de pêlos eriçados, são jovens e são fortes.
a alma quer uma benção de água benta.
os pulmões uma lufada de ar fresco como só aquela sobre as manhãs se sente.
o coração não precisa de companhia mas aprecia.
a mente é uma criança. e está na hora de crescer.
três décadas têm por base o oposto do meu outro lado da moeda... um pouco de lamechice aqui, outro pouco de tolerância acolá... creio eu, que faria de mim uma pessoa melhor... dois mil e dezanove está à porta, ora vamos lá ver se me porto à altura!

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