apelamos sempre a dias felizes
mas o que desejamos mesmo são as noites memoráveis. tenham elas os motivos que
tenham.
lembro-me até, por uma questão
lógica de luz, que quando namoriscava o J., uma certa noite, na praia, à beira de
receber um beijo dele, vi uma estrela cadente a passar no céu e, com um
gritinho fininho de menina histérica e num espanto nada mais que infantil
interrompi o processo, quase cegando-o com o dedo indicador, apontando o trajecto
da mesma, por exemplo. eu nunca tinha visto uma estrela cadente!
lembro-me também que os melhores
momentos passados em família incluem quase todos o meu primo M., agora senhor
doutor advogado, sejam eles reuniões chatas de família por causa de heranças, fossem
eles em casamentos ou funerais!, aconteceram de noite ou prolongaram-se até lá.
outra memória que se torna intemporal
sem direito a contagem aos anos que já passaram e os que se virão a passar,
espero: a noite da consoada! há lá melhor emoção que a espera entre as 23h55 e
as 24h para correr desenfreadamente até à árvore de natal e abrir os presentes
como se não houvesse amanhã?
também houve uma altura que
esperava, pacientemente, no muro do jardim lá de casa, à espera do padeiro para
comprar duas merendeiras com chouriço para o jantar. uma para mim. outra para a
mãe. e acompanhar com café d’avó! ao calor da lareira e a ver um qualquer
programa de sábado à noite, na SIC.
lógico, que, em vésperas de fazer
os dezoito anos, tornou-se excepcional a chegada das 22h, depois de jantar,
tomar banho, escolher a melhor roupa possível – nunca nenhuma servia e ainda
hoje é quase sempre assim - e sair a correr, antes que o meu pai mudasse de
ideias. ir buscar a prima e seguir caminho para ir ter com o pessoal. (vou
ficar por aqui, pensem o que quiserem)
é claro que há dias felizes. e começam
geralmente com o nascer do sol, não que tenha visto muitos. francamente, preferia
muito mais acordar antes de ele se levantar, que esperar para me deitar em
seguida. quer dizer… ainda vi alguns, tendo em conta que saía muito cedo de
casa, percorria dois quilómetros até à paragem de autocarro para ir para a
escola. eram momentos especiais não só porque o ar que se respira na alvorada é bem diferente do do resto do dia como a própria luz tem outro
encanto! além de observar um qualquer planeta que nunca soube distinguir mas que decerto seria Marte ou Vénus ou Júpiter ou Mercúrio ou... em despedida prolongada com a lua…
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