às vezes é só disso que precisamos: um abraço sentido, um carinho sem demora, uma condução sem condição.
às vezes o mundo precisa de não estar em lado nenhum; ser o mundo amparado, ter palavras bonitas para o mundo e coisas assim... às vezes é tudo o que a alma quer e o corpo não sabe.
ah o corpo esse habitáculo ingrato e mal adaptado!... esqueceu a língua dos antepassados. não escuta. não vê. não sente. não fala.
o mundo liberta gritos mudos que não se ouvem em lugar nenhum nem no mais inóspito nem no mais caótico.
caos.
o mundo tem um estado de caos crónico.
o mundo continua a rodar sobre si mesmo e em vaidade em torno de uma estrela, namorando a sua outra metade, a lua. lua cheia ou nova, meia cheia, meia vazia como aquele copo de vinho tinto, esquecido em cima da bancada.
eu beijar-te-ia a pele, perfumar-te-ia com o aroma das castas mais ricas, marcar-te-ia em tons rouges com um beijo demorado mas ... o que o mundo precisa é do pó da terra. vestir o pó de argila, sentir o calor dos pólenes soltos no ar até, quem sabe, depois da alma lavada na chuva, brincar com os paraquedas dos dentes de leão que trazem no ar segredos e no folículo os beijos dos anjos, aqueles dos caracóis dourados, armados em cupidos, imagina-se!
ah se eu soubesse alguma coisa de música ler-te-ia partituras, cantar-te-ia ao mundo mas nem canto nem encanto que o espelho é impávido à passagem do tempo que passa por nós.
mundo, onde estás tu?
Sem comentários:
Enviar um comentário