![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBhvsAy2juvB0DXD9LUaVM-NrEfZOyYZYWQ3khfIyb9MIw3RNmE8sJCDpyjvPp33G-hAzH87RZcyLx-1hrRzHFiXjNlvEFSIeeIlt-OIv28Ve3R7eemuIR7YswMncwmdRlm5sxb3ElINs/s320/mafalda-tedio2.jpg)
pois é... passamos a infância a resmungar com os bonecos por que é que não podemos fazer o que nos dá na real gana, por que é que levamos sermões a torto e a direito; depois chegamos à adolescência e aprendemos a bater com as portas, a responder mal ao telemóvel, a bater com ele em tudo quanto é canto para descarregar as energias negativas e a contrapôr tudo e mais alguma coisa - por que é que isto, por que é que aquilo... dezoito anos!!! ah que alegria! antes fosse... sempre ouvi dizer "ah e tal até aos dezoito anos é uma eternidade, depois dos dezoito... puf! quando deres por ti tens trinta!" e é com grande tristeza que já constacto os meus pés de pintainho - dizem que é de tanto rir, que de tanto que me rio vou ganhar "rugas de expressão", como lhe chamam, com muita facilidade e sem demoras - e que o tempo é efémero! (e ainda só passaram três e eu nem dei pela sua passagem). mas e se fosse só isso... depois dos dezoito, isto para quem sai da escola e começa a trabalhar, para quem segue a faculdade aé aos vinte e seis anos ou mais é que sabem o que é ter dezoito anos e, e, e.... percebemos que os sermões a torto e a direito tinham a sua razão de ser, que já podemos fazer tudo quanto nos der na real gana mas! (há sempre um mas) mas o preço dos gelados, dos chupas, dos chocolates, da saia, da t-shirt ou das calças já sai do teu bolso logo continuas sem puder fazer tudo quanto te der na real gana porque há obrigações. isto, muito a nível pessoal, sinto uma antipatia enoooorme por esta coisa das obrigações é que, quer queiramos, quer não, passamos a vida a cruzar com elas parece aqueles outros, nos super-mercados, do banco Barclays que quando menos esperamos lá estão eles de volta de nós com panfletos e TAEG's de não sei quê, mais juros, mais bonificações - tudo em linguagens muito aquém do nosso português - e nós dizendo "não, muito obrigada" entre sorrisos forçados a simpatia e eles insistem e quando paramos, os olhamos bem de frentee abrimos os olhos e a boca para os mandar lá para o outro lado então fazem de conta que nem nos viram, infelizmente não dá para fazer isso com as obrigações. batem pé e daqui não saiem. são bem piores que as partículas de pó animadas nos anúncios televisivos a favor de um qualquer produto novo-maravilha.
isto tudo por que não fui pedida em casamento! não, não fui nem serei, possivelmente. mas entre linhas lá vamos dizendo frases de amor eternas, e lançando os nosso votos, nas situações mais banais para evitar cores ruges e gaguejos, o caos, a bem dizer. há meses que andamos a ver móveis de sala, sofás, mesa e respectivas cadeiras, e... a minha verdadeira adoração: aparadores! está tudo tão caro e as despesas são tantas e tão certas... o dinheiro não chega para tantas poupanças. vimos uma promoção de um móvel tal e qual como o João quer: sem ser agarrado à parede, com vidros, espaço bom para o LCD, que isto agora já nem as televisões-caixote se vêm à venda, equilibrado em estantes (para os meus livros) e na cor que mais gosto: wengué, bem abaixo dos mil euros como é já o nosso hábito ver. perdemos a cabeça. vamos ficar com o móvel. e só não ficamos com o sofá de canto que estava na mesma divisão por causa de uns miseráveis setenta centímetros entre ambos... a sala não é tão grande quanto esperávamos, de modo que vamos ter de optar por outro sofá... talvez o chaise da mesma linha... amanhã vou lá voltar para fazer o negócio com a senhora que tem um nome estranho - Mária - ao início ainda pensei que tivesse sido engano de quem tivesse escritona chapinha que a senhiora tinha agarrado à sweat mas não, ela mencionou-o em voz alta, de modo que me resignei ao meu pré-conceito. confesso que estou felicíssima da vida mas ao mesmo tempo estou assustada. nunca morei com nenhum namorado, e a ver se é o primeiro e único, não sei ao certo como é a vida-a-dois... tenho a noção prática das cartas da EDP, do condomínio, da água, do gás na caixinha do correio todos os meses e do dinheiro seguir direitinho às suas moradas respectivas mas os pormenores exactos de certas coisas é que me assusta: o ter a casa em ordem todos os dias, almoço e jantar a horas e almoço para ele levar para o trabalho, roupa a lavar, roupa a passar a ferro... eu não sou a típica dona de casa como certas amigas minhas dos tempos de escola que aos quinze, dezasseis anos o ideal de vida delas era e é ainda hoje, algumas já se realizaram assim mesmo: a casinha delas, o marido/namorado a dormir com elas todas as noites, os filhos... eu não tenho nada contra e até acho isso tudo muito bonito mas eu sou mais dada à vida, ao trabalho, a viver! acho que assim, como elas, não me sentirei realizada de todo. mas eu amo-o e a verdade é que me sinto à-vontade com a ideia de partilhar cada minuto da minha vida com ele, aturar-lhe as manias e mostrar as minhas também e, desde que seja iniciativa minha, também sou muito dedicada. vamos ver como corre. uma coisa é certa e sempre o soube desde o início: além de valer a pena pelo sentimento que é, será uma aventura todos os dias! e é disso mesmo que eu gosto - de aventuras que me façam vibrar o sangue!!